pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Camilo Santana é a aposta do PSB para as eleições presidenciais de 2022
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segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Editorial: Camilo Santana é a aposta do PSB para as eleições presidenciais de 2022



Um grande jornal paulista, ainda no dia de hoje, publicou um editorial acerca de um possível sectarismo do Partido dos Trabalhadores, numa referência às articulações em torno da Presidência da Câmara dos Deputados. Ora, esse termo, "sectarismo", era muito usado na década de 80 do século passado, quando se tentava caracterizar aquela agremiação política singular, surgida nas lutas sindicais e sociais, formada por lideranças do Novo Sindicalismo, setores que haviam pego em armas contra a Ditadura Militar, intelectuais de classe média, segmentos progressistas da Igreja Católica. Com o crescente processo de inserção daquele grêmio partidário nas regras do jogo da democracia representativa burguesa, gradativamente, o PT institucionalizou-se, celebrando alianças com grupos conservadores e acordos com o capital, perdendo, naturalmente, as características identitárias que marcaram o sua origem, entre elas o sectarismo. Não acredito que este seja hoje um termo dos mais felizes para ser impingido àquela agremiação política. 

O que percebemos como muito nítido, hoje, é a confirmação da tese do sociólogo alemão, Robert Michels, sobre o processo inevitável de oligarquização das origanizações sindicais e partidárias. No atual estágio, o partido possui suas tendências hegemônicas, capitaneadas por seus caciques, que, praticamente, controlam os órgãos deliberativos da legenda em cada estado da federação, mesmo enfrentando uma forte resistência dos setores mais jovens, orgânicos ou "radicais". Como dizia o cientista político italiano, Angelo Panebianco - numa referência às mudanças institucionais - por mais que uma instituição política mude ao longo de sua história, sempre haverá uma influência das cartas jogadas no início de sua formação. Haverá sempre esses grupos mais autênticos na agremiação, embora em situação de subalternização em relação aos chamados oligarcas. Aqui na província pernambucana, por exemplo, são esses grupos mais orgânicos e autênticos que exigem que o partido entregue os cargos no Governo Paulo Câmara(PSB) e volte a ser oposição. Principalmente depois do desgaste produzido pelas últimas eleições municipais. 

Não conheço em profundidade a realidade de outras praças, mas não seria improvável um diagnóstico de que a mesma situação ocorre, por exemplo, com o PT de Fortaleza, no Ceará. Ali, nas últmas eleições municipais, travou-se uma luta renhida entre as forças de oposição e setores conservadores, que perfilaram em apoio ao nome do capitão Wagner(Pros). O governador do PT, Camilo Santana, coerentemente, apoiou o nome indicado pelo PDT, Sarto Nogueira, que, no final, acabou vencendo aquelas eleições. Numa atitude, neste caso pouco compreensível, setores da agremiação decidiram que iriam fazer oposição ao futuro prefeito, algo que desgostou bastante o atual governador, Camilo Santana. Os rumores dão conta de que ele estaria de malas prontas para ingressar no Partido Socialista Brasileiro, numa articulação onde estaria em jogo as eleições presidenciais de 2022. Um dos artífices dessas articulações seria o governador de Pernambuco, Paulo Câmara(PSB), que, pelo visto, parece ter tomado gosto pela política depois do segundo mandato. Paulo Câmara foi um técnico alçado à condição de político pelo ex-governador Eduardo Campos. Além das articulações nacionais, prepara o terreno para fazer seu sucessor no Estado, nas eleições do próximo ano.  

O governador do Maranhão, Flávio Dino(PCdoB) também integraria essa composição. Isso talvez explique o acordo de cavalheiros com o PT local, que deve manter seus representantes no Governo do Estado, mesmo com forte resistência de integrantes e parlamentares da legenda, que já assumiram que farão oposição aos governos municipal e estadual dos socialistas. É preciso maiores informações para se tirar alguma conclusão mais específica sobre esse arranjo político, costurado com muito zelo pelas duas legendas. Como disse ontem no editorial, a plutocracia paulista petista, há muito tempo, faz uma dobradinha entre Lula e Fernando Haddad, ambos com juras de amor eterno. Uma relação de lealdade absoluta, o que é raro em política. Se Lula torna-se inviável por algum motivo, o bastão da disputa é entreque ao professor. Como já afirmamos antes, o PT tem capital político para levar uma eleição presidencial para o segundo turno - o que é importante - mas  torna-se alvo fácil para os adversários no segundo turno, em razão do desgaste proporcionado no imaginário social em razão da campanha sistemática de destruição de reputação. 

Principalmente aqui na região Nordeste, várias lideranças políticas do partido tem se projetado nacionalmente nas últimas décadas, como é o caso de Jacques Wagner e, naturalmente, Camilo Santana. Infelizmente, esse processo de oligarquização que passa a agremiação tem impedido que essas lideranças sejam testadas nacionalmente. São nomes menos desgastados, promissores, gestores bem-avaliados, que poderiam dar uma efetiva contribuição não apenas para oxigenar seus quadros, mas disputar em melhores condições as eleições. Antes, pesava bastante o argumentos dos grandes colégios eleitoriais, mas, sinceramente, não sei se hoje, este argumento seria assim determinante. Haddad é um dos "menudos de Lula", um conjunto de nomes forjados na luta política pele ex-presidente, depois da inviabilidade política de antigos companheiros, como José Dirceu, por exemplo. Talvez seja o momento de o PT pensar noutras alternativas e fechar seus flancos contra as investidas de outros partidos, mantendo nos seus quadros alguém com o perfil do governador Camilo Santana.  

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