Muito bem-vinda a iniciativa do TCE no sentido de solicitar à Prefeitura da Cidade do Recife informações sobre o estoque de oxigênio disponível, depois dos incidentes verificados em Manaus. Mesmo diante das providências emergenciais tomadas - que contou com o apoio fundamental de países como a Venezuela - o quadro ainda é muito complicado, com filas enormes de pessoas à procura de abstecer cilindros de oxigênio, algumas delas, possivelmente, como medida preventiva por terem entrado em pânico. Em casos de internamento por Covid-19, além da papeleta, os parentes levam um cilindro para atender às necessidades dos seus familiares. O pior, no caso de Manaus, é que as autoridades públicas sabiam das dificuldades com os estoques e não tomaram providências para evitar aqueles fatos desumanos, de pessoas morrendo pela falta de oxigênio. Situação mais grave é saber que os fatos que estão ocorrendo em Manaus possam se estender para outras capitais da região Norte, principalmente em razão do agravamento dos casos registrados de contágio pelo coronavírus.
Salvo melhor juízo, o TCE também estaria exigindo apuração e explicações das autoridades públicas no que concerne ao vandalismo e roubo de peças de autoria do artista plástico Francisco Brennand, expostas no Parque das Esculturas, no Recife antigo. Bom que seja assim, porque, a rigor, a única providência pensada até o momento é torrar mais seis milhões de reais para recuperar o Parque, depois das portas arrombadas, algo que poderia ter sido evitado pelo poder público. Os órgaos de fiscalização e controle exercem um papel fundamental numa democracia, ao acompanhar, com o rigor necessário, a aplicação correta dos recursos públicos. Infelizmente, como estamos no Brasil, o componente político acaba atrapalhando bastante esse trabalho, uma vez que aquela independência desejável raramente é alcançada. Trata-se de um problema cultural, de baixa institucionalização desses órgãos. Aqui faço uma análise genérica, não me referindo a este ou aquele órgão especificamente.
Muito importante que a população recifense seja informada sobre os estoques de oxigênio disponíveis e, mais ainda, sobre algum plano de contingenciamento, em caso de agravamento dos problemas relativos ao coronavírus. Como informamos no editorial do último domingo, especialistas como o médico Miguel Nicolelis já recomenda um lockdown para a região metropolitana do Recife. Hoje, Governo do Estado resolveu apertar o torniquete, proibindo eventos públicos e privados. Esta medida soma-se às restrições impostas ao uso de espaços públicos como as praias, onde ficam vetados o som e as aglomerações. Pensa-se em ampliar essas restrições aos parques públicos. Convém sempre lembrar que um lockdown chegou a ser decretado em Manaus, mas o governador voltou atrás diante das pressões dos insanos, através das redes sociais. Deu no que deu.
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