pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Bolsonaro procura um vice terrivelmente evangélico
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segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Editorial: Bolsonaro procura um vice terrivelmente evangélico


Hoje, no Brasil, o eleitorado evangélico - principalmente o formado pelas congregações  pentecostais e neopentecostais - podem fazer uma diferença significativa numa eleição presidencial. Segundo estimativas, eles representam 20% do eleitorado e costumam votar "fechado", conforme a orientação dos seus pastores. Essas congregações estão organizadas em partidos, bancadas e com um projeto claro de poder. Uma das suas últimas conquistas foi a indicação do nome do ex-Ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, para o Supremo Tribunal Federal, um ministro, segundo eles mesmo definem, "terrivelmente evangélico". Na cerimônia daquela corte de justiça, por ocasião de sua posse, Mendonça, em seu discurso, fez questão de deixar claro sua origem evangélica. 

O candidato do Podemos à Presidência da República, o ex-juiz Sérgio Moro, que tem sua origem política no bolsonarismo, prospecta uma maneira de como atingir esse eleitorado de forma bastante profissional, com interlocutores confiáveis, defesa de teses simpáticas a esses grupos - como a contraposição à liberação do aborto - e coisas assim. Ele sabe que, se conqusitar parte desse eleitorado, consolida-se como opção da terceira via. Lula, que no passado, conseguiu fechar acordos com líderes dessas congregações, hoje lamenta profundamento que, ao longo dos anos, o PT tenha perdido essa interlocução. Sérgio Moro já teria agendado um encontro com o pastor R.R.Soares. 

Algo bastante controverso em relação a esses grupos neopentecostais é que, em sendo cristãos, eles acabem enveredeando em defesa de plataformas incongruentes com os seus princípios, como o flerte com o fascismo, por exemplo. Talvez a luta pelo poder esteja turvando a fé cristã dessa gente. Este é um fenômeno, aliás, que não se limita ao Brasil, mas estende-se pela América Latina. Na Bolívia deu-se um golpe de Estado com a Bíblia na mão, o que resultou, logo em seguida, numa caça às bruxas dirigidas contra as etnias tradicionais daquele país,como os indígenas. O Estado precisa ser laico e republicano. Nunca confessional. Não pode seguir orientação religiosa "A" ou "B". Na década de 40 do século passado, quando setores hegemônicos da Igreja Católica apoiaram a ditadura do Estado Novo, ocorreu uma grande perseguição aos evangélicos e às religiões de matriz africana. Fica a lição histórica, de preferência para que não se repita. 

Trata-se de um poço de contradições perigosas em jogo, mas, infelizmente, este é o estágio em que o país se encontra. Estamos vivendo momentos de discórdias, agressões e ausências de consensos, o que, aliás, igualmente, vai de encontro à doutrina cristã.Preocupado ou não com essas questões, o fato concreto é que, segundo se informa, o presidente Jair Bolsonaro(PL) procura um vice terrivelmente evangélico, como uma forma de superar as primeiras dificuldades com a campanha e chegar ao segundo turno das eleições presidenciais de 2022. Seus principais interlocutores seriam, claro, pela ordem, o pastor Silas Malafaia e o bispo Edir Macedo. O nome escolhindo, certamente, deverá agregar densidade eleitoral à chapa.  

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