pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: Lula na frente, mas preocupado.
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quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Editorial: Lula na frente, mas preocupado.

 


Não faz muito tempo, um cientista político aqui da província minimizou a importância das pesquisas de intenção de voto. Afirmamos, à época, tratar-se de um equívoco do ilustre cientista político, pois, embora essas pesquisas retratem momentos específicos da condição dos candidatos - neste caso a mais de um ano da data das eleições - por outro lado, há, nesta série histórica de pesquisas realizadas pelos mais distintos institutos, alguns indicadores importantes, passíveis de extrairmos algumas conclusões. A última delas, realizada pelo Instituto IPEC - que seria o substituto do IBOPE - por exemplo, é bastante emblemática. Ela sugere que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, poderia liquidar a fatura das próximas eleições presidenciais ainda no primeiro turno, pois ele abre 27 pontos de diferença em relação ao seu principal oponente, o presidente Jair Bolsonaro(PL-DF).

Indica, também, que o chamado eleitorado Nem Nem permanece Nem Nem, ainda bastante reticente em relação às opções que se apresentaram para disputar aqueles votos. Nem mesmo o ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro(Podemos)consegue aparecer bem neste último levantamento, cravando 8%, embora se consideramos a margem de erro para cima, ele permanece com seus 11% dos últimos levantamentos - portanto com dois dígito, o que o coloca na melhor posição entre os postulantes da terceira via -, mas ainda muito distante de ameaçar os dois candidatos que estão à frente da disputa. Aqui é que a porca torce o rabo, pois, com Lula disparado na frente, todos os demais postulantes teriam que rever as suas estratégias, principalmente o pelotão da terceira via, ainda muito embolado. 

Alguns deles sequer pontuam nesta última pesquisa, aparecendo com aquele famoso tracinho. Ciro Gomes(PDT-CE), como se não fossem suficientes os problemas que já enfrenta com as pesquisas, agora se ver às voltas com uma operação da Polícia Federal, que levanta eventuais suspeitas nas obras de requalificação do estádio Arena Castelão. O candidato lançou uma nota oficial, tecendo duras críticas a esta operação e acusando o governo de implantar uma espécie de Estado policial no país. Precipitado fazer algum julgamento antes que os fatos sejam devidamente esclarecidos, dentro do devido processo legal.  

Como temos comentando por aqui, a nossa frágil experiência democrática passa por um momento delicado, principalmente depois dos episódios de 2016. Na realidade, de acordo com os organismos que medem a saúde das democracias no mundo, o Brasil viveu bons momentos até 2015. A partir daí começaram os assédios sistemáticos às nossas instituições da democracia. Nós, que já convivemos com algumas patologias autoritárias crônicas, tivemos novos complicadores. Até pilares basilares, como o sistema de freios, pesos e contrapesos exercido pelos três poderes, esteve comprometido.

Mas, afinal, com o que estaria preocupado um candidato que aparece tão bem nas pesquisas de intenção de voto, a exemplo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP)? Quando as coisas iam bem para o candidato Jair Bolsonaro(PL-DF), seus seguidores diziam sempre que o melhor candidato a ser derrotado seria o ex-presidente, uma vez que aguçaria a rivalidade e a polarização, com uma capacidade enorme mobilizar a militância. Hoje, os estrategistas de campanha de Lula estabelecem o mesmo raciocínio. Um derretemente muito rápido de Jair Bolsonaro pode criar uma situação nova, como o surgimento de um novo nome neste cenário, o que implicaria, no mínimo, em mudanças de estratégia.    

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