A cidade de Jaboatão dos Guararapres merece ser muito bem estudada quando o assunto é educação pública. Há alguns anos atrás, visitamos aquela cidade,na condição de professor, acompanhado por nossos alunos e alunas, para conhecer alguns projetos inovadores ali desenvolvidos, que ganhara destaque nos livros adotados por nossas disciplinas, o que despertou grande interesse na turma, que havia debatido esses projetos em sala de aula. Seria uma oportunidade única de conhecer de perto tais experiências, dirimindo dúvidas e consolidando conhecimentos.
Com o mesmo propósito, fomos até a cidade de Icapuí, no Ceará, então administrada por um padre, que nos recebeu com muito carinho, com uma presteza incomum. Mas, deixemos para falar da experiência de Icapuí numa outra oportunidade. O que mais nos chamou a atenção nesses projetos inovadores de educação no município de Jaboatão dos Guararapes foi sua inspiração, concebida em bases teóricas que os aproximava de uma Pedagogia Socialista, ao estilo, pasmém, do modelo de educação cubano, quando a administração do município estava à cargo do prefeito Geraldo Mello, militante do antigo PMDB, que, de comunista, não tinha muita coisa.
Peço aos diletos leitores e leitoras para tomarem alguns cuidados com a expressão "comunista", usada por este editor, uma vez que o termo passa por um processo de "vulgarização' e, pior, "criminalização". Há bem pouco tempo comentamos por aqui - diante do descaso com a educação pública de alguns dos nossos gestores - que as verbas destinadas a este setor estariam sendo sistematicamente desviadas para fins nada republicanos - de acordo com as suspeitas da Polícia Federal, da Controladoria Geral da União e do Ministério Público. Possivelmente, um pensador e estadista da educação pública, como Anísio Teixeira, no ano de seu centenário de nascimento, ficaria estarrecido com esses fatos, diante do propósito de sua vida, de tornar a educação pública universal, de qualidade para todos e destinada a consolidar a democracia no país.
Mas, há também motivos para deixá-lo feliz neste ano do seu centenário. A educação pública do município de Jaboatão dos Guararapes recebeu a segunda premiação da ONU, em razão dos bons projetos ali desenvolvidos, com o objetivo de atender às demandas de alunos e alunas empobrecidos. Jaboatão foi o único município contemplado em todo o continente da América do Sul. Em 2017 o município começou a desenvolver um programa, junto às escolas públicas que abrigam os alunos mais fragilizados, com o propósito de torná-los competitivos para disputarem as concorridas vagas das escolas técnicas federais e estaduais. Resultado: 86% desses alunos foram aprovados no certame, o que se constitui, sem dúvida, um grande êxito, coroando os esforços dos professores, de outros agentes públicos envolvidos e da administração pública, hoje exercida pelo prefeito Anderson Ferreira(PL-PE).
Como se diz por aqui, todas as pontas do novelo foram devidamente encontradas, ou seja, sempre que um problema surgia - como no caso da Pandemia da Covid-19 - as soluções apareciam, sem que os objetivos deixassem de ser cumpridos. As aulas começaram nos sábados, depois passaram a ser regulares, através, inclusive, de grupos de whatsapp. Os graves problemas de exclusão digital - que penaliza muito mais os alunos carentes - também foram contornados pelo poder público, como disse, evitando que alguma ponta do novelo ficasse à deriva. O resultado aí está.
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