pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : junho 2024
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sexta-feira, 28 de junho de 2024

O xadrez político das eleições municipais do Recife em 2024: Ainda a novela da indicação da vice na chapa de João Campos.


Sugere-se que o PT tenha, finalmente, desistido de indicar um nome para concorrer à vice na chapa de Eduardo Paes (PSD-RJ), que concorre à reeleição para a Prefeitura do Rio de Janeiro. Nem mesmo uma ação conjunta de partidos mais à esquerda do espectro político, como o PCdoB e o  PV, que também integram a federação, sugerindo que Paes teria a opção de indicar um nome representante de um desses grêmios partidários, surtiu algum efeito numa decisão já tomada pelo prefeito há algum tempo, baseada em projeções sobre o seu futuro político, que pode incluir uma eventual candidatura ao Governo do Estado, nas eleições de 2026. 

Aliás, como já discutimos em nosso perfil Privacy, que pode ser acessado por aqui, Eduardo Paes tem protagonizado um padrão de alianças curiosas. Na última delas, ao atrair o apoio de um Deputado Estadual para a sua campanha, ficou acordado com o cidadão que Paes não faria críticas a Jair Bolsonaro, tampouco indicaria um nome do PT para compor a sua chapa, na condição de vice. No Rio, é dado como certo que o prefeito indicará um nome de sua mais estrita confiança, oriundo dos quadros da própria legenda do PSD, ou seja, uma chapa puro-sangue. 

Aqui em Pernambuco, como até o núcleo duro do PT anda de sinais trocados, o presidente Lula já teria admitido que acompanhará o projeto de João Campos como candidato à reeleição independentemente de o PT indicar o nome que concorrerá a vice em sua chapa. Pois bem. No dia de ontem, 27, um dos postulantes a esta indicação, o Deputado Federal Carlos Vera, em nota, abdicou de uma eventual indicação da legenda, abrindo mão para o ex-vereador e atual Assessor Especial da Presidência da República, o médico Mozar Salles, que conta com o apoio da Presidente Nacional da legenda, a Deputada Federal Gleisi Hoffmann, do poderoso Grupo da Educação - tratamos desse grupo "eclético" em nosso perfil da Privacy - e do senador Humberto Costa, que dirige o Grupo de Trabalho Eleitoral da legenda.  

São gestões que, assim como ocorreu no Rio de Janeiro, em nada irá alterar esse quadro, uma vez que fica bastante evidente que o prefeito não deseja entregar as chaves do Palácio Capibaribe a um membro da legenda.  Numa declaração recente, o senador Humberto Costa chegou a sugerir que o prefeito não teria o que temer ao entregar a prefeitura à legenda, numa eventual desincompatibilização, depois de dois anos, se vier a entrar na disputa pelo Governo do Estado. Será? No nosso perfil da Privacy discutimos as motivações do prefeito. Assine e acesse o link por aqui.   

Editorial: A "engenharia eleitoral" do pleito paulista calculada pelo staff de Ricardo Nunes.



As movimentações políticas em São Paulo começam a entrar numa fase bastante interessante, sobretudo depois da mexida no caldeirão eleitoral provocado pela ascendência da candidatura do apresentar José Luiz Datena(PSDB-SP), que pontuou com 17% das intenções de voto na última pesquisa realizada pelo Instituto Quaest\Genial, entrando para o pelotão de frente, entre os principais competidores. Mesmo que ainda se trabalhe com as inevitáveis margens de erro dos institutos, sugere-se, neste momento, considerando-se a série de pesquisas realizadas, uma tendência de liderança na disputa do candidato do MDB, Ricardo Nunes. 

Ontem foi divulgada uma pesquisa, igualmente realizada pelo Quaest\Genial, sobre a tendência ou não de o leitor paulistano votar num candidato se indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Deu empate técnico rigoroso: 20% a 19%. 60% do eleitorado afirma que não seguiram tais recomendações de voto, o que se traduz num percentual bastante expressivo de eleitores menos infensos às recomendações dos caciques eleitorais, mesmo numa eleição bastante polarizada. 

Diante do cenário de ascendência de Datena e a entrada do coach Pablo Marçal no jogo, o staff de campanha de Ricardo Nunes projeta alguns cálculos políticos sobre aquela disputa. Há um consenso de que a eleição seria decidida num segundo turno. Caso isso ocorra, com Nunes, obviamente liderando o pelotão, a tendência seria José Luiz Datena e Pablo Marçal apoiarem o nome de Nunes. Sem o apoio de Bolsonaro, mesmo com grande capilaridade nas redes sociais, o coach, em princípio, não seria uma grande ameaça. 

Boulos é um dos postulantes mais rejeitados pelo eleitorado, segundo apontam as pesquisas, e tal rejeição ocorre, curiosamente, entre eleitores de baixa renda, da periferia, o que talvez sugira conceber que a entrada de Marta Suplicy não o ajudou na tarefa de penetrar em tais redutos, conforme poderia ser o raciocínio do morubixaba petista, Luiz Inácio Lula da Silva, que moveu moinhos para indicá-la ao cargo, retirando-a da equipe de Ricardo Nunes, trazendo-a de volta ao PT.  

Já tratamos dessa questão por aqui, considerando, inclusive, os eventuais erros cometidos por Lula ao impor o nome de Marta como vice de Boulos. Sobre os cálculos políticos do staff de Nunes, convém guardar uma certa prudência, afinal, sobretudo numa eleição, não se combina com os adversários, conforme advertia o craque Garrincha. Essa e outras questões envolvendo essa disputa estão sendo aprofundadas em nosso perfil na rede Privacy, que o leitor pode assinar pelo link. Ali poderemos trocar algumas ideais sobre aquele pleito. 

Charge! Jaguar via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 27 de junho de 2024

Charge! Aroeira via Facebook!

 


Editorial: Corrida eleitoral "embolada" em São Paulo. Datena entra no pelotão da frente.



A pesquisa do Instituto Quaest\Genial, divulgada no dia de hoje, traz um novo cenário sobre a disputa eleitoral em São Paulo. O candidato tucano, José Luiz Datena comemora o fato de ter entrado para o pelotão da frente, antes hegemonizado pelos candidatos Ricardo Nunes, do MDB, e Guilherme Boulos, do PSOL. A pesquisa foi realizada entre os dias 22 e 25 de junho, apontando um crescimento expressivo do tucano, que, na última pesquisa, realizado pelo Paraná Pesquisas, cravava um escore de 8% das intenções de voto. 

Agora ele aparece com 17% das intenções de voto, o que o coloca tecnicamente empatado com Ricardo Nunes e Guilherme Boulos. Ricardo Nunes, do MDB, que concorre à reeleição, aparece com 22% das intenções de voto, enquanto o psolista crava 21% das intenções. A expectativa era a de saber qual o fôlego ou o real potencial de voto do coach Pablo Marçal, que, nas primeiras pesquisas apareceu muito bem, chegando a cravar um pouco mais de 10% na última delas, a do Paraná Pesquisas

Na pesquisa do Quaest\Genial, ele repete a performance, sugerindo, talvez, um teto? Será? Pelo histórico de desistências, segundo comenta-se nas coxias, o tucanato já teria um nome na agulha para substituir o apresentador, caso ele desista mais uma vez. Quem de fato, parece está encolhendo é a candidata socialista Tabata Amaral, que agora aparece com apenas 6% das intenções de voto. Tendo como padrinho o Ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, sugeria-se, no início, que ele pudesse canalizar o voto tucano para a socialista. Pelo andar da carruagem política, isso talvez não esteja ocorrendo. Para uma análise mais efetiva dessa e outras pesquisas da corrida eleitoral de 2024, o leitor, as assessorias dos candidatos podem obter mais informações pelo nosso link. Assine, acompanhe, deixe as suas considerações.  

Editorial: As Forças Armadas Bolivianas tem "cojones." ?



Uma pesquisa realizada pelo Instituto Atlas\Intel constatou que um terço dos brasileiros são favoráveis a um Estado de Exceção. Precisamente 36,3% da população, daí se entender que os dois terços restantes, 63% por cento manifestaram o desejo de que não houvessem manifestações comemorativas ao aniversário de 60 anos do golpe Civil-Militar de 1964, completados no último dia 31 de março. O Governo Lula, inclusive, proibiu manifestações de protestos, criando uma área de atrito com segmentos sociais que sempre estiveram, historicamente, em sua base de apoio orgânico. 

36,3% ainda é um número bastante expressivo, motivo suficiente para se manter uma atenção redobrada, sobretudo num país com as nossas características, onde a cultura autoritária foi forjada durante séculos. Exceções aqui, na realidade, são períodos longos de efetivo exercício e funcionamento das instituições democráticas. Aventuras golpistas por aqui são demasiadamente recorrentes. Adam Przeworski, cientista político polonês, salvo melhor juízo, especula sobre cinco mandados consecutivos de com eleições limpas, regulares, respeitadas, para uma democracia emitir indícios de consolidação. 

Trata-se de uma das variáveis que ele utiliza com sinais vitais para mensurar a saúde de um regime democrático. Observem que, em nossa história democrática, a cada  quatro mandatos consecutivos, sempre há um solavanco de natureza golpista. Dois mandatos de FHC, dos Mandatos de Lula e vocês se recordam sobre  o que ocorreu depois. Na última legislatura foram eleito para o parlamento uma série de representantes que não têm grandes compromissos com as nossas instituições democráticas. 

Um deles, recentemente, andou criticando as Forças Armadas do Brasil e elogiando as Forças Armadas da Bolívia, que teria, segundo ele, diferentemente da nossa, 'cojones". Deixou isso registrado em seu perfil da rede "X", o que está provocando grandes manifestações de internautas. Sugere-se que haveria até mesmo um pedido de cassação do seu mandato. Pode isso, Arnaldo? Sobretudo partindo-se de um cidadão investido de uma responsabilidade parlamentar? Uma discussão mais aprofundada sobre esses temas de conjuntura política nacional, assim como as nossas instituições democráticas, as próximas eleições municipais em Pernambuco e outras praças do país, o leitor e assessores parlamentares poderão encontrar assinando nosso perfil da plataforma de conteúdos Privacy pelo link.  

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


Editorial: Tentativa de golpe é frustrada na Bolívia. Ficam as lições.



Ainda não nos aprofundamos sobre a engrenagem mais amplas ou os "incentivos de fora" que moeram mais uma tentativa de golpe de Estado na Bolívia. Os ingredientes internos são conhecidos, e igualmente preocupantes, pois, até recentemente, o país atravessou uma dessas ondas autoritárias, com reflexos nefastas para o país, como a perseguição explícitas à minorias étnicas, destruição de bibliotecas e outras aberrações do gênero, típicas dos ingredientes que alimentam hoje esses novos golpes de Estado encetados no continente, que, quase sempre, agregam alguns componentes de natureza fascista.  

No Brasil, em nome dos interesses republicanos, democráticos, o mais prudente seria uma despolitização ampla, geral e irrestrita das Forças Armadas. Mesmo com os danos institucionais da experiência anterior do Governo de Jair Bolsonaro, que resultou, entre outras mazelas, no 08 de janeiro, o Governo do PT parece que não dimensionou corretamente o problema. No caso da Bolívia, o general golpista, José Juan Zúñiga era o comandante do Exército, que havia sido indicado pelo presidente Luís Arce. 

Afastado do cargo por declarações contra Evo Morales, resolveu golpear as instituições democráticas do país. Felizmente, com o apoio da população, o golpe foi abortado e o general encontra-se detido. Ficam as lições para o Brasil, onde tal possibilidade, infelizmente, sempre esteve no escopo das opções de alguns atores.  

Editorial: GTE indica Luciano Cartaxo como pré-candidato a prefeito de João Pessoa.



O PT anda um pouco perdido. Nem mesmo os militantes conseguem mais alguma interlocução com os dirigentes da legenda. Por birra de um dos postulantes, a burocracia do partido aquiesceu e resolveu que não haveria a prévia que antes estava prevista para a decisão soberana sobre quem seria o pré-candidato da legenda à Prefeitura de João Pessoa nas próximas eleições municipais. Assim, como já seria esperado, o GTE - Grupo de Trabalho Eleitoral - no dia de ontem, 26, acabou batendo o martelo em favor da candidatura do deputado estadual Luciano Cartaxo, que já foi prefeito do município por dois mandatos. 

Nenhuma surpresa por aqui, uma vez que todas as tessituras e costuras políticas das instâncias burocráticas da legenda sinalizavam neste sentido, contrariando a militância, que, certamente, sufragaria o nome da deputada estadual Cida Ramos que, de forma democrática, republicana e bem aos estilo daquele PT de antigamente, cumpriu todos os ritos que a credenciaria a disputar a prefeitura da capital com o apoio da militância de base. 

Cartaxo sai sem esse apoio, ou seja, já começa perdendo as eleições internamente. Situações assim estão sendo observadas em todo o país, numa evidente demonstração de falta de rumo do partido nessas eleições municipais, talvez em razão das dificuldades que se avizinham. Aqui no Recife, depois de Lula ratificar o apoio ao nome de João Campos, do PSB, que concorre à reeleição, independentemente da indicação do vice, a presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann, ainda insiste em bater na tecla sobre tal possibilidade.  

quarta-feira, 26 de junho de 2024

Editorial: Supremo decide que porte de maconha para consumo não é crime. Pacheco queixa-se de invasão de competência.



A nossa engenharia institucional, que nunca foi assim tão harmônica, torna-se mais complicada a cada de dia que passa, tendo como indutor uma questão de agendas distintas. Até recentemente, o Legislativo estabeleceu que o porte de qualquer quantidade de drogas poderia ser criminalizado, o que criaria um gravíssimo problema para a sociedade brasileira, sobretudo numa sociedade de profundas desigualdades sociais, de uma estrutura policial que ainda precisa evoluir bastante, aliada a um sistema prisional decadente, que já abriga, de forma desumana, a terceira população carcerária do mundo. 

Os ministros da Suprema Corte, guiados pelo bom senso e imbuídos de um propósito civilizatório, humanitário, consideravam que havia alguns equívocos ou exageros por aqui e decidiram que o porte de drogas para consumo, ressalvado o que já diz a lei sobre este assunto, não poderia ser enquadrado como crime. Como o Legislativo já havia decidido em contrário, generalizando a criminalização, ampliou-se ainda mais as zonas de atrito entre os Três Poderes. 

Rodrigo Pacheco, Presidente do Senado Federal, fala sobre uma invasão de competência. Arthur Lira, Presidente da Câmara dos Deputados, vai levar a questão para ser analisada por uma comissão específica daquela Casa. Tem sido muito complicado este momento que o país atravessa. Temos um governo fragilizado, uma oposição majoritária que atua com a faca nos dentes, inconsequente, suscetível a uma pauta ou agenda de retrocessos institucionais e anticivilizatório evidentes, mas de forte apelo junto a amplos seguimentos sociais. Vejam o quanto de abacaxis que já temos para descascar: Saidinha, Aborto, Drogas, Fake News, Desoneração da Folha. Ninguém se entende por aqui.  

Editorial: Livrar Janones da Cassação poderia ter prejudicado Boulos?



A eleição para a Prefeitura de São Paulo em 2024 tornou-se uma verdadeira gangorra entre dois dos principais competidores ao Edifício Matarazzo, Ricardo Nunes, do MDB, atual prefeito que disputa a reeleição, e o candidato Guilherme Boulos, do PSOL, que conta com o apoio do Palácio do Planalto. Desde os início das pesquisas de intenção de voto sobre aquela disputa esses dois nomes sempre estão oscilando, ora com Guilherme Boulos na liderança, ora com a dianteira de Ricardo Nunes, quando não empatados dentro das famosas margens de erros dos institutos, ou seja, verificando-se diferenças quase sempre numéricas entre eles. 

Não haveria um deslocamento significativo entre ambos, algo que sugerisse algum favoritismo. Não ainda. A dinâmica competitiva do pleito passou a incorporar dois nomes de perfil conservador, com forte apelo popular, como foi o caso do coach Pablo Marçal(PRTB-SP) e do apresentador José Luiz Datena(PSDB-SP), que mantém sua candidatura por enquanto, com 5% das intenções de voto, conforme a última pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas

A entrada desses novos concorrentes no pleito municipal já nos sugerem fazer algumas indagações a respeito: Quem perde e quem ganha - entre os principais competidores até este momento, Boulos e Nunes - com a entrada desses dois nomes na corrida eleitoral? De quem eles poderiam estar tirando votos, uma vez que, de perfil conservador, ambos dirigem suas críticas preferencialmente ao nome do candidato da campo de esquerda, Guilherme Boulos? O que se vislumbra, claramente, neste primeiro momento, é uma espécie de  definhamento da candidatura da Deputada Federal Tabata Amaral(PSB-SP), que, segundo um jornalista conceituado, passou a comer terra na disputa. 

De concreto, isso nos parece evidente. Ela ficou imprensada e desidratada, uma vez que sempre mirou um eleitorado médio, de preferência oriundo das tradições tucanas. E, por falar em desidratação, um jornalista do site Poder360 também observou que, se somado os votos de Tabata Amaral, Pablo Marçal e José Luiz Datena, consoante ainda os últimos dados da pesquisa do Paraná Pesquisas, haveria um afunilamento na disputa entre Boulos e Ricardo Nunes. 

Outra questão que se coloca é sobre o impacto eleitoral produzido ao candidato Boulos por ter livrado o Deputado Federal André Janones na condição de relator do seu processo de cassação na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados. O saldo certamente, será negativo para o candidato, uma vez que ele sempre será veementemente cobrado em relação ao assunto, sobretudo quando entrarmos na fase dos debates públicos. Para o seu eleitorado raiz este não seria o problema, mas, para viabilizar-se eleitoralmente, Boulos precisa angariar a simpatia de um eleitorado menos orientado idelogicamente. Aqui é que está o problema. Não foi por acaso que o coach Pablo Marçal esteve presente à sessão. 

Outro dado que deve preocupar o seu staff de campanha é que todas as simulações de um eventual segundo turno apontam um favoritismo de Ricardo Nunes, num cenário de disputa onde as costuras de eventuais apoios ao seu nome são sensivelmente complicadas. Para continuarmos esses debates eleitorais, seja no tocante à conturbada conjuntura política e econômica que o país atravessa, assim como sobre as próximas eleições municipais em São Paulo e outras praças do país, assine e acesse nosso perfil da plataforma de conteúdos Privacy pelo link.  

Charge! via Folha de São Paulo!

 


terça-feira, 25 de junho de 2024

Editorial: Saiu mais uma pesquisa sobre a disputa pela Prefeitura de São Paulo.



Entre os dias 19 e 24 deste mês, os pesquisadores do Instituto Paraná Pesquisas saíram a campo para saber quais as intenções de voto do eleitor paulistano, tomando como parâmetros as próximas eleições municipais de outubro. O caldeirão político naquela praça, como é do conhecimento dos leitores, passa por um momento de constante ebulição. Até recentemente, por exemplo, a polêmica se deu em relação à definição do nome do coronel Mello, ex-Rota, para compor a chapa do prefeito Ricardo Nunes, que disputa a reeleição. 

A definição pelo nome de Mello, já confirmado, envolveu amplas negociações com os partidos que formam a frente de sustentação da candidatura - num total de 12 grêmios partidários - com respingo, inclusive, sobre a sucessão na Câmara dos Deputados, em Brasília. Mas, voltemos à São Paulo. Por ali, mais uma vez, o Paraná Pesquisas aponta o equilíbrio de forças e a polarização da disputa, ainda concentrada nos candidatos Ricardo Nunes e Guilherme Boulos, nome que conta com o apoio do Palácio do Planalto. 

Nesta pesquisa, Ricardo Nunes aparece à frente, mas ainda dentro da margem de erro do instituto, calculado em 2,2 P.P. A entrada do coach Pablo Marçal e do apresentador José Luiz Datena na disputa produziu alguns rearranjos na dinâmica competitiva entre os dois principais competidores, mas nada suficiente, ainda, para alterar esse quadro. Um dos fatores de mudança, conforme já havíamos discutido por aqui, foi o de atirar de uma vez Ricardo Nunes nas cordas do bolsonarismo mais radical, pois um dos novos postulantes não esconde de ninguém sua simpatia pelo bolsonarismo.  

Até os correligionários de Nunes advogam que o coronel Mello não teria  votos. Discordamos dessa tese e aprofundamos essa discussão em nosso perfil na plataforma Privacy, que pode ser acessado e assinado pelo link. A partir de hoje e pelos próximos meses, até o dia 06 de outubro, vamos focar nessas eleições municipais, embora o assinante também terá acesso às análises de conjuntura da política nacional, que caracteriza este blog. Em termos de números, Nunes aparece pontuando com 28,5%, enquanto Boulos crava 25,9% das intenções de voto.  

Editorial: Desbloquearam o telefone de Frederick Wassef. O que vem por aí?



Pelas redes sociais, somos informados de que a Polícia Federal teria conseguido desbloquear o telefone do advogado Frederick Wassef, que possui fortes ligações com o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua família. Não se sabe exatamente o que foi encontrado nas conversas arquivadas em tal telefone, mas, pelo andar da carruagem sugere-se que elas tenham o potencial de fomentar, inclusive, novas linhas de investigações sobre inquéritos em andamentos e, até mesmo, provocar a abertura de novos inquéritos, a depender da avaliação sobre o material. 

Frederick Wassef é uma espécie de bolsonarista raiz, daqueles que podem ser enquadrado no núcleo duro que orbita em torno do presidente Bolsonaro. Conforme os leitores estão inteirados, existem rolos de toda a natureza sendo investigados neste momento. Desde cartões de vacinação à tentativa frustrada de golpe de Estado. Até recentemente, por exemplo, uma nova joia teria sido encontrada, no contexto das joias doadas pelo Governo da Arábia Saudita ao Governo do Brasil, mas que o assunto, possivelmente, não teria sido tratado de forma institucionalizada, tampouco republicana.

Vamos aguardar as investigações conduzidas pela Polícia Federal, que estão realizando este trabalho com alto grau de seriedade e profissionalismo, em prol do interesse público, como se espera de um órgão de Estado. 

 

Editorial: Há o que temer com a candidatura de Dani Portela?



No Recife, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva praticamente deixou claro que acompanhará o projeto de reeleição do prefeito João Campos(PSB-PE), independentemente de indicar o nome para compor a sua chapa, na condição de vice, conforme o PT local havia pleiteado. Não havia outra alternativa. Simples assim. Encaracolado, com dificuldades por todo o Brasil, o PT não poderia, sequer, pensar em deixar de apoiar um nome competitivo, com condições reais de continuar à frente do Palácio Capibaribe. 

Uma das últimas pesquisas de intenções de voto sobre as próximas eleições do Recife, realizada pelo Instituto Intel\Atlas\CNN, o prefeito João Campos(PSB-PE) cravou 51% ante os 21% do candidato representante do bolsonarismo no Estado, o ex-Ministro do Turismo, Gilson Machado(PL-PE). Na semana passada a Deputada Estadual Dani Portela(PSTU-PE) licenciou-se de suas atividades na ALEPE para integrar-se de corpo e alma na campanha pela Prefeitura da Cidade do Recife. Em princípio, chegou-se a sugerir que o próprio Palácio Capibaribe poderia está estimulando a candidatua da pesolista, entendendo que ela não representaria nenhuma ameaça ao projeto de reeleição de João Campos, posto que seu eleitorado, na hipótese de um segundo turno, tenderia, naturalmente a votar em João Campos, numa opção clara pelo antibolsonarismo. 

Há aqui, no entanto, algumas questões que precisariam ser melhor analisadas, tanto em relação às expectativas de crescimento da candidatura de Dani Portela, quanto em relação à candidatura do bolsonarista Gilson Machado, que, pode sim, angariar a simpatia de um eleitorado conservador, não necessariamente tão identificado com o bolsonarismo. Aliás, é nisso que ele aposta. Em resposta aos receios de João Campos em deixar na prefeitura um nome do PT, que, por diversos motivos, jamais teria a sua estrita confiança, um morubixaba do PT local informou que ele não teria nada a temer em deixar a prefeitura com um nome do partido. 

Por outro lado, o que o prefeito João Campos poderia temer com a candidatura de Dani Portela e do bolsonarista Gilson Machado? São essas questões que avaliamos em nosso perfil da plataforma Privacy, que pode ser acessado e assinado pelo link. Neste perfil, você encontrará informações atualizadas sobre a conjuntura política nacional e estadual, neste momento, com ênfase sobre as próximas eleições municipais. Assine para manter-se inteirado sobre o que ocorre nos "escaninhos", nas "coxias", com uma análise precisa dos fatos, algo que você só encontra por aqui.  

Editorial: O cenário não é otimista para o desempenho do PT nas próximas eleições municipais.



O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues(PT-BA), resolveu aparecer num desses palcos de forró instalado em Amargosa, onde se apresentava o cantor Flávio José, e foi solenemente vaiado pela multidão, mesmo com os apelos do cantor para que a plateia contivesse os apupos. Nas últimas eleições presidenciais, 70% do eleitorado do Estado votou em Lula, possivelmente a maior performance do petista. Desde então, as coisas não vão bem naquele Estado, que ostenta hoje altíssimos índices de violência, configurando-se como o Estado mais violento do país. 

O grave problema da violência no país não se restringe ao Estado da Bahia, tampouco é de responsabilidade exclusiva das entes federados, conforme já observou o próprio governador numa dessas ocasiões, mas, neste caso específico, o PT ocupa as duas esferas de poder. Na capital, Salvador, o atual prefeito, Bruno Reis, ligado ao grupo do ex-babalorixá Antônio Carlos Magalhães, lidera todas as pesquisas de intenção de voto realizadas até este momento. 

Nas eleições passadas o PT conseguiu reverter essa tendência do eleitorado, que pretendia votar em ACM Neto para o Palácio de Ondina, mas estima-se que, desta vez, as possibilidades de reversão são remotas. Dezoitos meses depois de ter assumido a Presidência da República, o PT expõe uma fadiga de material evidente. Envelheceu precocemente. Mesmo em seu maior reduto eleitoral, a região Nordeste, as dificuldades eleitorais se apresentam como barreiras intransponíveis nas principais capitais da região. 

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 24 de junho de 2024

Editorial: A incrível ginástica aliancista de Eduardo Paes.



Pela última pesquisa de intenção de voto realizada naquela praça, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes(PSD-RJ), segue muito bem na fita, cravando 51% das intenções de voto, bem acima do segundo colocado, o Deputado Federal Alexandre Ramagem, que pontua apenas com 11% das intenções de voto. Há quem assegure que essa larga vantagem de Paes seria por pouco tempo, assim como ocorreu com Marcelo Freixo(PSOL-RJ) em passado recente. 

Surge no retrovisor, no entanto, uma sinalização de que tal fenômeno possa não se repetir em relação a Eduardo Paes, sobretudo em razão do perfil das alianças que o prefeito está celebrando, envolvendo atores políticos com os quais, possivelmente, Freixo não se alinharia. Até recentemente, Eduardo Paes fechou uma aliança com o Deputado Estadual do MDB, Otoni de Paula, onde, segundo dizem, teria sido ajustado que o candidato não faria críticas diretas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, tampouco indicaria um nome do PT para compor a sua chapa na condição de vice. Otoni de Paula é tido como um bolsonarista.  

O conjunto de partidos mais à esquerda do espectro politico que dá sustentação ao seu projeto de reeleição, a exemplo do PT, PDT, PCdoB, PV e Solidariedade reuniram-se recentemente para reivindicarem, em conjunto, a primazia pela indicação da vice na chapa do prefeito, que prefere outros nomes, em razão de uma eventual candidatura ao Governo do Estado nas eleições de 2026. Paes pretende montar uma chapa puro-sangue, nome que será escolhido entre seus auxiliares de estrita confiança. Com essas manobras aliancistas radicais, talvez o prefeito Eduardo Paes evite eventuais surpresas daqui para frente em sua campanha, renovando o contrato de locação do Palácio da Cidade, embora reconheça-se aqui uma estratégia exclusivamente orientada pela correlação de forças em jogo, sem quaisquer constrangimentos ideológico.   

domingo, 23 de junho de 2024

Editorial: Peixes-boi marinho são avistados nas praias de Cabedelo.



Louvável o trabalho realizado pelas entidades ambientais que se propuseram a preservar os peixes-boi, um mamífero aquático herbívoro da bacia do Amazonas, que quase foi extinto do nosso litoral. Ao longo do tempo, algumas dessas entidades, financiadas pela empresa Petrobras, conseguiram a proeza de não apenas preservar a espécie, mas vê-los reintroduzidos na natureza e se multiplicarem. A natureza é tão sábia que dá sua ajudinha. Existe a suspeita de que esses mamíferos possam ter modificado seus hábitos alimentares para se adaptarem melhor ao ambiente adverso. 

O capim-agulha era o vegetal preferido, mas, quando ausentes, hoje eles se alimentam de outros vegetais encontrados no mar. O Projeto Viva O Peixe-Boi Marinho, com sede em Mamanguape, naquele Estado, divulgou imagens desses mamíferos se divertindo no mar de Cabedelo, cidade da Região Metropolitana de João Pessoa, consoante matéria do site ClickPB. A notícia é alvissareira, mas lamentava-se o fato de um dos animais apresentar marcas de ferimento, possivelmente produzidas por embarcações locais, que são comuns naquele balneário. 

A recomendação do Projeto Peixe-boi Marinho é que os banhistas que utilizam essas embarcações redobrem os cuidados ao transitarem no local, evitando, assim, atingirem os novos frequentadores. De fato, preocupa o grande fluxo de embarcações no local, sobretudo nas imediações da Praia do Poço, onde ficam localizadas as famosas piscinas de Areia Vermelha, que atraem centenas de turistas, principalmente em feriados prolongados. 

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 22 de junho de 2024

Editorial: O voto "xerifão"


Um dos fenômenos mais interessantes e instigantes entre as áreas de pesquisa em ciência política talvez seja mesmo entender o que leva o eleitor a votar neste e ou naquele candidato. Há várias hipóteses ou variáveis envolvendo este assunto, todas dignas de investigações. O bolsonarismo, aliado a este momento de insegurança que o país atravessa, talvez esteja estimulando o eleitorado em votar em nomes ligados ao aparato de segurança do Estado, como se observou nas últimas eleições, caso se considere, por exemplo, o expressivo número de parlamentares ligados às Forças Armadas ou às polícias federais e estaduais. 

Neste sentido, vejam a composição da Bancada da Bala, formada pro delegados e policiais civis, policiais federais, policiais militares e representantes das Forças Armadas. O fenômeno é tão curioso que em Goiás dizem alguns internautas, a liderança da deputada federal Adriana Accorsi para a prefeitura de Goiania se dá não apenas pelo prestígio do PT naquela praça, mas, sobretudo por ela ser uma ex-delegada da Polícia Civil do Estado. 

Esta questão veio à tona em razão da confirmação do nome do coronel Mello Araújo, Ex-Rota, como candidato a vice na chapa de reeleição do prefeito Ricardo Nunes. Há quem assegure que ele não tem voto, pois nunca foi experimentado nas urnas, mas tudo isso é muito relativo, uma vez que sua entrada na chapa pode consolidar o  eventual apoio do eleitorado bolsonarista mais radical paulista ao projeto de reeleição do prefeito. 

Tudo ainda é muito recente para se tirar conclusões mais precisas sobre o que pode representar, de fato, em termos de benefícios eleitorais, a entrada do coronel na chapa. Candidatos como Guilherme Boulos, por exemplo, podem explorar o perfil de extrema-direita da composição. Mello, inclusive, não era o nome da preferência de Ricardo Nunes, que preferia uma composição menos radicalizada. É curioso como a entrada do coach Pablo Marçal no páreo está produzindo um verdadeiro rebuliço na disputa. 

Para o aprofundamento dessas e outras questões envolvendo a política nacional, aconselhamos assinar e acompanhar as nossas postagens pelo perfil da plataforma Privacy, através do link. 

Editorial: A preocupação com a segurança de Ronnie Lessa.



Assim como Adriano da Nóbrega, que morreu num confronto com policiais no interior da Bahia, Ronnie Lessa, acusado de ser o executor da morte da ex-vereadora Marielle Franco, tornou-se um arquivo vivo sobre as engrenagens que moem a atuação das milícias no Rio de Janeiro. Sua segurança, neste caso, passou a preocupar as autoridades, que já teriam a informação de que ele poderia ser alvo do crime organizado. Ex-policial, Lessa era conhecido entre os companheiros pela forma contundente sobre como atuava, angariando admiração na corporação e, consequentemente, desafetos do outro lado.  

Os próprios advogados de Ronnie Lessa, consoante o acordo de delação premiada celebrado com a Polícia Federal, pleitearam sua transferência para o complexo penitenciário de Tremembé, que seria o desejo do seu constituído, uma vez que ficaria mais próximo dos familiares. Assim que a notícia foi divulgada, autoridades do próprio sistema prisional comunicaram que o complexo de Tremembé não seria o local mais adequado para abrigar um preso com o perfil de Ronnie Lessa. 

Faz sentido toda essa preocupação, até porque ela está ancorada em informações obtidas pelos serviços de inteligência da Polícia Penal. Uma dessas grandes facções do crime organizado poderia está tramando a morte do ex-policial. Lessa encontra-se em cela isolada, sem qualquer contato com outros presos, mas, mesmo assim, não se pode menosprezar a capacidade desses grupos organizados de atingirem seus intentos. O Ministro Alexandre de Moraes, do STF, requisitou que a Polícia Federal investigue essas denúncias.   

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 21 de junho de 2024

Editorial: Coronel Mello, ex-Rota, será confirmado como vice de Nunes.



Finalmente, o martelo foi batido sobre o nome que deverá ocupar a vice na chapa de reeleição do prefeito Ricardo Nunes. Ainda existem algumas arestas envolvendo o assunto, mas num jantar que está sendo convocado pelo time de caciques que apoiam o prefeito - que deverá contar com a presença de integrantes dos 11 partidos que compõem a frente ampla - o nome do coronel Mello será sacramentado como vice. Como já havíamos discutido numa de nossas postagem, a entrada do coach Paulo Marçal na disputa, atraindo a atenção de atores políticos identificados com o espectro conservador ou ultraconservador, deu o empurrão necessário para a definição do nome do coronel Mello Araújo. 

Marçal chegou a flertar com um eventual apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro. A entrada de Pablo Marçal no jogo atirou Nunes nas cordas da extrema-direita, algo que ele procurava, a todo custo evitar, preferindo uma posição mais centralizada. Não seria improvável que possamos identificar alguns outros rearranjos na disputa, em virtude da entrada de Marçal no jogo. Na última pesquisa de intenção de votos divulgadas sobre aquele pleito, ele já conta com mais de 12% das intenções de voto, um escore nada desprezível para quem entrou na disputa recentemente.

Entre os partidos ainda reticentes, o Solidariedade, o Progressistas e o União Brasil. Ciro Nogueira, Presidente Nacional do PP, já afirmou que estará integrado ao projeto de reeleição do prefeito em qualquer circunstância. Não se esperava outra atitude. Até por osmose ele estaria com Nunes. Por outro lado, os tucanos agora possuem um candidato para chamar de seu, o apresentador José Luiz Datena. Não deixa de ser curioso, no entanto, a ausência de sintonia entre as direções partidárias e seus representantes no Legislativo. Até recentemente os vereadores tucanos preferiam apoiar o nome de Nunes. O mesmo fenômeno ocorre com o União Brasil que, em tese, também teria um candidato próprio, mas fecham com Nunes. 

Editorial: Governo pode perder batalha para evitar a CPI do Arrozão.



Sem base parlamentar consistente e desarticulado, o Governo Lula 3 está enfrentado um momento de grandes derrotas políticas. Agora, por ocasião das articulações da Oposição no sentido de recolher assinaturas com o propósito de viabilizar uma eventual CPI do Arrozão, o Governo recorre ao expediente de reter a liberação de emendas parlamentares, assim como recorrer, imaginem, ao União Brasil para tentar barrar o processo. Até candidatos à presidência da Casa estariam fazendo o jogo do governo no sentido de evitar a obtenção do número de assinaturas que viabilizariam a proposta. 

Diríamos para vocês que é um jogo perigoso. Tanto é assim que os escaninhos da política na capital federal assinalam que as assinaturas só aumentam desde então, hoje perfazendo um total de 138 assinaturas. O jogo é pesado. Tem gente considerando a possibilidade de o Neri Geller está sendo usado como bode expiatório, assim como apostam numa posição favorável do presidente da Casa, Arthur Lira. Se tal CPI vier a ser viabilizada, isso significará um desgaste enorme para o Governo. 

Os equívocos cometidos nesse leilão atabalhoado são evidentes. Os erros são de um primarismo absurdo até mesmo se considerarmos apenas os aspectos técnicos do processo, sem entrarmos na seara política. Embora tenha sido exonerado do cargo que ocupava, Neri Geller insiste que os responsáveis pela decisão de realizar o leilão são outros figurões do Governo. Uma CPI ajudaria a esclarecer alguns fatos importantes. Ainda considerando aqui apenas os aspectos técnicos, como foi possível o cometimento de tantos equívocos.      

Editorial: Lula reunirá entes federados para tratar da questão da violência.



O aumento da violência no país é um dois maiores problemas que o Governo Lula 3 enfrenta neste momento. Na realidade, o Governo Lula 3 enfrenta inúmeros problemas, sendo difícil eleger aqui aquele com maior potencial de afetar sua popularidade, criando condições políticas ainda mais adversas para o mandatário do país. Estamos diante de uma tempestade perfeita. Possivelmente o econômico seria o maior deles, embora a questão da segurança pública mereça a atenção necessária. Há algo aqui totalmente fora de controle em alguns entes federados, onde o crime organizado passou a dar as cartas, ignorando completamente as autoridades legalmente constituídas. 

Conforme comentamos no dia de ontem por aqui, de cada 10 mortes letais intencionas, segundo o Atlas da Violência, 7 delas podem ser atribuídas às ações desses grupos, que estão migrando dos grandes centros urbanos para regiões como a Norte e Nordeste, principalmente em zonas periféricas e interioranas. Louvável e urgente que o Governo apresente algum plano para enfrentar tal problema. É o que se espera, para os próximos dias, de uma reunião entre o Governo Lula e todos os entes federados, com a presença do Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. 

Um dos gargalos aqui é a maneira de se enfrentar esse problema, pois, como se sabe, há aqui uma séria questão de agenda entre Governo e Oposição. Difícil encontrar alguns pontos de convergência entre eles, pois a oposição parece apostar no quanto pior melhor, pois torcem pelo desgaste do Governo, inclusive fazendo questão de politizar esse drama, em alguns casos - como no uso das câmaras nos uniformes policiais - adotando procedimentos que se contrapõem às diretrizes governamentais. 

Editorial: A polêmica em torno da criminalização do porte e consumo de drogas.



Nos anos sombrios da ditatura militar, precisamente em 1968, quando foi instituído o Ato Institucional número 5, mais conhecido como AI-5, estabeleceu-se um diálogo bastante emblemático entre um autoridade militar e o Deputado Federal da ARENA, Pedro Aleixo, que, embora integrando o partido que dava sustentação política aos militares, se colocou contra as medidas restritivas das liberdades individuais e coletivas, que passariam a vigorar no país, permitindo que o Governo Militar agisse sem freios contra seus opositores. 

Quando questionado se não confiava no Governo, Pedro Aleixo afirmaria, naquela ocasião, que não confiava mesmo era no guarda da esquina. Embora os ímpetos autoritários tenham sido relativamente contidos, o país passa por um momento delicado, caracterizado por uma agenda de retrocessos civilizatórios que, de algum modo, a oposição bolsonarista tenta impor de goela abaixo à sociedade brasileira, mesmo sob os auspícios de uma gestão de corte progressista, referendada pelo voto popular. 

Tais retrocessos diz respeito às drogas, ao aborto, às saidinhas dos presos do sistema prisional. É preciso muita sensibilidade e bom-senso ao tratar desses temas, sob pena de se incorrer em aberrações gravíssimas, de consequências ainda piores para a sociedade. É preciso, inclusive, se ter uma noção sobre o ambiente onde se operam essas leis, em alguns casos, draconianas. Um bom exemplo é se perguntar quem é a nossa polícia? como é formada a nossa polícia? como age a nossa policia? 

Pesquisas de instituições respeitadas apontam quem os critérios cromático e geográfico influenciam decisivamente na condução desses policiais em operação, quando terão que decidir o que significa porte para consumo pessoal ou para o tráfico. A cor do indivíduo é determinante, assim como a geografia igualmente. A abordagem é no Leblon ou no Rio das Pedras? Inevitavelmente, vamos ter muitos problemas por aqui. A começar pelas injustiças que poderão ser cometidas, remetendo mais jovens a um sistema prisional falido, que já concentra a terceira população carcerária do mundo.  

Charge! Cláudio Mor via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 20 de junho de 2024

Editorial: Parlamento ou ringue de luta livre?



Frequentemente acompanhamos as transmissões da TV Senado e da TV Câmara. Por vezes são reuniões burocráticas, técnicas, o que depende muito das comissões. Mesmo assim, os temas debatidos ali dizem respeito direto ao cidadão brasileiro, sendo, portanto, de bom alvitre acompanhar tais debates. Esta última legislatura, no entanto, tem sido caracterizada pelo acirramento de ânimos, pelos embates entre Governo e Oposição. 

Não sabemos sequer se dá para fazer essa clivagem tão precisa, uma vez que ultimamente membros da própria oposição passaram a se estranhar, como foi o caso do deputado federal Gilvan da Federal e do senador Marcos Do Val, aquele que se apresenta como instrutor da SWAT americana. Por muito pouco eles não resolvem as suas diferenças no braço, salvos que foram pela intervenção dos colegas de parlamento. 

Tem sido muito deselegante e desrespeitoso esse tipo de comportamento. Quando do embate entre André Janones e Nikolas Ferreira, a TV Câmara precisou editar as imagens, cortando as cenas mais desagradáveis. Existe uma proposta de suspender os deputados que possam se excederem em seus posicionamentos. Pelo andar da carruagem política, se a medida realmente vier a ser adotada, faltará quórum para muitas das sessões. 

Editorial: 7 em cada 10 mortes violentas intencionais estão relacionadas à atuação das facções do crime organizado.



Nos últimos anos, as facções do crime organizado tiveram um avanço exponencial no país. Hoje, estima-se que 7 em cada 10 mortes violentas intencionais, de alguma forma, é resultado das ações desses grupos, que já conseguiram até a proeza de mudar, substantivamente, a geografia da violência no país, tornando Estados como Bahia, Ceará e Pernambuco como os mais violentos na atualidade. Geralmente, Estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais encabeçavam essas listas. Esses grupos se deslocam para regiões como o Norte e o Nordeste, assim como da capital para o interior.  

Se formularmos um gráfico comparativo, não seria surpresa, portanto, a constatação de que a violência ascendeu entre esses entes federados na mesma proporção em que a atuação desses grupos também foi ampliada. Não temos dados precisos sobre quais dessas facções atuam no Estado de Pernambuco, mas apenas na Bahia já existem 14 delas em plena operação, em alguns casos, estabelecendo entre eles uma luta fratricida pelo controle de territórios. 

Naquele Estado, a Ilha de Itaparica tornou-se um palco de guerra entre esses grupos, assim como a cidade de Caucaia, no Ceará, onde fica localizada a paradisíaca praia de Cumbuco. Aqui em Pernambuco, talvez pudéssemos citar o caso recente da Ilha de Itamaracá, onde foram registrados confrontos entre grupos rivais que disputam o tráfico de drogas na região, com a ocorrência de morte até de criança. O momento é delicado e as perspectivas de enfrentamento efetivo deste problema tornam-se insuficientes quando observamos um país literalmente cindido entre Governo e Oposição, cada lado com agendas diametralmente opostas sobre o melhor encaminhamento de medidas para enfrentar o crime organizado.    

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 19 de junho de 2024

Editorial: Lula entre monstros e "monstros."


Até um certo ponto, o Governo Lula manteve o distanciamento protocolar sobre essa questão polêmica do PL antiaborto. Hoje fomos informados que, diante da pressão das ruas e da sociedade civil, o próprio presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, considera a necessidade de analisar essa questão apenas no segundo semestre. Embora o proponente, o deputado Sóstenes Cavalcante[PL-RJ] não admita, ocorreu, na realidade, um recuou estratégico. Há muitas aberrações nesse PL, representando um grande retrocesso sobre o assunto, inclusive sobre conquistas femininas já previstas constitucionalmente. O danado é que a única coisa que ele admite rever diz respeito à pena do estuprador - que poderia aumentar - mas o cerne continua.  

As manifestações de rua surpreenderam muita gente, inclusive por se saber que foram mobilizações encetadas por segmentos progressistas, mas à esquerda do espectro político, que se supunham adormecidos e paralisados. Curiosamente, no início, apenas o Ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, fez uma declaração pública sobre o tema. Posteriormente a essa fala, a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, também comentou o assunto, assumindo uma postura contra a PL 1904/24. 

Durante a última campanha presidencial, em vários momentos, o presidente Lula foi instigado a se pronunciar sobre o assunto. Quando o fez, nos pareceu de forma infeliz.  Numa sociedade extremamente polarizada, entende-se a situação delicada de se pronunciar sobre um assunto tão polêmico, sobretudo para quem ocupa um cargo público. Neste introito, usou-se muito o termo monstro das ruas, numa alusão a forma como um ex-Presidente da República, Juscelino Kubitschek, se referia à manifestações de ruas. Causou polêmica uma entrevista recente do presidente Lula, onde supõe-se que ele teria se referido aos filhos gerados pelo estupro como "monstros". Como este editor não acompanhou  o vídeo, não podemos confirmar. Se ele afirmou isso, mas uma vez foi infeliz e a fala já está sendo solenemente explorada pelas hordas extremadas. 

Editorial: Governo se mobiliza para evitar a CPI do Arrozão.



Diante das circunstâncias políticas sensivelmente adversas, pois estamos há quatro meses das próximas eleições municipais, o Planalto resolveu entrar em campo ara evitar a instauração de uma CPI do Arrozão. Os problemas são evidentes com este leilão cancelado e, por via das dúvidas, o mais prudente neste momento seria evitar que eles sejam expostos em praça pública, desgastando ainda mais o Governo Lula 3. Este talvez não seja o encaminhamento mais republicano, mas estamos lidando com uma oposição renhida, disposta a criar as condições políticas de vulnerabilidade irreversível para o Governo. 

O ambiente não é de normalidade, onde os amortecedores institucionais suportariam até mesmo alguns cortes na pele. Definitivamente não é este o momento. Em entrevista recente, o morubixaba petista fez referência às características da oposição que enfrentamos neste momento, argumentando que eles possuem um modus operandi bem típico, possivelmente sem precedente no país, recusando a negociar com o Governo e especializando-se no pragmatismo das fake news

Na realidade, esta observação do presidente Lula pode ser remetida ao mesmo modus operandi de antes da eleição que conduziu o ex-presidente Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto. Eles desejavam consolidar um agenda ou uma pauta política que querem impor ao Governo do PT, desconsiderando o fato de que a sociedade brasileira fez uma opção pela agenda petista. Outra questão preocupante é que o equilíbrio de forças na sociedade é muito frágil. Bolsonaro atingiu quase 50% do eleitorado e o bolsonarismo, direta ou indiretamente, elegeu a maioria congressual.  

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 18 de junho de 2024

Editorial: Com o apoio de Lula Eduardo Paes oscila de 47% a 51%, enquanto Ramagem pula de 11 % para 29 %com o apoio de Bolsonaro.

 


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Editorial: STF decide hoje se torna réus os acusados de tramarem a morte de Marielle Franco.



Os ministros do Supremo Tribunal Federal começam a decidir hoje, dia 18, se tornam réus os acusados de tramarem a morte da ex-vereadora Marielle Franco. O relator é o Ministro Alexandre de Moraes. Pelo andar da carruagem política - e jurídica, para ser mais preciso - o mais provável é que a denúncia da PGR, com base nas investigações conduzidas pela Polícia Federal, seja aceita. No dia de ontem, 17, alguns comentaristas políticos comentavam que seria um bom momento para se checar como seriam aceitas pelos ministros da Suprema Corte as tais delações premiadas, uma vez que são escassas ou inexistentes as provas materiais que comprometem os réus. 

Trata-se de uma delação das mais consistentes, celebrada entre a Polícia Federal e o autor dos disparos que matou a ex-vereadora, o ex-militar Ronnie Lessa, que já cumpre pena pelo crime. Ronnie Lessa ofereceu à Polícia Federal, os detalhes escabrosos que estiveram envolvidos na trama do assassinato da ex-vereadora e o seu motorista, Anderson Gomes. Já informamos em outros momentos que o ex-militar não precisaria ser submetido ao detector de mentiras ou a um psiquiatra forense para sabermos que ele está dizendo a verdade. 

Cumprindo suas funções, inclusive as constitucionais, os advogados dos réus movem moinhos de vento para defenderem os seus constituintes. Salvo melhor juízo, chegaram a solicitar o impedimento do ex-ministro da Justiça, hoje ministro da Corte, Flávio Dino. É curioso como ninguém se conhece neste momento, embora frequentem juntos os mesmos ambientes sociais, como uma tal clínica de um dentista, em Rio das Pedras, que reunia a nata dos milicianos locais e até um delegado de polícia.   

Editorial: Indicação de vice em São Paulo virou "caso" de polícia.


O prefeito Ricardo Nunes ainda não confirmou se aceitará a indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro para compor sua chapa, ocupando a vaga de vice em seu projeto de reeleição. No dia de ontem, 17, comentamos sobre o assunto por aqui, informando que o nome do coronel Mello Araújo, ex-Rota, ganhou fôlego depois de um lobby ostensivo pelo seu nome, apadrinhado por atores políticos como o ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador Tarcísio de Freitas. 

A reação em contrário veio justamente de apoiadores de Nunes que possuem vínculos com a Polícia Civil do Estado. Em todo o país existem rusgas entre as polícias Militar e Civil. O ideal seria que eles trabalhassem em conjunto, em prol da segurança da sociedade. Infelizmente, tal ideal continua utópico. No caso de São Paulo, ingredientes novos contribuíram para acirrar ainda mais o ânimo entre as duas corporações policiais. 

Tarcísio de Freitas nomeou o capitão Guilherme Derrite para o comando da segurança pública do Estado, que, por sua vez, recentemente entrou numa grande polêmica ao abrir espaço de polícia judiciária para a polícia militar, que não possui tais atribuições. Isso significou mexer num vespeiro corporativo e ele, por sua experiência como homem público, já deveria esperar tal reação. Parlamentares que representam a Polícia Civil na ALESP, delegados filiados ao Progressistas, já teriam indicado um nome do grupo para compor a chapa na condição de vice de Nunes. A indicação do vice, nesta caso, literalmente, tornou-se um caso de polícia, mas um ingrediente entre tantos abacaxis que o prefeito precisa descascar para definir este nome.   

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 17 de junho de 2024

Neri Geller na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.

 


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Editorial: Bolsonaro impõe a Rota a Nunes?


Até recentemente, o ex-presidente Jair Bolsonaro manteve uma reunião com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, onde teria ficado ajustado que o capitão Mello Araújo, ex-Rota, finalmente, seria confirmado como o candidato a vice na chapa de reeleição do prefeito Ricardo Nunes. Ricardo analisou, o quanto foi possível, todas as variáveis que estão envolvidas nesta indicação, trabalhando sempre com a possibilidade de ela possa vir a agregar algum capital político ao seu projeto de reeleição, seja no que concerne às forças que compõem a frente ampla, seja no que concerne ao eleitorado. 

Ao longo dessas negociações, alguns nomes foram descartados exatamente por não atender a tais requisitos. Tratou-se de uma postura prudente e racional do gestor. A frente ampla que o apoia, por exemplo, estabelece que seria bastante interessante que ele assumisse uma postura de centro, equidistante do radicalismo de extrema-direita do espectro político. Nunes mostrou-se reticente ao capitão Mello,  exatamente por sua identificação com um bolsonarismo de perfil mais radical. 

Não se sabe exatamente o que mudou desde o início da campanha, mas o fato é que depois dessa reunião entre Tarcísio e Bolsonaro, o nome do capitão Mello ficou bastante fortalecido como candidato a vice na chapa de Nunes. O que nos parece perceptível é que, definitivamente, com a entrada no jogo eleitoral de nomes como Pablo Marçal e José Luiz Datena, não haveria como Nunes deixar de ser atirado nas cordas da extrema-direita. 

Editorial: O "monstro" da ruas acordou e assusta os proponentes do PL do Aborto.

 


Insuflada por motivações políticas, a oposição radical ao Governo Lula parece ter perdido o bom-senso - e tornou-se igualmente inconsequente - propondo um conjunto de medidas que não ecoaram bem junto a segmentos expressivos de nossa sociedade. Enquanto avolumam-se graves problemas no país, alguns integrantes dessa oposição apresentam propostas para atender a demandas específicas - como esta PEC do Aborto, que se coaduna com o segmentos evangélicos - sem considerar suas implicações sociais, políticas e jurídicas mais amplas. O resultado é que o monstro das ruas acordou, produzindo um, barulho infernal, tendo, como consequência, manobras de recuo acachapante.  

A sociedade brasileira enfrenta um grave problema de agenda. Praticamente não existem pontos de convergências entre Governo e oposição, principalmente aquela oposição organicamente identificada com o bolsonarismo. Fala-se muito que Lula poderia fazer um esforço maior para construir alguma ponte, um governo de conciliação, ampliando ainda mais os padrões de concessões. Não há condições políticas para se fazer um governo de convicções. Não sabemos mais onde ele poderia ceder, uma vez que a agenda progressista já está irremediavelmente comprometida diante de tal ambiente político adverso.  

A conversa que a outra parte está querendo com Lula é derrubá-lo. Infelizmente, nós já entramos no modo 2015, ou seja,  daqueles dias sombrios que iriam culminar, algum tempo depois, no afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff, num processo sabidamente ardiloso, sem uma motivação jurídica que o justificasse. Lula 3 é um Governo que envelheceu precocemente, encurralado pela derrota de narrativas muito bem elaboradas e disseminadas pela extrema-direita. Contra isso ele pouco pode fazer sem o apoio das ruas. O recuo da PEC do Aborto não é obra de ações do Governo - que, aliás, pouco se pronunciou em relação ao assunto - mas da mobilização da sociedade civil. Daqui para a frente tais mobilizações vão se tornarem cada vez mais necessárias. 

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


sábado, 15 de junho de 2024

Editorial: A CPI do Arrozão.


Ganha fôlego na Câmara dos Deputados um requerimento, por iniciativa a oposição, logicamente, solicitando a instauração de uma CPI do Arrozão. A proposta já conta com 130 assinaturas, quando são necessárias 171. No climão político produzido depois da anulação do leilão que objetivava a aquisição de 300 mil toneladas do produto, a expectativa é a de que logo os parlamentares de oposição consigam o número suficiente de assinaturas para a instauração da CPI, que também dependerá das articulações junto ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, em circunstâncias bastante favoráveis, uma vez que as relações entre o deputado alagoano e o Planalto, sabidamente, não são das melhores. 

Soma-se a isso a proximidade da eleição para a presidência daquela Casa, onde Lira aposta numa candidatura onde sua influência continue perene. Outro fator que deve contribuir são as indisposições recentes de fortes federações do mercado contra o Governo Lula, depois da confusão mais recente da devolução da MP que trata da cobrança do PIS/COFINS. O Governo Lula entrou numa situação complicada, já considerada por alguns analistas políticos como modo 2015, ou seja, aquele ambiente político que antecedeu o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

O Governo acumula tropeços na condução da política econômica, sobretudo em razão de uma onda arrecadatória sem preocupação com a contenção de despesas; Na articulação política o fracasso é estrondoso; Há um ministro de Estado juridicamente encrencado; Pesam suspeitas sobre o leilão para a importação de arroz; A oposição também solicitou informações sobre um tal Gabinete da Ousadia que, de acordo com matéria de um jornal paulista, poderia funcionar num contexto preocupadamente similiar ao Gabinete do Ódio. Momento difícil.