Muito sensato por parte do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, o cumprimento de parte do acordo de delação premiada celebrado com ex-militar Ronnie Lessa, acusado de ter concretizado os disparos que matou a ex-vereadora Marielle Franco e o seu motorista, Anderson Gomes. No acordo se previa a sua transferência para o Complexo Penitenciário de Tremembé, em São Paulo. Igualmente previdente foi a liberação de parte do seu depoimento à Polícia Federal, sob a justificativa de que alguns fatos poderiam vir a ser distorcidos pela imprensa.
Medida salutar, sobretudo nesses momentos de instabilidade institucional com o qual lidamos hoje em dia, onde tal possibilidade entra no escopo das previsibiidades inerentes. Agentes públicos do sistema penitenciário se manifestaram contrários à medida, alegando que não haveria condições efetivas de segurança naquele complexo prisional. O que está em jogo, neste caso, seria o fato de o presídio não oferecer as condições de segurança adequada para abrigar um preso com o status de Lessa.
O enredo traçado por Lessa, que culminou com a morte da vereadora e do seu motorista é algo para ser discutido com algum produtor de conteúdo para as plataformas de streaming, uma vez que daria uma nova série policial. Nos depoimentos liberados, por exemplo, se descobre que o ex-militar "perdeu" a oportunidade de executar o crime quando a vereadora se encontrava com amigos num bar, ocasião que fora relatada a ele por um dos comparsa. A residência da vereadora foi sistematicamente monitorada, mas não haveria condições adequadas para a realização do crime no local, em razão do efetivo policial presente.
Até mesmo em delações premiadas, recomenda-se tomar cuidado com o que se diz. Lessa, por exemplo, faz uma revelação que talvez não guarde muita relação com o caso, mas que está suscitando muitas inquietações, como uma lista de pessoas que teriam sido pesquisadas ou monitoradas por ele, onde se incluem agentes públicos e até artistas. A questão que se coloca é o porquê das razões desses monitoramentos. Essas pessoas estão, naturalmente preocupadas.
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