pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Humor: FHC diz que leu a Veja


17 de setembro de 2014 | 11:53 Autor: Miguel do Rosário
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Bem, um pouco de humor não faz mal a ninguém. E FHC se tornou uma espécie de bufão da política brasileira.
Há uma série de declarações dele feitas numa das festinhas, realizada ontem, organizada por João Dória Jr, o mesmo que produz concursos de Poodle para madames paulistas.
Todas as suas frases, como que saídas de um personagem de Eça de Queiroz, são engraçadas.
As campeãs seguem abaixo:
E logo subiu o tom, até um pouco acima do que costuma adotar nessas ocasiões. “Eu acordei há alguns dias e li as revistas [semanais de informação]. Eu sou uma pessoa de energia. Mas confesso a vocês que fiquei golpeado [ao ler reportagens sobre supostos desvios na Petrobras].”
Hum, quer dizer que o sr. Cardoso sentiu-se golpeado depois de ler a Veja?
Pois bem, ontem entregaram na minha portaria o livro O Brasil Privatizado, do Aloysio Biondi, com apresentação de Janio de Freitas e prefácio de Amaury Ribeiro Jr, relançado há alguns dias pela Geração Editorial.
FHC, outrora um acadêmico respeitado, deveria valorizar materiais que vem acompanhados de documentos, como jamais é o caso da Veja.
Mas é o caso do livro de Biondi.
Pensando bem, melhor que FHC não leia.
Se ele se sentiu “golpeado” lendo as historias de carochina da Veja, não creio que terá condições psicológicas de enfrentar uma leitura baseada em documentos autênticos, como é o livro de Biondi.
O fato de seu nome estar presente em toda parte, já que foi ele o grande artífice das privatizações corruptas que tanto prejuízo trouxeram ao Brasil durante seu governo, também não deve fazer bem à sua saúde, se ele lesse o livro.
Faria bem à saúde do brasileiro, contudo, se não tivéssemos uma mídia tão corrompida, e que insistisse mais nas denúncias e no esclarecimento do que realmente aconteceu na privataria tucana.
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(Publicado originalmente no site Tijolaço)

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Tijolinho do Jolugue: Logo mais tem debate entre os candidatos ao Governo do Estado.


Logo mais à noite, às 22:00 horas, transmitido pela TV Jornal, ocorre o primeiro debate entre os candidatos ao Governo do Estado de Pernambuco. Em relação do Estado da Paraíba, Pernambuco sai um pouco atrasado. No Estado vizinho já foram realizados diversos debates entre os postulantes ao Palácio Redenção, inclusive em cidades importantes além da capital, como Campina Grande. Aliás, já comentamos aqui, o debate político no Estado da Paraíba é intenso. Mesmo na TV aberta o cidadão tem a oportunidade de acompanhar, diariamente, alguns bons programas de entrevistas com gestores públicos, parlamentares. É bem verdade, infelizmente, que as coisas caminham para a baixaria, como vem ocorrendo nessa reta final da campanha. Andou circulando um vídeo onde um dos candidatos aparece num entrevero com a esposa, numa clara violação de sua vida privada, com propósitos escusos. As inscrições apócrifas com referência ao PT como o responsável pela morte de Eduardo Campos e o vandalismo aos comitês do candidato Armando Monteiro(PTB) também não nos deixam muito atrás. Lamentavelmente, como adverte o professor Michel Zaidan em artigo publicado no blog, uma engrenagem perversa conspira contra os reais propósitos de uma eleição, qual seja, o de adensar a escolha dos candidatos a partir de suas propostas, do seu programa de governo, de como ele enfrentará os problemas da pólis etc.Mesmo com todos esses constrangimentos dissociativo de uma escolha coerente por parte do eleitorado, vale a pena ficar atento ao debate de logo mais.

Tijolinho do Jolugue: Patrícia Poeta deixa o JN. Não foi Dilma Rousseff




Fui surpreendido com o afastamento de Patrícia Poeta do Jornal Nacional. Há muito tempo que o Jornal não vai muito bem, mas, a rigor, a culpa não é dela. Trata-se de um problema estrutural, possivelmente motivado pela internet que, ou engole, ou muda o hábito de quase tudo. Até a nossa maneira de ver TV está sendo substantivamente modificado. Hoje a disponibilidade de um bom sinal de Wi-FI nos hotéis tem sido um item mais importante do que chuveiro quente. Mais surpreendente, ainda, é a onda que circula pela redes sociais no sentido de responsabilizar a presidente Dilma Rousseff pela demissão, numa clara manobra eleitoral. Pura leviandade, algo plantado e disseminado pelos seus opositores, com propósitos bem conhecidos. Dilma Rousseff não é disso. Não seria capaz de ligar para a redação de um jornal pedindo a cabeça de um jornalista por esse ou por aquele motivo. Há quem informe que na célebre entrevista do JN Patrícia Poeta teria apontado o dedo para ela. Eu não vi. Se quer há certeza sobre isso. Durante a sabatina, como lembra o jornalista Nogueira, do DCM, Noblat teria sido até mais deselegante, ao pedir que a presidente falasse menos. Os índices de audiência do jornal vem caindo há algum tempo, com poucas possibilidades de recuperação. Como resultado do avanço das novas mídias, não em função do humor dos governantes de turno, embora alguns se prestem a esse procedimento infame de perseguir que se opõe aos seus desmandos.    

Tijolinho do Jolugue: Quem matou Eduardo Campos? Foi o PT?




Quem matou Eduardo Campos? Há de se ter muito cuidado ao tratar deste assunto, sob pena de ser processado e ter que explicar, em detalhes, como se chegou a esta ou aquela afirmação. É o que está ocorrendo com o ex-delegado da Polícia Federal e hoje Deputado Federal, Protógenes Queiroz. O irmão do ex-governador, Antônio Campos, acionou o MP para que ele informe como chegou à conclusão de que o ex-governador foi vítima de um atentado. Aqui na província, a Polícia Federal, acionada pelo PT, também investiga a autoria de uma série de pichações em todo o Estado de Pernambuco, alegando que o PT matou Eduardo Campos. No caso de Protógenes, é difícil prevê onde isso vai dar. Aqui, certamente, não dará em nada. Estamos a menos de vinte dias das eleições e os ânimos estão acirrados. Há notícias de destruição de material de campanha da oposição em Abreu e Lima e Olinda, atos que depõem contra a convivência democrática, com o livre exercício de participar das regras do jogo de uma democracia representativa. Não é a primeira vez que isso ocorre em Pernambuco. Aliás, não seria nenhum exagero concluir que inscrições apócrifas se tornaram uma rotina no Estado. Sérgio Murilo, Jarbas Vasconcelos, Marcos Freire são exemplos de políticos que foram vítimas dessas pichações apócrifas. Não nos ocorre de alguém ter sido responsabilizado ou punido por tais pichações. É o tipo da coisa que você sabe a origem, mas não tem como provar. Essas pichações integra um conjunto de estratégias muito bem urdidas - embora ilícitas -  com o propósito de alavancar a candidatura de um determinado concorrente. No Maranhão, em desespero diante de uma iminente derrota do candidato da oligarquia, Sarney entrou em campo. Reuniu sua tropa de choque em São Luiz. Prevendo o que pode vir por aí, a assessoria de Flávio Dino preparou uma espécie de vídeo preventivo, informando o eleitor sobre a possibilidade de manobras do tipo voltarem a ser usadas. Numa eleição, em 1994, Epitácio Cafeteira estava bem à frente de Roseana Sarney, algo em torno de 12 pontos. Passaram a veicular um vídeo acusando-o de ter morto um cidadão. Epitácio perdeu aquela eleição. Somente depois de apurado os votos, descobriu-se que o cidadão estava vivinho da silva.    

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Michel Zaidan Filho: Financiamento de campanha eleitoral

domingo, 14 de setembro de 2014

Tijolinho do Jolugue: Ana Maria Braga não conhece as comunidades quilombolas.

Escrevo diretamente aqui pelo Facebook e, possivelmente, antes da edição, alguns erros gramaticais são cometidos independentemente da nossa vontade. É natural. Há de se tomar alguns cuidados para não ser ofensivo ao usarmos algumas expressões. Sexta-Feira aproveitei para cortar o cabelo. Havia uma televisão ligada no Programa da Ana Maria Braga. Uma repórter conduzia o quadro "Hoje tem visita". A equipe estava na região Norte do país para conhecer uma comunidade quilombola isolada. Trajeto longo. Viagem difícil. Em certos momentos, a apresentadora tinha que chamar a matéria. Pois bem. Durante um curto intervalo de tempo, por três momentos, a apresentadora se referiu de forma errada quando quis dizer "Comunidade Quilombola". Pegou muito mal, até porque, no caso específico, ela deveria estar familiarizada com a pauta do programa. Há alguns meses criamos um grupo sobre o assunto aqui na rede Facebook. Ainda é pequeno, mas vem obtendo algumas clivagens interessantes: Há pessoas e comunidades desejando inserir-se ao grupo; as postagens são sempre relacionadas ao tema, transformando o grupo num verdadeiro fórum de discussão, na realidade, seu verdadeiro objetivo. Quando à apresentadora, apenas nosso profundo pesar pela ignorância em relação ao assunto. Na foto abaixo, o editor com líder das comunidades quilombolas atingidos pela construção da Base de Lançamento de Foguetes de Alcântara, no Maranhão. 
Foto: Por três vezes, Ana Maria Braga errou ao se referir às "comunidades quilombolas." 

Escrevo diretamente aqui pelo Facebook e, possivelmente, antes da edição, alguns erros gramaticais são cometidos independentemente da nossa vontade. É natural. Há de se tomar alguns cuidados para não ser ofensivo ao usarmos algumas expressões. Sexta-Feira aproveitei para cortar o cabelo. Havia uma televisão ligada no Programa da Ana Maria Braga. Uma repórter conduzia o quadro "Hoje tem visita". A equipe estava na região Norte do país para conhecer uma comunidade quilombola isolada. Trajeto longo. Viagem difícil. Em certos momentos, a apresentadora tinha que chamar a matéria. Pois bem. Durante um curto intervalo de tempo, por três momentos, a apresentadora se referiu de forma errada quando quis dizer "Comunidade Quilombola". Pegou muito mal, até porque, no caso específico, ela deveria estar familiarizada com a pauta do programa. Há alguns meses criamos um grupo sobre o assunto aqui na rede Facebook.  Ainda é pequeno, mas vem obtendo algumas clivagens interessantes: Há pessoas e comunidades desejando inserir-se ao grupo; as postagens são sempre relacionadas ao tema, transformando o grupo num verdadeiro fórum de discussão, na realidade, seu verdadeiro objetivo. Quando à apresentadora, apenas nosso profundo pesar pela ignorância em relação ao assunto.

Tijolinho do Jolugue: A frágil democracia brasileira: Ministro da Defesa endossa declarações do comandante do Exército.

Penso que as relações entre civis e militares no Governo Dilma Rousseff oferecem muito elementos para a análise de cientistas políticos que advogam que vivemos numa democracia tutelada ou numa semi-democracia. Vejam só que quadro preocupante para atingirmos aquela situação ideal, onde os militares se submetem ao poder civil. Afinal, numa democracia plenamente consolidada, o comandante supremo das forças armadas é o Presidente da República. Lembro-me agora de um filme - não recordo o título - onde um comandante militar passava uma reprimenda num subordinado exatamente por ele ter cometido uma falta grave, ou seja, havia se rebelado contra uma determinação de uma autoridade civil. Aqui no Brasil, nos últimos meses, ocorreram três fatos curiosos: a) um ex-comandante do Exército determinou uma guarda pessoal para o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, sem o conhecimento da Presidente da República; b) Num total desrespeito à Comissão da Verdade, o atual comandante do Exército encaminhou um ofício determinando que a tropa não se pronunciasse sobre tortura nos quarteis; c) Agora é o ministro da Defesa, a quem o comandante do Exército deveria ser subordinado, que, ao invés de admoestá-lo, endossa suas declarações, negando que tenha ocorrido tortura nos quartéis durante a Ditadura Militar. O Brasil é realmente um país sui generis. No Chile, a presidente Bachelet acaba de propor a revogação da Lei de Anistia, aprovada pelo governo do Ditador Augusto Pinochet.

Foto: A frágil democracia brasileira. Ministro da Defesa endossa declarações do comandante do Exército. 

Penso que as relações entre civis e militares no Governo Dilma Rousseff oferecem muito elementos para a análise de cientistas políticos que advogam que vivemos numa democracia tutelada ou numa semi-democracia. Vejam só que quadro preocupante para atingirmos aquela situação ideal, onde os militares se submetem ao poder civil. Afinal, numa democracia plenamente consolidada, o comandante supremo das forças armadas é o Presidente da República. Lembro-me agora de um filme - não recordo o título - onde um comandante militar passava uma reprimenda num subordinado exatamente por ele ter cometido uma falta grave, ou seja, havia se rebelado contra uma determinação de uma autoridade civil. Aqui no Brasil, nos últimos meses, ocorreram três fatos curiosos: a) um ex-comandante do Exército determinou uma guarda pessoal para o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, sem o conhecimento da Presidente da República; b) Num total desrespeito à Comissão da Verdade, o atual comandante do Exército encaminhou um ofício determinando que a tropa não se pronunciasse sobre tortura nos quarteis; c) Agora é o ministro da Defesa, a quem o comandante do Exército deveria ser subordinado, que, ao invés de admoestá-lo, endossa suas declarações, negando que tenha ocorrido tortura nos quartéis durante a Ditadura Militar. O Brasil é realmente um país sui generis. No Chile, a presidente Bachelet acaba de propor a  revogação da Lei de Anistia, aprovada pelo governo do Ditador Augusto Pinochet.

Tijolinho do Jolugue: Mais uma pérola do familismo amoral da máquina pública brasileira.




Nessas eleições há duas situações que ilustram a confusão que se faz no Brasil entre o público é o privado. Não sei se o termo correto seria confusão. Se estiver equivocado, peço desculpas ao Sérgio Buarque de Hollanda, que escreveu tão bem sobre o assunto, argumentando que, no Brasil,  os padrões de relações familiares são transferidos automaticamente para a administração pública. Em algumas repartições públicas os cargos de confiança são uma verdadeira capitania hereditária, distribuído com a vassalagem. O cidadão se aposentava e deixava no cargo um parente ou a amante. Uma verdadeira esculhambação, que transforma a máquina pública num negócio privado entre amigos. No Maranhão está ocorrendo um fato inédito. A polícia está à procura dos mortos - aliás muito vivos - que estão sacando dinheiro na boca do caixa, possivelmente oriundo de algum laranjal ou dos famosos trem da alegria. Alguém, certamente, está recebendo esse dinheiro por eles. Com a proximidade das eleições - faltam pouco mais de 20 dias - o clima esquentou de vez na Paraíba. Anda circulando um vídeo tratando dos problemas familiares do governador Ricardo Coutinho, neo-socialista, que tenta a reeleição. Esse vídeo surgiu depois que começaram as especulações em torno do salário de um senador da República, que deseja voltar a ocupar o Palácio Redenção, seu concorrente, candidato tucano. Um baita de um salário, superior ao de um ministro do STF e muito superior ao da presidente Dilma Rousseff, numa clara violação constitucional. O interessante ainda estava por vir. Inquirido num debate recente sobre o assunto, o senador alegou que o seu salário atingiu esse teto em razão do pagamento de uma pensão para a ex-esposa, como se o serviço público - financiado com nossos impostos - tivesse algo a ver com as suas aventuras amorosas. Nada de estranho para alguém com os seu hábitos. Outro dia torrou num restaurante rico de São Paulo a bagatela de R$ 7.500,00 num único jantar. A comanda foi paga pelo Senado Federal. 

Tijolinho do Jolugue: Eleições em Pernambuco: Análise ou torcida política?


No circuito acadêmico existem disputas acirradas. Ora orientadas pelo viés político, ora orientadas pelo viés metodológico, no sentido de fortalecer determinadas tendências de análises. Soma-se a isso, as disputas de vaidade, essas sim, as mais complicadas. Quando alguém no grupo se sobressai, pode esperar a rebordosa, quase sempre, numa perspectiva de desacreditar o sujeito ou suas ações o que, no fundo, é a mesma coisa. Há muito tempo acompanho um analista pernambucano que não costuma se comprometer, emitindo análises - segundo ele, desapaixonadas - sempre no sentido de que "ainda é cedo para se tirar qualquer conclusão'; "o candidato "A", pode vencer, assim como o candidato "B" pode vencer", "isso que fulano está fazendo não é análise, mas torcida". Ora, você afirmar que numa disputa entre dois candidatos ambos podem vencer, convém ficar calado.  Essa pessoa se coloca como o grande oráculo da ciência política no Estado, se arvorando como o único capaz de fazer análises isentas, desprovidas de paixões. Fica na moita, nunca se arrisca, mas está cercado de atores políticos ligados ao grupo político do ex-governador Eduardo Campos. Parece estar se desenhando no Estado uma articulação muito difícil de ser combatido, capaz de mover montanhas, quanto mais os resultados de uma eleição: a) Institutos de pesquisas, meios de comunicação de massa; b)máquina estadual e municipal a moer em torno de uma candidatura que se utiliza, inclusive de um cabo eleitoral já falecido; c) torcida explícita no momento das ponderações analíticas sobre o pleito. Para completar o circuito, o tal indivíduo ocupa os espaços escancarados das rádios, jornais e redes sociais para alardear que o tal candidato será o vencedor do pleito, num rito previamente combinado, onde sua torcida, no momento, parece indisfarçável. Ainda bem que os comentadores mais sensatos perceberam a armação e as suas contradições, cobrando dele afirmações recentes sobre o mesmo tema. Ninguém é bobo, senhor cientista político das escolhas racionais... talvez as suas.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Twitter dá bronca no candidato Aécio Neves.




Dilma e Marina até que possuem uma boa estratégia de atuação pelas redes sociais. O PT tem um grande know-how no assunto e Marina sempre manifestou uma preocupação com o tema, possivelmente orientada pelas reflexões do sociólogo Manuel Castells sobre assunto. Aliás, ao propor a criação da Rede, até no mome ela procura estabelecer uma identidade com o tema. Esse será, segundo Castells, o grande canal de mediação entre as demandas do cidadão e o Estado, minimizando, por sua vez, a importância de um poder como o Legislativo, corrompido e ineficiente. Há, aqui, claramente, uma tendência de corte populista ou, no limite, fascista. Faz sentido as provocações do pessoal de Dilma sobre como Marina pretende governar caso viesse a ser eleita. Ela faz uma ginástica danada para se arranjar com essas respostas, mas não convence. Afinal, ainda estamos numa democracia representativa e quem ousou governar sem os partidos caiu. 

Quando o cabeça de chapa era o ex-governador Eduardo Campos, as coisas também não iam muito bem. As lambanças culminaram com a saída do coordenador da mídias sociais da campanha. Já o candidato Aécio Neves também enfrenta uma série de problemas e sua forma de enfrentá-lo vem gerando ainda mais problemas. Depois de condenar o submundo da internet sobre os possíveis boatos que se espalham na rede sobre a sua pessoa, sua assessoria jurídica resolveu investir contra usuários da rede Twitter que, segundo ele, estaria denegrindo sua imagem pública. Exigiu que a rede fornecesse os dados pessoais de 66 tuiteiros. O pedido foi negado pela justiça, posto que desprovido de uma argumentação sólida, e os administradores da rede, em seguida, deram uma resposta contundente ao candidato, sintonizada com o direito à liberdade de expressão. 

Quando o sujeito encontra-se sob um tal turbilhão, o melhor caminho é deixar a poeira baixar. Tomar medidas nesse momento, pode até agravar o problema. A assessoria do candidato precisava tê-lo orientado corretamente quanto às consequências de uma medida dessa natureza e os reflexos - negativos - sobre a sua campanha. Alguém já havia previsto que isso não daria em nada. Entenda-se que do ponto de vista dos tuiteiros acionados, alguns deles sequer reúnem condições de constituir advogado. Do ponto de vista do candidato Aécio, os prejuízos são evidentes. Ocorreram muitas manifestações de apoio aos tuiteiros, uma série de artigos circulando pela rede sobre o assunto e incontáveis inimigos forjaram-se com tal atitude. O pior é quando se estabelece um paralelo de sua atitude, no tocante à questão da liberdade de expressão, com um possível governo tucano, onde, possivelmente, a truculência seria evidente. Sua passagem pelo Governo de Minas Gerais foi marcado por muitos problemas com a imprensa. Há jornalistas processados, presos e desempregados em razão de  críticas ao seu Governo. Adotava-se ali a prática de se ligar para as redações dos jornais exigindo a cabeça do "transgressor" que havia escrita uma matéria contra o Governo. Aqui em Pernambuco, até recentemente, estava sendo adotada uma prática semelhante. talvez isso explique o silêncio dos grandes jornais locais sobre um certo jatinho.  Vejam a resposta do microblog Twitter:

A “denúncia” não vicejou na Justiça, e ainda rendeu “bronca” do Twitter ao candidato a presidente: “Com a devida vênia, são meras elucubrações do autor, absolutamente desprovidas de qualquer indício de veracidade”, pontuou comunicado da empresa, em resposta a pedido do próprio juiz acionado por Aécio, que negou pedido de sigilo sobre a ação e determinou que provas concretas de irregularidade fossem apresentadas de acordo com os perfis dos militantes virtuais.
“Quanto à conduta de usuários cuja ilicitude em nenhum momento restou demonstrada, não podem servir de fundamento para a eventual quebra do seu sigilo de dados. Admitir esse tipo de medida corresponde a transformar o Poder Judiciário em instrumento de perseguição de cidadãos, dando margem ao surgimento de um Estado policialesco, que desconsidera as garantias fundamentais dos cidadãos de forma injustificável. (…) No mérito, requer o Twitter Brasil que seja julgada improcedente a demanda, com a condenação do Autor ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios”, concluiu o Twitter.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Cid Benjamim: Gracias a la vida




Hoje é aniversário do golpe militar que derrubou Salvador Allende no Chile, em 1973, dando início a uma das mais sangrentas ditaduras na América Latina.
Assim, como um grande número de brasileiros, eu estava exilado naquele país.
Como acontece a cada 11 de setembro, me lembro, emocionado, do que aconteceu.
Transcrevo aqui uma passagem de meu livro de memórias - "Gracias a la vida" - em que falo desse dia fatídico.

"O processo político chileno caminhava para um impasse. A direita, com o apoio aberto dos Estados Unidos, fazia de tudo para criar dificuldades para o governo Allende. Seu objetivo era tornar a vida das pessoas tão difícil que estas acabassem apoiando quem se apresentasse como capaz de restabelecer a ordem. A CIA (a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos) esteve por trás de uma greve nacional de caminhoneiros que se estendeu por meses e interrompeu a chamada Carretera Central, que corta o país de Norte a Sul. Com isso, prejudicou enormemente o abastecimento de gêneros de primeira necessidade. Essa participação da CIA foi comprovada anos depois, com a divulgação de documentos oficiais pelo próprio governo americano.
"Nos supermercados começavam a faltar produtos básicos: carne, leite, laticínios, sabão em pó, sabonete, papel higiênico. As pessoas corriam para avisar aos amigos quando num determinado lugar chegava tal ou qual produto. Que, por sinal, logo acabava.
"Os trabalhadores reagiam de diferentes formas, inclusive as mais heterodoxas. Em certo momento, os lixeiros resolveram dar o troco à direita e passaram a não recolher mais o lixo em bairros da burguesia. Viam-se, então, empregados domésticos uniformizados queimando lixo em ruas chiques de Santiago.
"A sociedade se dividia. Como as Forças Armadas chilenas tinham uma tradição de legalidade, muita gente achava que manteriam essa postura. A ilusão custou caro.
"A situação no Chile em 1973 chegou a tal ponto que Allende resolveu submeter a continuação de seu governo a um plebiscito. Se vencesse, o que era perfeitamente viável, ganharia novo fôlego e a direita se veria sem condições políticas para dar o golpe. Mas os militares, a essa altura já comandados pelo general Augusto Pinochet, pois Prats tinha pedido para passar para a reserva, apressaram seus planos e agiram antes que Allende anunciasse a realização do plebiscito.
"No dia 11 de setembro, veio o golpe, que, em seu momento inicial, talvez tenha sido o mais violento dentre todos os acontecidos na América Latina.
Na ocasião, já estávamos há poucas semanas, eu, Isolde e Ani, em outra casa, melhor do que o apartamento em que, até então, tínhamos morado.

"No dia do golpe, saí cedo para uma reunião política com brasileiros. Na rua, senti um clima estranho. E havia grande movimento de helicópteros e aviões. Perguntei a um transeunte se tinha acontecido algo.
“Los milicos se alzaran”, foi a resposta.

"Voltei para casa e avisei Isolde, pedindo para ela preparar as coisas para o caso de termos que sair abruptamente. Já não havia quase ônibus. Pegando carona e caminhando comecei a me deslocar pela cidade, àquela altura repleta de veículos militares com soldados. Contatei militantes chilenos que conhecia, mas eles estavam desorientados. Os esquemas de resistência dos partidos de esquerda se baseavam, em grande medida, nas emissoras de rádio de que cada um deles dispunha. Mas todas receberam um ultimato dos militares para que entrassem em cadeia com uma emissora já ocupada por eles. Ainda assim, uma delas, a Rádio Magallanes, transmitiu o último discurso de Allende, feito quando o Palácio de La Moneda estava sendo bombardeado pela Força Aérea. Esse discurso é uma peça histórica. Não o escutei no dia, mas me emociono com a inteireza política, a lucidez e a coragem demonstrada pelo presidente chileno cada vez que o ouço, mesmo anos depois.
"A Allende foi oferecida pelos golpistas a alternativa de seguir para o exílio, levando consigo todas as pessoas que desejasse, sem limite de número. Era uma tentativa de, além de pôr fim à experiência da Unidade Popular, desmoralizar seu líder máximo.
"Allende recusou a proposta. Teve a compreensão de seu papel histórico. Percebeu que não tinha o direito de render-se para poupar a sua vida e as de pessoas próximas, deixando o povo chileno entregue à sanha dos golpistas. Morreu de fuzil em punho no Palácio de La Moneda.
"Andando nas ruas para um lado e outro, em busca de contatos com militantes de esquerda que conhecia, tentei, ainda, chegar aos cordões industriais, o conjunto de fábricas na periferia de Santiago. Lá eu conhecia ativistas que tinham forte liderança. Mas a região já estava sendo cercada por forças do Exército.
"Dei meia volta e comecei uma caminhada para casa. Ela duraria umas boas duas ou três horas. Presenciei, então, uma das cenas mais tristes de toda a minha vida: centenas de trabalhadores andando cabisbaixos, em fila indiana, muitos com marmitas nas mãos, depois de deixar as fábricas, e sendo monitorados por soldados do Exército armados de fuzis. A derrota estava estampada no rosto de cada um deles. Tive vontade de chorar.
"Pouco depois encontrei por acaso Sérgio de Castro Lopes, um brasileiro que vivia legalmente no Chile. Ele era filho de Valdecir, o amigo do meu pai que tinha arcado com as despesas do parto da Isolde. Sérgio estava de carro e me deu uma informação fundamental: a partir das 14h, mais ou menos duas horas depois, entraria em vigor o toque de recolher. Quem estivesse nas ruas seria preso.
"Fez mais: ofereceu-se para me dar carona até a minha casa e, depois, me levar, com Isolde e Ani, para a residência de uns amigos ingleses. Seria um lugar muito mais seguro. Aceitei de bom grado. Para não despertar suspeitas, fomos só com a roupa do corpo e as fraldas e mamadeiras da Ani para a casa dos ingleses. Eles moravam num local amplo, com um vasto quintal arborizado e nos receberam muito bem. Ficamos lá uns dois dias. Nesse meio tempo, nos intervalos do toque de recolher, saí umas duas ou três vezes para encontrar conhecidos brasileiros e chilenos, mas ninguém tinha a mínima idéia de como resistir.
"Diante disso, consideramos inútil continuar no Chile. O casal de ingleses nos levou de carro à porta da Embaixada do México, a mais próxima de onde estávamos, onde nos refugiamos. Depois soubemos que a casa em que morávamos tinha sido invadida e saqueada pelo Exército.
"Tivemos muita sorte. Primeiro, por eu ter encontrado Sérgio – pessoa extremamente amiga e solidária – que me trouxe a informação preciosa sobre o toque de recolher, me deu carona e nos conseguiu guarida com o casal de ingleses. Mas também porque minutos depois de termos entrado, sem problemas, na Embaixada do México, ela foi cercada por carabineiros.
"Passamos uns 20 dias na embaixada. Havia cerca de 200 pessoas na casa, que era grande, mas sem capacidade para receber tanta gente. As janelas tinham que ficar permanentemente fechadas, para evitar o risco de franco-atiradores, que já haviam assassinado com um tiro de fuzil uma refugiada que estava no gramado da Embaixada da Itália.
"O embaixador e os diplomatas mexicanos se esmeravam, mas tinham dificuldades para receber e alimentar tanta gente. Na casa, nos revezávamos para dormir, porque não havia lugar para todo mundo deitar, mesmo no chão. Os banheiros não davam conta da quantidade de gente e, logo, os vasos sanitários começaram a entupir. Muitas crianças passaram a ter diarréia. Foi uma situação difícil. Mas, pelo menos, estávamos a salvo da barbárie que se instalou naquele lindo país – na época o mais politizado da América do Sul.
"As dificuldades não eram só de ordem material. Como era natural, os chilenos estavam, ainda, mais tocados do que os estrangeiros com a derrota. Na embaixada, algumas discussões entre partidários da PC, adeptos da estratégia desenvolvida por Allende e a Unidade Popular, e militantes do MIR, defensores da inevitabilidade de um enfrentamento armado no caminho para o socialismo, não ajudavam muito naquela situação.
"Como tínhamos criança pequena, fomos escalados para seguir rumo ao México no primeiro vôo de refugiados a deixar a embaixada.
"Viajei de coração partido. Criara vínculos afetivos com o Chile e antevia dias muito difíceis para aquele povo acolhedor e generoso."

Cid Benjamim

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Michel Zaidan Filho: Por que não esquecer Eduardo Campos?





Meus  abusados leitores eduardianos reclamam porque não  esqueço de Eduardo  Campos. Gostaria muito que, uma vez falecido, ele descanse em paz, como todo bom morto. Infelizmente, neste caso isso não é possível. A revista paulistana CARTA CAPITAL, dessa semana, publicou uma notícia do além: segundo o periódico de São Paulo o ilustre falecido de Pernambuco e ex-candidato à Presidência da República pelo PSB teria doado a Marina Silva a singela importância de 2.500.000,00 reais, para a campanha dela, DEPOIS DE MORTO! ou seja, no dia seguinte ao acidente aéreo que o vitimou. Como se vê, é difícil esquecer um falecido assim, que, mesmo depois de morto, ainda continuou operando, agindo, interferindo no rumo das eleições presidenciais. Seria o caso de a Justiça Eleitoral e o Ministério Público Eleitoral perguntar pelo endereço do Centro  Espírita (e o nome do médium) onde  foi feita essa "doação". Ao que sabe, os mortos não podem votar, nem serem votados e nem doarem dinheiro para campanha eleitoral. Caso não previsto pela legislação atinente aos candidatos vivos. Ainda não há uma legislação eleitoral para candidatos mortos. Embora eles ajam por aí, com a conivência explícita dos familiares e correligionários.

E  por falar em doação para a campanha eleitoral, os comunicadores do sistema JC vieram me indagar sobre a revelação do ex-diretor da Petrobras sobre o pagamento regular de propinas  aos políticos e governadores da base aliado do governo federal, incluindo aí, nada mais nada menos, do que o falecido. Está vendo por que a gente não consegue esquecer o nome dele? - Perguntaram qual a influência que essas revelações poderiam ter sobre os rumos da eleição presidencial.
Primeiro, o aumento do ressentimento da opinião pública contra a política, os partidos e os candidatos.

Segundo, o aumento do desgaste político da  imagem do Governo Federal. Afinal, o principal responsável pela moralidade da administração pública na país é o Presidente. Ele é que nomeia e demite os seus assessores.
Terceiro, o financiamento da campanha do PSB. Afinal de contas: de que fonte abundante e generosa jorra tanto dinheiro para financiar a campanha da candidata do PSB? - do Céu? do Pastor Silas Malafaia? da Assembléia de Deus? -
Existem muitas perguntas sem respostas em torno dos doadores (deste e do outro mundo) da campanha de Marina Silva à Presidência da República. Como ela costuma posar de vestal, pura, renovada, na propaganda eleitoral do PSB, seria muito bom, necessário e oportuno que ela começasse a se explicar quem são os financiadores de sua campanha, o que eles querem, o que foi prometido (em nome de Deus) a eles.
Amém.

Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador e professor da Universidade Federal de Pernambuco.

Tuiteiro Gerson, deprimido: "Aécio, como pode me incluir fora dessa?"

publicado em 10 de setembro de 2014 às 0:02
Gerson Carneiro
Carta aberta do tuiteiro Gerson Carneiro a Aécio Neves
Pessoal, boa noite.
Só agora, quase 36 horas após a hecatombe é que recuperei minhas forças e posso tocar no assunto.
É verdade. Fui ao psicólogo. Deprimido.
Anos e anos. Dias após dias. Madrugadas atrás de madrugadas…
Aí vem o Aécio. E processa esse mundo de gente.
Meu coração acelerou quando me deram a notícia. Pensei em mãinha. Corri. Fui conferir.
E o meu nome. O meu nome? Não estava lá.
Caí em prantos. Me senti ultrajado. Hiper desprestigiado.
Que é isso Aécio? Como pode me incluir fora dessa?
Logo eu?!
Como darei essa notícia à mãinha?
Ela está com 82 anos, gente!
Nem eu estou aguentando esse banque.
Como dizia o Tim Maia:
“É, engraçado, ás vezes a gente sente, e fica pensando
Que está sendo amado, que está amando, e que
Encontrou tudo o que a vida poderia oferecer
E em cima disso a gente constrói os nossos sonhos
Os nossos castelos, e cria um mundo de encanto onde tudo é belo
Até que a alguém que a gente ama, vacila e põe tudo a perder
E põe tudo a perder… e põe tudo a perder.
Me dê motivo.”
Mas eu vou recuperar minhas forças.
Um dia Aécio há de olhar pra mim.
Valeu pessoal. Meus seguidores em especial. Peço desculpas por decepcioná-los. Aonde foi que eu errei?
Mas ao menos um alento:
Estou na lista de espera aguardando a segunda chamada.
Beijo pra quem é de beijo. Abraço pra quem é de abraço.
Axé babá!
A luta continua.
Gerson Carneiro.
PS do Viomundo: Gerson, a NaMariaNews está deveras sensibilizada com a tua dor. Pediu a mim, Conceição Lemes, que lhe dissesse que está orando muito para São Serapião lhe dar conforto nesta dura hora e que  você alcance o teu tão sonhado desejo. Em solidariedade, ela acaba de criar o grupo dos MALS. O Movimento Aécim dos Sem Lista. Alvíssaras.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Luis Nassif: Uma entrevista-bomba do economista de Marina

publicado em 9 de setembro de 2014 às 13:39

marinagiannetti
Uma entrevista-bomba de Eduardo Gianetti
Luis Nassif, no GGN 
A entrevista de Eduardo Gianetti – o economista de Marina Silva – ao jornal Valor Econômico (está abaixo)  é literalmente uma bomba. Gianetti – que é um filósofo – avançou radicalmente além das chinelas e, em nome de Marina Silva,  apresentou um conjunto de propostas econômicas desconjuntadas e imprudentes.
Ele vai despejando medidas, parecendo atender às demandas de cada grupo aliado, sem conseguir desenhar o cenário resultante. É como se cada medida se bastasse a si própria, sem consequências para o todo.
Comporta-se como o jogador de xadrez novato que só consegue analisar a jogada em curso, sem  discernimento sobre seus  desdobramentos.
***
Por exemplo, tem-se um problema: as interferências de Dilma nos preços administrados criaram uma inflação represada que impede a convergência das expectativas de mercado. Ninguém sabe para onde irá a inflação quando os preços forem liberados.
Dilma propõe – para o pós-eleições, é claro – um reajuste gradual das tarifas no tempo, para evitar um choque inflacionário.
Gianetti defende um choque tarifário – a correção imediata dos preços administrados. Se tem um problema – diz o valente – temos que enfrentá-lo.
De fato, tirará do horizonte uma variável indefinida. Mas a converterá uma expectativa de inflação em uma inflação concreta.
Quais os efeitos de um aumento súbito da inflação nas expectativas empresariais? Gianetti não saberia avaliar, mas sabe de uma coisa: choques semelhantes foram aplicados no início do governo FHC e Lula, sendo bem sucedidos.
O excelente entrevistador educadamente lembra Gianetti que, nos exemplos citados, o grande peso da inflação era dado pelo câmbio (que sofreu grandes desvalorizações nos dois casos) e não havia o quadro de emprego e renda que se tem hoje.
Confrontado com a informação, qual a reação do bravo Gianetti? Admite que “a situação em certos aspectos era diferente da atual, de fato” – o emprego do “certos aspectos” passa a ideia de conhecimento de todos os aspectos, sem a necessidade dele enumerá-los. E como tratar a situação diversa que se tem hoje? Da mesma forma. Limita-se a acreditar “sem a menor dúvida”, como ele diz, “de que há um custo de fazer o ajuste hoje, mas ele certamente é menor do que o custo de não fazê-lo”.
***
Todas suas afirmações são reforçadas por demonstrações de fé e confiança, “sem a menor dúvida”, “certamente”. Não desenvolve raciocínios sobre os problemas apresentados, não estima desdobramentos. Mas “certamente” ele tem certeza de que o caminho que escolher é o melhor.
Suas teorias poderiam ser taxadas de “autoengano” promovido pelo excesso de fé e pouco uso da razão.
***
Mas não fica nisso.
Não bastasse o alinhamento tarifário, ele defende a bandeira de que não haverá mais aumento da carga tributária – conforme a expectativa de vários ambientes em que foi vender seu peixe – mas propõe também a volta da CIDE (o imposto sobre combustíveis) – conforme a expectativa dos produtores de álcool com quem esteve recentemente. Ou seja, propõe dois choques  para a gasolina: o realinhamento tarifário e a volta da CIDE.
Mas a volta da CIDE significa um aumento da carga tributária, observa o entrevistador astuto. Sim – admite Gianetti, que provavelmente não tinha atinado com essa obviedade. Mas responde com outra obviedade: cortaremos em outros despesas.
Quais delas?
***
O que se tem até agora são dois choques tarifários disparando a inflação. A peça seguinte é um Banco Central independente, levando a Selic onde for necessária, mas sendo auxiliado por um choque fiscal, para dar coerência ao pacote.
E onde vai cortar? No crédito subsidiado, diz o filósofo do autoengano, em um momento em que Dilma Rousseff martela diariamente na sua campanha eleitoral sobre o significado de acabar com o crédito subsidiado. Hoje em dia, há crédito subsidiado para a indústria, agricultura e programas sociais.
Gianetti é adepto da tese de que a indústria chora por vício, não por necessidade. “Acho que a indústria deve se preparar para uma operação desmame. Ela está acostumada a chorar e ser atendida”.
Com a eleição da Marina, a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) do BNDES vai subir para não haver subsídio. Considera-se subsídio a diferença entre a TJLP e a Selic. A taxa distorcida é a Selic (que remunera os títulos da dívida pública); mas Gianetti trata a TJLP (que serve de base para os financiamentos) como se fosse a abusiva.
Toda a política agrícola é fundada em crédito subsidiado, assim como um sem-número de políticas sociais, como Minha Casa, Minha Vida.
***
A indústria se verá frente ao aumento da inflação, aumento de juros de curto prazo (com a Selic) e de longo prazo (com a TJLP); câmbio apreciado, por conta da entrada de dólares atrás dos juros; choque tarifário, com o adicional do CIDE; sem políticas industriais pela frente. E como ficará o emprego?
O mágico Gianetti, o economista que não tem dúvidas, responde que “o desemprego já é uma realidade e a ideia é que termine o quanto antes”. Como? Fé cega e tesoura amolada. “A experiência mostra que a capacidade de resposta da sociedade brasileira é muito forte. Tendo a crer que ainda em 2015 será possível ver a volta da economia ao crescimento, se for muito bem feito”.
Não se trata de nenhuma afirmação científica, calçada em dados, analisando todos os desdobramentos da política econômica. Trata-se de matéria de fé: “Tendo a crer (…) se for tudo muito bem feito…”
Esquece que um choque inflacionário afeta diretamente as expectativas e a confiança dos agentes econômicos. Se junto com o choque inflacionária derrubar o mercado de consumo, quebrará a única perna que sustenta o PIB hoje em dia. E se, junto com a inflação, sobrevier uma recessão – fruto do choque fiscal e tarifário – só um milagre para  empresários sem mercado e sem estabilidade de preços manterem a confiança na economia.
Perde a agricultura, perde a indústria e não ganham os programas sociais.
Eles serão mantidos apenas na hipótese de haver folga fiscal, como garante nosso bravo filósofo macroeconomista.
***
Indagado sobre qual a diferença de Marina sobre os demais candidatos, Gianetti é cândido: “Não vemos a economia como um fim em si mesmo, ela é pré-condição para uma vida melhor para todos, de uma realização mais plena. O sonho que nos move é que a economia deixe de ocupar o lugar de proeminência que ela ocupa hoje no debate brasileiro para que a gente possa focar em questões ligadas à cidadania, à realização humana, à felicidade”.
do Valor
Programa de Marina será cumprido quando conta fiscal permitir
Por Denise Neumann e Catherine Vieira | De São Paulo
Direto e sincero, o economista Eduardo Giannetti, um dos principais conselheiros de Marina Silva, candidata do PSB à Presidência da República, não doura a pílula ao falar como vão ser enfrentados os desafios que ele vê hoje no país, em eventual vitória da sua candidata. A opção para fazer o ajuste econômico será pela via mais dura (porque permite uma volta mais rápida ao crescimento), os compromisso sociais assumidos no programa vão depender do equilíbrio fiscal e a indústria pode se preparar para uma operação “desmame”. Embora evite detalhar como seria feito o ajuste econômico, e se ele incluiria aumento de juros, ou corte de despesas, para elevar o superávit primário, Giannetti admite que ele não será simples.
Antes de iniciar a entrevista, Giannetti avisa que não é “o” porta-voz econômico da campanha, mas um conselheiro e um dos formuladores do programa. Dito isso, admite que não será simples “arrumar” o Brasil. “Não tenho a menor dúvida de que há um custo de fazer o ajuste, mas ele certamente é menor do que o custo de não fazê-lo”, disse. Questionado se os compromissos assumidos no programa não são conflitantes com a perna fiscal do tripé macroeconômico, foi muito claro. “Os compromissos serão cumpridos à medida que as condições viabilizarem, sem prejuízo do equilíbrio fiscal.”
Ao falar sobre a formação de um eventual governo Marina, ele deixou claro que a campanha espera adesões já no segundo turno, e repetiu que não se vê como ministro da Fazenda. Perguntado se técnicos do PSDB podem ter cargos no governo, disse que sim, e fez referência espontânea, sem citar nomes, aos quadros técnicos do PT do primeiro mandato de Lula, “que são de extraordinária qualidade”. Faziam parte daquele grupo Joaquim Levy, Marcos Lisboa e Bernard Appy, entre outros. Leia, a seguir, trechos da entrevista.
Valor: Quais os principais problemas da economia brasileira?
Eduardo Giannetti: O problema básico do Brasil hoje é uma combinação pouco usual de três fatos que não costumam caminhar juntos. Temos baixo crescimento crônico, inflação teimosamente na vizinhança do teto definido pelo sistema de metas com o agravante de que ela está artificialmente controlada tanto por preços administrados represados quanto por câmbio artificialmente mantido num patamar sobrevalorizado, e déficit em conta corrente de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) que nos coloca em uma situação de eventual vulnerabilidade externa. É muito estranho que essas três coisas se combinem simultaneamente. Com crescimento tão baixo, a inflação deveria estar bem comportada, e se você tem um déficit em conta corrente de 3,5% do PIB, você estaria investindo a uma taxa expressiva. Cada um desses fatos isolados já seria um ponto de apreensão, os três juntos é sinal de coisas realmente fora do lugar.
Valor: E quando se pensa na correção, que ajuste é esse?
Giannetti: Vejo dois movimentos importantes. Um de ações corretivas, de desfazer equívocos, distorções e desequilíbrios que vieram se acumulando nos últimos anos e, ao mesmo tempo, uma nova agenda de reformas microeconômicas, institucionais e de melhoria do ambiente de negócios que libere o potencial de crescimento do Brasil e dê mais confiança e previsibilidade para que se volte a investir.
Valor: Que ações corretivas?
Giannetti: Vamos ter que voltar e reconstruir o tripé macroeconômico. É um retrocesso ter que voltar a falar isso, pois era algo amadurecido no Brasil, como uma base a partir da qual se pensava para frente, mas o governo Dilma foi tão desastrado e irresponsável que fragilizou as três pernas do tripé. A fiscal, a monetária e a cambial.
Valor: Para fazer essa correção será preciso aumentar juros?
Giannetti: Não vejo isso como necessariamente o caso. Vai depender de o governo voltar a agir de maneira integrada, coisa que não vem acontecendo. Temos política fiscal expansionista acompanhada de politica monetária contracionista, parte do governo expande o crédito e dá estímulos e outra parte aperta a política monetária e tenta conter a oferta de credito e segurar a demanda. O simples fato de integrar as peças da politica macroeconômica já diminui a necessidade eventual de mais juros. Mas reduzir o juro tem que ser o objetivo de longo prazo.
Valor: Precisa aumentar o superávit fiscal?
Giannetti: A primeiríssima coisa é aumentar a transparência, tomar pé da verdadeira situação fiscal, que hoje está difícil de saber qual é. O governo inventou tantas artimanhas, truques e malabarismos para manipular números que está difícil tomar pé da situação. Precisa colocar a situação fiscal em ordem e produzir superávits fiscais necessários para se restabelecer a confiança e a sustentabilidade das contas públicas.
“Não tenho dúvida de que há um custo de fazer o ajuste hoje, mas ele certamente é menor do que o de não fazê-lo”
Valor: O sr. desenha um cenário atual de deterioração muito forte da economia. Não precisa de um remédio igualmente forte?
Giannetti: Na vida, você se depara com duas opções, muitas vezes. Diante de uma situação de anomalia, você pode aceitar uma dor mais aguda e curta ou uma situação em que a dor é prolongada, você não enfrenta situação de intensidade imediata, mas o problema se prolonga por muito mais tempo.
Valor: Qual a opção de vocês?
Giannetti: A julgar por experiências recentes de ajustamento macroeconômico no Brasil, eu tendo a crer que vale a pena fazer o que precisa ser feito rapidamente. Em relação a preços administrados, por exemplo, se não convencer de que o que tinha que ser feito foi feito, a expectativa do que falta fazer vai alimentar a expectativa de inflação futura, o que dificulta fazer as expectativas convergirem de novo para o centro da meta. As experiências recentes de ajustamento macroeconômico foram bem-sucedidas. Isso aconteceu em 1999, na virada do primeiro para o segundo mandato de Fernando Henrique, e depois em 2003, no primeiro mandato de Lula.
Valor: Mas naquele momento o grande peso na inflação era o câmbio, e não havia esse quadro de emprego e renda que temos hoje..
Giannetti: A situação em certos aspectos era diferente da atual, de fato. Não tenho a menor dúvida de que há um custo de fazer o ajuste hoje, mas ele certamente é menor do que o custo de não fazê-lo. A diferença fundamental é você estar enfrentando uma dificuldade que é legitima porque restabelece um horizonte de volta ao crescimento versus estar enfrentando uma situação de dificuldade sem nenhuma perspectiva de reconquistar a confiança e um horizonte de normalização. São as duas coisas que estão em jogo hoje no Brasil. Não pode contar só com o choque de confiança, ele é parte importante e ele vai ser ainda mais importante se vier acompanhado de um movimento crível de que as coisas voltaram a se direcionar no caminho certo. A confiança é fundamental, mas precisa ter lastro.
Valor: Esse ajuste passa por desemprego e queda de renda?
Giannetti: O desemprego já é uma realidade e a ideia é que termine o quanto antes. Não está nos planos de ninguém fazer ajuste recessivo. Não é disso que se trata. Se trata de restabelecer a confiança e mostrar que a economia voltou a um bom caminho. A experiência mostra que a capacidade de resposta da sociedade brasileira é muito forte. Tendo a crer que ainda em 2015 será possível ver a volta da economia ao crescimento, se for muito bem feito.
Valor: No programa vocês defendem a volta do tripé macroeconômico. Mas a perna de austeridade fiscal não conflita com a democracia de alta intensidade e com a pauta das ruas no ano passado?
Giannetti: Os compromissos assumidos no programa serão cumpridos à medida que as condições viabilizarem, sem prejuízo do equilíbrio fiscal. Quais são as condições que viabilizarão isso? A revisão das prioridades nos orçamentos fiscal e parafiscal, a evolução da arrecadação, a retomada do crescimento e a melhoria da gestão do Estado. Os compromissos assumidos serão cumpridos, mas condicionados à evolução fiscal.
Valor: Talvez eles não sejam cumpridos nos primeiros anos?
Giannetti: Sem a menor dúvida. Esses compromissos se distribuem no tempo. É um erro grave imaginar que o que está colocado no programa vai se materializar no primeiro orçamento. Não será o caso. É preciso construir condições adequadas para que isso possa acontecer ao longo do mandato.
Valor: É possível aumentar gastos sem elevar a carga tributária?
Giannetti: É um compromisso não aumentar a carga tributária.
Valor: E como isso será possível?
Giannetti: Pela revisão das prioridades no orçamento, o que inclui desonerações, subsídios explícitos e ocultos que hoje estão prejudicando muito esses compromissos de caráter mais social. Vai depender da evolução da arrecadação, à medida que a economia for retomando, vai depender do PIB, vai depender da gestão, de reduzir o desperdício.
Valor: Vocês identificam despesas que poderiam ser cortadas?
Giannetti: É muito difícil para quem está fora do governo e não tem acesso, rubrica por rubrica, dar essa resposta. Mas vejo uma extravagância muito grande na expansão do crédito subsidiado no Brasil, vejo uma isenção da Cide sobre combustível que prejudica a arrecadação e prejudicou um setor importante da economia, que é o etanol, e que em algum momento vai ter que ser revista, porque não adianta subsidiar e estimular o combustível particular.
Valor: Isso significa que a Cide pode voltar?
Giannetti: Isso vai ser debatido.
Valor: Mas não seria um aumento de carga tributária?
Giannetti: A Cide vai voltar, mas outras coisas podem sair. Quando se fala em carga tributária é a bruta, de 36% do PIB. Ela cresceu em todos os governos desde a Constituição de 88.
Valor: Falando em prioridades, é possível desmontar de imediato essa operação de repasses para BNDES e demais bancos públicos?
Giannetti: Não, não vai ser um choque, porque teria um efeito traumático e ninguém quer isso, mas vai ter que rever essa política extravagante que levou a uma expansão de 9% do PIB na oferta de crédito subsidiado financiado com dívida pública. O BNDES é um típico caso de remédio-veneno. Não tem nenhum problema em, durante uma crise como 2009, financiar um aumento da oferta de crédito via BNDES por meio do endividamento bruto do Tesouro. É perfeitamente legítimo. O problema é que o governo Dilma levou ao limite o uso desse tipo de “funding” para que o BNDES escolha campeões nacionais e transfira recursos do contribuinte em subsídios para seus parceiros, que são grandes empresas que poderiam se financiar no mercado de crédito ou com lucros retidos ou no mercado internacional. Segundo cálculo do Mansueto Almeida, o subsídio implícito no descasamento de juros entre o que o Tesouro paga, que é no mínimo a Selic, e o que o BNDES recebe é superior ao volume total do Bolsa Família.
Valor: O remédio-veneno é pelo fiscal e pelo mercado de crédito?
Giannetti: Sim, ele tolheu o mercado de capitais, distorceu o mercado de crédito, prejudicou a política do Banco Central de aperto monetário, fora a falta de transparência, que é gravíssima no estado de direito. Não é nenhum problema manter subsídio no estado de direito, mas é uma regra de ouro que ele seja explícito e passe pelo orçamento. Do modo como ele está sendo feito no BNDES ele é oculto, ele não foi negociado e ele está transferindo para grupos privilegiados recursos da sociedade brasileira. Isso é política parafiscal.
Valor: A indústria precisa se preparar para receber menos de um eventual governo Marina?
Giannetti: Acho que a indústria deve se preparar para uma operação desmame. Ela está acostumada a chorar e ser atendida. Ela vai ter que se acostumar a uma situação em que ela será vitoriosa se for bem na competição. E ela irá bem na competição de mercado se for eficiente e inovadora. Temos que sair da situação em que vale mais a pena para uma empresa ter uma boa rodada de negociação em Brasília para uma situação em que vale a pena para ela concentrar sua atenção e seus esforços em fazer melhor o que ela faz ou em fazer algo que ninguém está fazendo.
Valor: A indústria diz que para dentro da fábrica ela é competitiva. Que o problema é para fora, o juro alto, o câmbio, carga tributária…
Giannetti: O que vai precisar é integrar mais a economia brasileira, fazer uma nova rodada de abertura comercial, de mais integração competitiva, e dar para o empresário a confiança de que as regras são permanentes e não vão ser negociadas de maneira arbitrária na base da pressão setorial. Elas valem para todos, serão horizontais e visam ao aprimoramento do ambiente de negócios. No governo Dilma houve um retrocesso para um modelo de microgerenciamento, que gerou uma espiral intervencionista no Brasil.
Valor: O sr. disse que seria possível num eventual governo Marina ter Fernando Henrique e Lula, como isso se daria?
Giannetti: Não se trata de participar no sentido de ter um cargo ou integrar o governo. Significa que são líderes de forças políticas relevantes com as quais nós certamente desejamos trabalhar.
“A indústria deve se preparar para uma operação desmame. Ela está acostumada a chorar e ser atendida”
Valor: Quanto a perda do Eduardo Campos pode prejudicar o projeto da ‘nova política’ de reunir líderes importantes de diversos partidos, excluindo a parte pior?
Giannetti: A perda do Eduardo Campos é irreparável e vai se fazer sentir por muitas gerações no Brasil. Uma liderança como a dele não se improvisa, é obra de uma dedicação e de um empenho infatigáveis, uma espécie de dom da natureza. Há pessoas que são nascidas e talhadas para a liderança. Vai fazer muita falta especialmente em duas dimensões: competência de gestão e de articulação política. Deixa um déficit, uma lacuna e na dimensão em que ele era capaz, acho que é impossível preencher.
Valor: E como vocês pretendem suprir isso, dado que há projetos de reformas política e tributária logo para o começo do governo?
Giannetti: Isso é o que se está muito empenhado em definir e trabalhar e não há uma resposta que eu possa dar satisfatória a essa altura, mas acho possível encontrar essa resposta. Tenho impressão que, quando estiver definido o segundo turno, vai haver um reordenamento das forças políticas no Brasil.
Valor: E não é a velha política que virá para vocês..?
Giannetti: Depende de como é feito, vão vir bons e ruins. Virá também um contingente de oportunistas querendo tirar beneficio de uma nova situação de poder. Nós vamos ser muito criteriosos em saber se aliar àqueles que têm a agregar e que têm realmente afinidade de projeto com as nossas propostas.
Valor: O sr. vê nomes que estão com o PSDB na equipe de Marina?
Giannetti: Evidente que sim. E quadros que não tiveram experiência de governo também. O Brasil felizmente tem técnicos e pessoas dispostas a se engajar em politicas publicas nos mais diferentes setores, não só em economia. E por que não quadros técnicos do PT no primeiro mandato do Lula, que são de extraordinária qualidade? Não restringiria isso ao PSBD de forma nenhuma.
Valor: Que nomes vocês gostariam de ter na equipe de governo?
Giannetti: Não vou entrar em nomes, mas a equipe do ministro [Antonio] Palocci no primeiro mandato do Lula é uma equipe de primeiríssima qualidade.
Valor: O sr. se vê ministro da Fazenda?
Giannetti: Não, eu não me preparei para isso na vida, não tenho tino para isso e não tenho ambição. Eu gosto de estudar, de escrever, de pensar. Posso ajudar na formulação, em estratégia, e, se for chamado a fazê-lo, posso ajudar na escolha de nomes.
Valor: E o ministro da Fazenda pode, então, ser o Arminio Fraga?
Giannetti: Acho prematuro discutir nomes, agora. Tenho extraordinária admiração por ele.
Valor: O setor financeiro parece entusiasmado com a Marina, mas há resistência entre empresários..
Giannetti: Entre os setores, a maior resistência parecia vir do agronegócio. É onde havia um ruído desnecessário, e nas últimas semanas claramente houve um avanço de abrir um canal de comunicação e entendimento de que, ao contrário do que erroneamente possa ter parecido, temos enorme apreço e pretendemos dar ao setor do agronegócio brasileiro plenas condições de um crescimento saudável e sustentável.
Valor: O que diferencia o projeto da Marina dos demais?
Giannetti: Uma das diferenças do projeto liderado pela Marina é que não vemos a economia como um fim em si mesmo, ela é pré-condição para uma vida melhor para todos, de uma realização mais plena. O sonho que nos move é que a economia deixe de ocupar o lugar de proeminência que ela ocupa hoje no debate brasileiro para que a gente possa focar em questões ligadas à cidadania, à realização humana, à felicidade.

(Publicado originalmente no site Viomundo)

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Perseguição a tuiteiros. Liberdade de expressão em risco.


Já houve uma época em que éramos muito ativos no microblog Twitter, onde ainda mantemos no nosso perfil, mas sem o mesmo acompanhamento de antes. É com tristeza que, ao ler a lista dos 66 tuiteiros acionados pela Justiça - a partir de uma ação do candidato Aécio Neves - encontro muito dos meus seguidores e amigos. Eram pessoas com as quais mantínhamos um diálogo cotidiano, sempre à noite e nos finais de semana. Profundamente infeliz essa atitude do candidato Aécio Neves. Logo se vê que os tucanos não assumem qualquer compromisso com a liberdade de expressã, apesar de um discurso que advoga justamente o contrário. Um colega de ninho, também senador da República pelo Estado da Paraíba, estaria apresentando um projeto de lei que prevê multas pesadas a quem se pronunciar de forma "ofensiva" contra parlamentares pelas redes sociais. Não sei o que os tucanos ganham com isso. Eleições, certamente, não é. Na realidade, a atitude perece-nos um indicativo de desespero de causa. Desde o início da campanha que ele manifesta essa preocupação, insinuando que os boatos sobre a sua conduta são produzidos pela submundo da internet. Outro dia um blogueiro "sujo" - suas vítimas preferenciais - tratando de um desses episódios, perguntou se um determinado jornalista esportivo, muito conhecido, estaria nesse cipoal, já que teria sido ele quem havia afirmado o fato. Lamentamos profundamente a atitude que, muito mais do que um atentado à liberdade de expressão, demonstra como esse partido iria lidar com essa questão. A ação atinge tuiteiros que sequer reúnem concidções de bancar um bom advogado para a defesa. Jornalista do Estadão escreveu um artigo bem mais contundente sobre o candidato e ele não o acionou juridicamente. Tomamos o cuidado de ler as reações de jornalistas como Azenha, Miro, Rodrigo Vianna. Todos acham que não vai dar em nada,mas vale o alerta de sua conduta como governador das alterosas. Naquele Estado da Federação, há jornalistas presos, preocessados e desempregados em função de críticas ao seu governo. Na republiqueta neo-socialista tupiniquim, aqui no Estado de Pernambuco, as coisas não funcionam muito diferente. Deteminados assuntos sequer entram na pauta dos grandes jornais locais. A chantagem é feito pelo poder econômico. Parece-nos que aqui, como lá, como enfatiza o professor e cientista político Michel Zaidan Filho, o cidadão comum, trabalhador, que vota, paga seus impostos, parace que tem que pedir "autorização' para criticar os governantes de turno.

Foto: Perseguição a tuiteiros. Liberdade de expressão em risco.

Já houve uma época em que éramos muito ativos no microblog Twitter, onde ainda mantemos no nosso perfil, mas sem o mesmo acompanhamento de antes. É com tristeza que, ao ler a lista dos 66 tuiteiros acionados pela Justiça - a partir de ação do candidato Aécio Neves - encontro muito dos meus seguidores e amigos. Eram pessoas com as quais mantínhamos um diálogo cotidiano, sempre à noite e nos finais de semana. Profundamente infeliz essa atitude do candidato Aécio Neves. Logo se vê que os tucanos não assumem qualquer compromisso com a liberdade de expressão. Um colega de ninho, também senador da República pelo Estado da Paraíba, estaria apresentando um projeto de lei que prevê multas pesadas a quem se pronunciar de forma "ofensiva" contra parlamentares pelas redes sociais. Não sei o que os tucanos ganham com isso. Eleições, certamente, não é. Na realidade, a atitude perece-nos um indicativo de desespero de causa. Desde o início da campanha que ele manifesta essa preocupação, insinuando que os boatos sobre a sua conduta são produzidos pela submundo da internet. Outro dia um blogueiro "sujo" - suas vítimas preferenciais - sobre um desses episódios, perguntou se um determinado jornalista esportivo, muito conhecido, estaria nesse cipoal, já que teria sido ele quem havia afirmado o fato. Lamentamos profundamente a atitude que, muito mais do que um atentado à liberdade de expressão, demonstra como esse partido iria lidar com essa questão.