As análises sobre a união entre Marina Silva e Eduardo Campos - como se torna cada vez mais improvável uma preocupação com elementos como coerência ideológica ou programática - estão, na maioria dos casos, limitando-se à avaliação da correlação de forças em jogo para 2014. Alguns analistas afirmam que o governador pernambucano deu um golpe de mestre, num lance de grande enxadrista. Afinal, pode agregar os mais de 20 milhões de votos obtidos por Marina nas eleições passadas. Um feito para alguém que patinava nos 5% das intenções de votos. A possibilidade dessa migração automática de votos é bastante duvidosa. Torna-se necessário acompanhar a série de pesquisas seguintes, além do fato de tratar-se de uma outra eleição, onde esse capital eleitoral pode ser pulverizado. Antes de afirmar que a união Marina/Campos enfraquece Aécio Neves, convém esclarecer que o PSDB, apesar do até então potencial de polarização com a candidata Dilma Rousseff, nunca esteve forte. Além de dividido, não consegue formular um projeto alternativo para o país. Essa rearrumação, aliás, segundo dizem, está dando uma sobrevida ao defunto político ambulante, José Serra. Nada além disso entre os tucanos. Consolida-se, isso sim, uma aliança conservadora, de corte mais radical, com a chapa Campos/Marina. Ambos estão perfeitamente alinhavados pelo capital. Do ponto de vista estritamente pragmático, em certa medida, até se pode tirar o chapéu para Eduardo Campos: sua chapa não terá problemas de sustentabilidade econômica. Os marqueteiros de Eduardo Campos agora terão que reavaliar profundamente sua estratégia de campanha. Ora pelas contradições internas da chapa, ora pelo seu afastamento sintomático do Planalto. Tenho dúvida se eles poderão continuar com o slogan: "É possível fazer mais e melhor". A própria Marina já andou acusando o Governo de "chavista", um verdadeiro colírio para colunista como Reinaldo Azevedo. Fato que contingencia Marina a se definir entre "direita" ou "esquerda". Aliás, nem precisa, a acreana vem assumindo uma nítida posição conservadora, com alguns ingredientes de ortodoxia religiosa e coisas do gênero. Alguém invocou as contradições internas da chapa, mas, na realidade, não há não. Neste aspecto, lembraram o descaso ambiental do Governo Eduardo Campos, mas o ambientalismo da Rede também é duvidoso. Basta consultar os ambientalistas mais consequentes desse país ou observar as aberrações ambientais cometidas pelos patrocinadores da Rede. Na realidade, embora com passagem pelo coalização petista, ambos estão onde sempre estiveram: servem a um projeto conservador. Talvez Sirkis tenha razão ao afirmar que Marina tem um processo decisório caótico.
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