pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Editorial: Polícia não confirma o "atentado" ao candidato Tarcísio de Freitas.



Dediquei a manhã de hoje às correções e ajustes finais de um romance em fase de finalização. Foi o momento, também, de confeccionar o prefácio, que ficou muito bom, indicando que o livro precisaria necessariamente ser publicado, dada a sua importância para se entender as teias perversas ou entrelinhas políticas que circundam o seu enredo, ambientando num contexto de domínio oligáquico-familiar, num período político emblemático, a vigência da Ditadura do Estado Novo no país. Agora, por volta das 12h:00, fui surpreendido com a notícia de um suposto atentado ao candidato ao Governo do Estado de São Paulo, pelo partido Republicanos, Tarcísio de Freitas. 

Tarcísio ostenta uma folgada liderança nas pesquisas de intenção de voto, conta com apoio incondicional do atual governador tucano, Rodrigo Garcia, que não passou para o segundo turno das eleições para o Governo do Estado. Os ventos hoje sopram favoravelmente para Tarcísio, com poucas possibilidades de uma reviravolta em favor do candidato do Partido dos Tralhadores, Fernando Haddad. Neste segundo turnos das eleições, inclusive, o candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro, resolveu tornar a parceria entre ele e o seu ex-ministro da Infraestrutura mais orgânica, depois das indisposições do primeiro turno. 

Em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, ele aparece com escores superiores ao do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Slva. Segundo algumas fontes, esse "incondicional" de Rodrigo Garcia é a senha para uma possível candidatua a prefeito em 2024, sob os beneplácitos dos Republicanos. Na melhor das hipóteses, com a renovação do contrato de locação de Jair Bolsonaro no Planalto, o que, neste caso, pelo andar da carruagem política, não seria tão simples assim. Depois do ocorrido em Paraisópolis, onde o candidato Tarcísio de Freitas fazia campanha, logo surgiram uma enxurrada de postagens nas redes sociais com as mais distintas avaliações sobre o assunto, sugerindo possibilidades de armações e coisas assim. Não consideramos essa hipótese, mas, por outro lado, fica evidente de que não se tratou de um atentado. O que parece-nos ter havido foi uma troca de tiros entre traficantes do local e o candidato teve o azar de estar por perto.        

Editorial: Os temas "irrespondíveis' do debate presidencial da Band


Como não poderia deixar de ser, a crônica política no dia de hoje repercute o debate de ontem, entre os candidatos presidencias Lula e Jair Bolsonaro, transmitido por um pool de empresas de comunicação, liderado pela Rede Bandeirantes de Televisão. O formato do debate melhorou bastante, mas, como já era previsto, ficou circunscrito às acusações de parte a parte. Lula esteve melhor neste debate do que nos anteriores do primeiro turno, aplicou alguns golpes certeiros no adversário, mas, assim como Jair Bolsonaro, acabou sem respostas para alguns temas cruciais, como, por exemplo, a corrupção nos Governos da Coalizão Petista. 

Por mais que ele se esforçe e tenha as recomendações da assessoria sobre como se portar diante do tema, acaba se enroscando pelo fato de ter cometido o pecado de não saber o que se passava no seu governo, o que se traduz como uma falha gestão, para dizermos o mínimo. Este tema tornou-se irrespondível para o petista. Este, aliás, é o grande calcanhar de Aquiles de Lula, algo que o prejudica em sua carreira política. Para completar o enredo, no dia de ontem, segundo dizem, o adversário teria recebido uma "cola' sobre o montante de dinheiro devolvido aos cofres públicos no bojo da Operação Lava-Jato. A "ajudinha" teria sido fornecida por um senador recém-eleito, ex-juiz da Lava-Jato, que esteve presente durante o debate.Um petardo que Bolsonaro atirou no petista, sem dó nem piedade.   

Por outro lado, a galeria de temas irrespondíveis em relação ao adversário é imensa. Lula focou em alguns desses temas, como a questão do desmatamento da Amazôni; das políticas educacionais do governo; assim como a sua conduta como homem público durante a crise da pandemia da Covid-19. Aqui ficamos no silêncio ou nas respostas evasivas, pouco ou nada convincntes. O petista construiu diversas universidades e escolas federais de ensino técnico, enquanto Bolsonaro abortou completamente esses programas de expansão do ensino. 

Aliás, sua política é de asfixia aos centros universitários, fomento e de pesquisas, focos de oposição ao seu governo. Na realidade, as universidades públicas e os centros federais de ensino técnico estão com o pires mão, sob pena de verem suas atividades suspensas por falta de recursos. Recursos da educação estão alimentando a sanha nebulosa do tal orçamento secreto. Até recentemente, por muito pouco, milhões do orçamento do MEC destinados às universidades públicas não foram cortados. Foi necessário uma grande grita nacional dos reitores e da opinião pública para reverter esta situação.  

Lula promoveu o maior programa de inclusão de jovens negros empobrecidos ao ensino superior do país. A sua assessoria deveria informá-lo que este foi o único indicador em que o país mehorou em relação à raça negra nesses quinhentos e 22 anos de História. Uma revolução em termos de democracia substantiva. Eis aqui um trunfo pouco explorado pelo petista, envolvendo um núcleo estratégico do eleitorado, os jovens.   

domingo, 16 de outubro de 2022

Editorial: Ninguém segura esse Janones?



Entramos na fase mais crítica da campanha presidencial. Nas observações dos analistas, sobrou até para o filósofo francês, Michel Foucault, que produziu um conjunto de reflexões sobre questões sexuais na sociedade burguesa, relacionadas ao exercício do poder. Foucault esteve aqui no Recife, na década de 70, ocasião em que ficou encantado com os jovens bronzeados, "gostosos", de shorts curtos, que circulavam na praia do Pina, local em que ficou hospedado. Talvez tenha sido o melhor momento de sua visita, uma vez que estávamos em plena ditatura militar e a sua estadia na capital pernambucana tornou-se num tormento. 

A referência a este aspecto da visita do grande filósofo francês - produzimos uma longa crônica a este respeito - é que a polêmica mais recente entre bolsonaristas e petistas diz respeito à homossexualidade. O Deputado Federal André Janones foi uma grande conquista da campanha do candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Num momento crucial da campanha, o PT patinava nesta área específica, onde havia uma completa hegemonia do adversário. Janones equilibrou o jogo entre petistas e bolsonaristas nas redes sociais. 

Até aqui, só louvores a esta conquista, fundamental para o projeto presidencial do petista. Instigado sobre essas polêmicas, André Janones tem afirmado que não haveria como enfrentar a fúria bolsonaristas de outra forma. Não entro aqui no mérito, ele pode até ter suas razões, mas, sua artilharia pelas redes começa a criar alguns problemas para a campanha de Lula. Há alguns assessores mais diretos que estão insatisfeitos com a condução desse embate, nivelado por baixo, através dos mesmos expedientes de disseminação de fake news

A comunidade LGBTQIAPN+, por outro lado, não se sentiu nada à vontade em relação à forma como o assunto foi tratado por Janones, com referências jocosas a sexo oral. Agora foi a vez do suposto caso de pedofilia envolvendo o presidente Jair Bolsonaro, um verdadeiro exagero, como já afirmei por aqui. A equipe do presidente Jair Bolsonaro está solicitando ao TSE a suspensão das redes sociasi de André Janones. Como mentor ou guru das redes sociais petistas, Janones, naturalmente, repercutiu o caso da fake news envolvendo este suposto caso de pedofilia, mas registro que não foi ele quem começou a disseminar esse vídeo pelas redes sociais.     

Editorial: O ministro Benedito Gonçalves, do TSE, acaba de determinar investigação sobre eventual parcialidade da Jovem Pan

 


Até recentemente, duas decisões das altas cortes provocaram muitas polêmicas pelas redes sociais. Numa delas, a campanha de Bolsonaro teria sido advertida para retirar do ar do seu guia e deixar de usar a expressão "ladrão" em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Neste mesmo contexto, também foram proibidas referências às mentiras sobre as suas ligações com o crime organizado. Em relação ao aborto, um tema nevrálgico, a campanha do adversário também foi proibida de veicular informações de que o ex-presidente seria a favor. Para desespero dos bolsonaristas, o termo "genocida" numa referência a Bolsonaro, está mantido, por uma decisão de uma ministra da Suprema Corte.  

No geral, o jurídico da campanha de Lula estaria obtendo vitórias consagradoras, fazendo jus aos recursos polpudos pelos quais estão sendo remunerados. Fala-se em cifras altas, provenientes do fundo partidário. Aliás, para não sermos acusados de parcialidade, os escritórios de advocacia nunca faturaram tanto como nessas eleições. Não se trata de um privilégio ou de uma maré boa para um dos escritórios que dão suporte jurídico ao ex-presidente, que está com ele deste os tempos remotos em que ele esteve preso em Curitiba, no curso da Operação Lava-Jato. 

Acabo de publicar um post que, certamente, não agradou nem aos petistas, tampouco aos bolsonaristas. Tratar civilizadamente o presidente Bolsonaro por aqui, o fazemos em nome das boas práticas republicanas. O Blog Contexto Político é democrático, republicano, civilizado. Este é o nosso limite. Não concordaremos nunca com plataformas políticas facistas ou tolhedoras das liberdades individuais ou coletivas. Quando postamos algo neste sentido, somos intransigentes, independentemente sobre quem caia a carapuça. Neste aspecto, não transigimos. 

Não entro no mérito das decisões tomadas pelo ministro Benedito Gonçalves, do TSE, que, até recentemente determinou que que fossem dadas justificativas concretas sobre essa iniciativa de se investigar os institutos de pesquisa. Já comentamos isso por aqui. Mais uma vez, acionado pelo jurídico da campanha do PT, o juiz determinou investigações sobre a conduta editorial da emissora Jovem Pan, acusada de parcialidade em relação a um dos candidatos. Entra nesse bojo eventuais disseminações de fake news. Não vamos aqui nos comprometermos, mas aconselhamos aos nossos diletos leitores e leitoras acompanharem a emissora por apenas 30 minutos. Bastaria isso para vocês tirarem as suas próprias conclusões. Nem precisamos informar que já existe um outro ministro condenado ao purgatório pelas hordas bolsonaristas.   

Editorial: "Pintou um clima" - o gravíssimo problema das fake news



Repercute imensamente pelas redes sociais, em vídeo que já viralizou, uma fala editada do presidente Jair Bolsonaro, onde o mandatário é acusado supostamente de sugerir se sentir atraído por uma jovem venezuelana, de 14 anos de idade, que, na condição de vulnerável, poderia se traduzir, se consumado o fato, num ilícito legal tipificado como pedofilia, algo que vem sendo, equivocadamente, explorado pelas redes sociais petistas. Se sentir atraído, se este foi mesmo o caso, por uma jovem de 14 anos de idade não faz dele um pedófilo, o que se conclui pelo exagero dessas postagens, configurando-se em mais uma dessas famigeradas fake news. 

Possivelmente sua assessoria já estaria entrando com representação junto ao TSE para retirar tais postagens e, concretamente, deverá ser atendido de imediato em seu pleito, embora o estrago já tenha sido produzido e quanto a isso pouca coisa possa ser contornado. A impressão deste editor é que o clima azedou de vez para o debate de logo mais, transmitido pela Rede Bandeirantes de Televisão. Numa live transmitida ainda pela madrugada, o presidente estava indignado e enfurecido, com o semblante abatido.  

Não há assessoria política que consiga colocar água na fervura ou panos mornos sobre o assunto. Com o perdão da palavra, pintou um climão para o debate de logo mais. Não se espere um Bolsonaro "fora de si"- ponderado, tranquilo, seguindo as instruções dos assessores políticos - mas um autêntico Bolsonaro dos velhos tempos, incisivo, capaz de pular no pescoço do adversário. É uma tragédia este momento vivido pelo país, onde essas práticas políticas execráveis das fake news se tornaram armas contra os adversários. 

Os mais velhos diriam que o bolsonarismo está provando do seu próprio veneno, pois transformaram a arena política numa terra sem, lei, sem escrúpulos, numa centrífuga de triturar reputações dos desafetos e adversários políticos. Não precisa sequer atender a esses requisitos para entrar no radar das redes bolsonaristas. Seria suficiente se colocar ao lado da democracia, da legalidade, do Estado Democrático de Direito, da defesa da Constituição Federal,dos Poderes da República. Mais simples ainda: basta elogiar aqui pelo blog uma decisão acertada dos ministros do TSE. Essas fake news produzem transtornos inomináveis, esgarçando os padrões de relações sociais e familiares do indivíduo. Louvável aqui as atitudes do Presidente do Superior Tribunal Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes, que não tem poupado esforços em sua cruzada no combate a esse cancro.   

sábado, 15 de outubro de 2022

Editorial: Armas afiadas, vamos ao debate da Band


Crédito da foto: Cristiano Mariz\Ricardo Stucker


O bom seria que os debates se limitassem a discutir as propostas de cada candidato para os entes federados ou para o país. Mas, num momento de tantas animosidades, é pouco provável que tenhamos um debate essencialmente propositivo no dia de amanhã, quando os candidatos presidenciais deverão estar frente a frente, no debate organizado pela Rede Bandeirantes de Televisão. Aliás, no momento em que estamos escrevendo este artigo, os candidatos já devem estar ajustando os detalhes, junto a seus assessores, sobre como devem se comportar no dia amanhã. Até a voz deve estar sendo poupada. É possível que nenhum deles tenha se exposto demais em compromissos de campanha no dia de hoje. 

Este debate pode ser decisivo para os rumos das eleições do dia 30. O desempenho durante o debate pode influenciar o eleitor na hora do voto. Portanto, todo o cuidado ainda é pouco. Não sei muito bem como o candidato Luiz Inácio Lula da Silva(PT) está se preparando para o embate do domingo. A rigor, na avaliação de alguns assessores, Lula não tem se saído muito bem nos últimos embates. No debate da Band, ficou acuado com as insinuações de corrupção no seu governo. No debate da Globo, caiu na armadilha montada pelo padre Kelmon, que atuou como linha auxiliar do presidente Jair Bolsonaro. 

A equipe de Bolsonaro encontra-se num momento de lapidar o diamante, ou seja, empreendendo esforços para torná-lo mais ponderado e comedido e equilibrado, evitando declarações controversas ou polêmicas, principalmente junto aos nichos eleitorais com os quais ele já se indispôs, como as mulheres. Amanhã, no entanto, será difícil segurar a fera, seja em razão do desgate natural provocado pela camapnha - a esta altura do campeonato -  seja em razão de uma tentativa de usar todas as oportunidades possíveis no sentido de reverter um quadro hoje favorável ao petista. O debate, conforme já afirmamos, é uma dessas oportunidades.  

Dizem que há até um bruxo acompanhando o desenrolar dos trabalhos do staff de campanha, com o propósito de articular as falas do presidente às redes sociais, repercutindo imediatamente nos canais bolsonaristas. Se vem chumbo grosso contra o candidato petista, o arsenal já estaria  pronto, com as redes bolsonaristas azeitadas para replicar as informações. O trabalho desse novo integrante, segundo vazou para a imprensa, estaria causando uma certa ciumeira no núcleo duro de assessores mais próximos ao presidente.   

Charge! Duke via O Tempo!

 


Charge! Marília Marz, Folha de São Paulo

 


O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: A intrincada obra de engenharia política que permitiu a reaproximação de Marília e a família Campos

 



A crônica política pernambucana, no dia de hoje, repercute a difícil missão delegada ao prefeito do Recife, João Campos(PSB), durante a visita de Luiz Inácio Lula da Silva(PT) ao Estado, no último dia 14. Mesmo pouco à vontade, o prefeito João Campos, cumpriu uma missão partidária, incumbido de representar o PSB na aliança do petista. Encerrada as eleições do primeiro turno, começaram as tratativas no sentido de reaproximar a candidata do Solidariedade aos setores fisiológicos ou oligáquicos do PT local - sempre refratário aos pleitos de Marília Arraes - e o PSB que, literalmente, havia rompido as relações com a candidata, principalmente o núcleo mais próximo à família Campos. 

Embora as indisposições de Marília com os Campos sejam antigas, elas se intensificaram durante as eleições muncipais de 2020, vencida pelo filho do ex-governador Eduardo Campos, João Campos(PSB), primo de Marília. A obra de engenharia política de reaproximação entre ambos envolveu inúmeros atores - inclusive, segundo dizem, setores nacionais da legenda socialista - sendo antecipado por um diálogo inicial patrocinado por André de Paula, um fiel escudeiro da Escola Macialista, cujo patrono tinha como premissa sempre somar e nunca dividir. Para Marco Maciel, a política era a arte do possível. 

André foi derrotado como postulante ao Senado Federal na chapa de Marília Arraes, perdeu nacos de poder na esfera estadual ao romper com a Frente Popular, mas, mesmo assim, candidatou-se a aparar as arestas entre ambos. Escrevemos um longo artigo sobre o assunto, parte dele publicado aqui. Ali, os leitores poderão saber o que pensamos sobre o assunto. Antecipo, porém, que tal reaproximação constitue-se num grave equívoco da candidata. Mas, vamos em frente. O tempo dirá se este humilde analista teria ou não razão. 

Concretamente, o PT fisiológico fez tal retorno - reabrindo a janela de diálogo com a candidata - contingenciado pela expectativa de poder, onde não precisaria abdicar dos nacos ocupados na burocracia da máquina estadual durante os longos anos de hegemonia socialista. A questão que se apresenta diz respeito ao padrão de relação entre Marília e os Campos, numa eventual vitória no segundo turno dessas eleições. Compete aqui uma pergunta: o que os socialistas teriam negociado com a candidata?   

Editorial: Lula, o nosso Galo da Madrugada.


Ainda repercute em todo o país a grande mobilização de público, por ocasião da presença do candidato à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva(PT), no Recife, no último dia 14. Um dia antes, dia 13, Bolsonaro esteve também aqui no Recife, num evento esvaziado, ocorrido na praia de Boa Viagem. As mobilizações em torno do petista estão sendo comparadas a um carnaval fora de época, semelhante ao ocorrido no Sábado de Zé Pereira, quando pernambucanos de todos os quadrantes se dirigem ao Bairro de São José para acompanhar o tradicional desfile do Galo da Madrugada, que arrasta multidões de foliões pelas ruas estreitas do Recife.

O mesmo fenônemo se deu quando de sua presença em Salvador, Bahia, no corredor do carnaval, no bairro da Barra. Em seu discurso, Lula chegou a ironizar o fiasco do evento do adversário, enfatizando que seria uma questão de honra vencê-lo aqui na região nordeste. Na realidade, o petista quis dizer ampliar essa vitória, uma vez que a região sempre foi um reduto tradicional do petista. Aqui em Pernambuco, então, suas taxas de aprovação estão acima de 70% do eleitorado, capital político com o qual conta a candidata do Solidariedade, Marília Arraes, para vencer as eleições estaduais.

Depois de liderar todas as pesquisas de intenção de voto no primeiro turno, a candidata aparece abaixo da concorrente tucana, Raquel Lyra, neste segundo turno das eleições. Na realidade, apesar de apoiar o candidato do PSB, oficialmente - em razão dos acordos aliancistas com os socialistas - Márila sempre foi a candidata do coração de Lula, em razão de sua histórica militância petista e seu pertencimento à família do Dr. Miguel Arraes, personalidade política que sempre esteve ao lado do petista, mesmo nas horas mais difíceis. Salve, Lula! O nosso "Galo da Madrugada".    

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Editorial: Lula no Recife - uma festa vermelha da democracia

 



O vermelho parece que não seria a cor de preferência da nova aliada Simone Tebet, mas está consolidado na militância do Partido dos Trabalhadores e seus simpatizantes. A senadora sugeriu que a campanha do petista adotasse o branco como cor oficial, mas Lula teria considerado que as sugestões já estariam acima do razoável. No dia ontem, 13, o presidente Jair Bolsonato esteve aqui no Recife, em seu reduto mais robusto, o bairro de Boa Viagem, onde ocorreu uma concentração de apoiadores considerada fraca, quando comparada às grandes mobilizações de rua organizadas pelos seus simpatizantes em outras ocasiões. 

A responsabilidade sobre o malogro está sendo creditada aos organizadores. Como afirmamos em editorial, Bolsonaro adotou um estilo diplomático, tentando corrigir algumas declarações infelizes sobre a região, informando que sua esposa é nordestina, possui ministros nordestinos, tratando todo mundo como cabras da peste. Observando a estratégia da campanha de Lula, mesmo que anpassant, sem uma análise mais rebuscada, observa-se que eles estão explorando ao máximo as falas, declarações ou atitudes de Bolsonaro,digamos assim, reprovadas pelos marcos civilizatórios. 

Como se sabe, por mais que ele tente assumir um comportamento mais moderado e equilibrado nesta fase da campanha, o passado de Bolsonaro é um filme queimado. Suas taxas de rejeição ainda são perigosamente "perenes", o que se constitue num entrave - talvez o maior deles - em relação aos seus planos de continuar como inquilino do Palácio do Planalto. Aqui no Recife, no aprazível Parque 13 de maio, Lula declarou à imprensa que diminuir ainda mais os percentuais de voto do adversário aqui na região é uma questão de honra. O petista tem um alto índice de aprovação aqui no Estado e atraiu uma multidão, que o acompanhou ao lado da candidata Marília Arraes, do Solidariedade, que disputa o segundo turno das eleições estaduais com a tucana Raquel Lyra. 

Editorial: A caixa-preta do orçamento secreto começa a ser aberta.



Percorri o interior do Maranhão, na garupa de uma moto, com o objetivo de realizar um trabalho de pesquisa sobre os quilombos locais, notadamente para conhecer a condição de vida das comunidades quilombolas tranferidas de suas terras originais, depois da polêmica construção da Base de Lançamento de Foguetes de Alcântara. Ainda hoje este editor mantém contato com algumas lideranças dessas comunidades, assim como com lideranças comunitárias das associações criadas para preservarem seus interesses, ante as iniciativas dos órgãos de Estado, quase sempre divergentes dos anseios dessas comunidades.  

Foi uma experiência inesquecível percorrer aqueles grotões empobrecidos, de gente humilde, em sua luta cotidiana pela sobrevivência. Recompensa ainda maior foi almoçar uma corvina fresca, com um pirão de arroz colorido e um suco de cupuaçu. Depois ficamos sabendo que aqueles mares bravios que separam a ilha de São Luís e a cidade histórica de Alcântara é o lar preferido das corvinas no país. O Estado é considerado uma região pré-amazônica e guarda algumas particularidades específicas em relação ao Nordeste brasileiro. 

O Maranhão e o Piauí dividem a condição de Estados mais pobres do país. Dificilmente esses entes federados ocupam o espaço do noticiário nacional por algo positivo, como uma conquista na melhoria dos indicadores da área de educação; da superação dos índices de extrema pobreza e coisas assim. Hoje, o país tomou conhecimento de uma mega operação da Polícia Federal numa cidade do interior do Maranhão, Igarapé Grande, cidade de uma população estimada em algo em torno de 17 mil habitantes, onde estava ocorrendo uma mega fraude envolvendo operação fraudulentas de intevenções médicas inexistentes, através  dos SUS, no bojo dos recursos do famigerado orçamento secreto, que acabavam parando nas mãos de alguns espertinhos inescrupulosos. 

O orçamento secreto, como alguns atores políticos insuspeitos já afirmaram,  é uma forma institucionalizada de corrupção. Um mensação tão duramente criticado pelos opositores do Partido dos Trabalhadores. Essa deve ser apenas a ponta do iceberg, se considerarmos as possíveis usos indevidos de recursos públicos desviados pelos beneficiários dessas emendas de caráter nenhum  pouco republicanas ou democráticas. 

Uma verdadeira excrescência, um atentado contra a própria democracia, como chegou a sugerir uma minista do Supremo Tribunal Federal. A fraude envolve milhões e duas pessoas foram presas pela Polícia Federal. Essas fraudes acabam produzindo alguns rastros curiosos. Naquela cidade, por exemplo, um dos expedientes era o de assinalar radiografias inexistentes de dedos quebrados. A farra corria tão solta que os fraudadores esqueceram de prestar atenção nos índices e o fato é que a cidadezinha do interior do Estado teria realizado mais radiografias de dedos quebrados do que metrópolis como São Paulo, por exemplo. 

O pavoroso é imaginar que recursos das merendas escolares, das universidades públicas e institutos federais, do programa de farmácias populares, do combate ao câncer estão sendo suprimidos para dar vazão a essa farra do liberou geral que é este orçamento secreto, onde o contribuinte não tem acesso no que concerne às informações primárias sobre como os recursos dos seus impostos estão sendo utilizados pelo poder público.    

Editorial: Alexandre de Moraes cancela investigações sobre os institutos de pesquisa.



Depois dos eventuais erros observados nos números apresentados sobre a corrida presidencial do primeiro turno, os institutos de pesquisa entraram na alça de mira de grupos políticos que se sentiram prejudicados, notadamente ligados ao bolsonarismo. A grita mobilizou a reação de órgãos como o CADE e a Polícia Federal, que pretendiam iniciar um processo de invetigação envolvendo o trabalho desses institutos. O Presidente do TSE, o ministro Alexandre de Moraes, acaba de impedir que tais investigações prossigam, sob o argumento de sua absoluta inconsistência. Segundo seu despacho, não há uma motivação concreta que suscite a prática de possíveis desvios de conduta, exceto especulações ou ilações, o que recomendaria não permitir a continuidade das investigações. 

Conforme já discutimos em outras ocasiões, há vários motivos pelos quais os institutos possam ter cometidos alguns equívocos em suas pesquisas de intenção de voto, nenhum deles, porém, relacionados a deliberações intencionais ou motivados por interesses particulares. Algo, de fato, precisa ser corrigido, mas no que concerne ao aperfeiçoamento dos métodos de pesquisa, um trabalho sobre a confiabilidade da amostragem - uma vez que os dados disponíveis são inseguros - e coisas assim, dentro do terreno técnico, nunca enviesado pelo critério político. 

Uma matéria da revista Veja, tratando deste assunto, mostra que as discrepâncias permanecem, com tendência a um revival agora no segundo turno das eleições presidenciais, o que significa dizer, entre outras coisas, mantidas as condições em que os índices foram apresentados no primeiro turno - onde o Paraná Pesquisas constituiu-se no instituto com o maior escore de acertos - que nada ou pouca coisa se corrigiu em relação aos métodos utilizados pelos chamados grandes institutos. Talvez continuemos neste diapasão até o final das eleições.    

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Editorial:Bolsonaro, um cabra da peste no Recife

 



Ontem, na Festa da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, o presidente Bolsonaro arrancou vaias e aplausos. O mesmo comportamento a platéia dispensou ao bispo Dom Mauro Morelli, que celebrou a missa, quando em sua homelia, ele fez críticas à instrumentalização política de uma festa de cunho religioso. Durante a campanha do primeiro turno, o PDT gastou milhões de reais com o marqueteiro João Santana - muito bem conceituado no mercado e bem-sucedido em diversas campanhas políticas - que não encontrou o timing certo do candidato Ciro Gomes. 

Ciro acabou a campanha amargando um quarto lugar, abaixo da estreante Simone Tebet, que participava, então, do seu primeiro voo solo rumo ao Palácio do Planalto. Como já afirmamos por aqui, fica patente que o staff político de Jair Bolsonaro faz um esforço enorme para corrigir alguns rumos da campanha, principalmente aqueles relacionados às suas declarações espontâneas, mas não necessariamente felizes. O esforço não é em vão, posto que, na medida do possível ele vem procurando adotar um estilo mais ponderado e comedido, algo que, possivelmente não seria do agrado do bolsonarismo raiz, que prefere vê-lo enfurecido, enfrentando seus adversários com bravatas e palavras de ordem. 

Bolsonaro guarda o "sotaque' - não se corrigiu completamente - mas procura atender às recomendações do seu staff político. O voto do bolsonarista raiz é algo certo, mas o que ele precisa agora é ampliar seus escores junto a outros segmentos do eleitorado se deseja vencer o petista no dia 30. Aqui no Nordeste - ou na nossa querida Recife, mais precisamente em Boa Viagem, um conhecido reduto bolsonarista - ele chegou doce, doce como o mel, lembrando que sua esposa é nordestina, tratando todo mundo como cabra da peste, disposto a ampliar seu eleitorado na região, depois de declarações infelizes sobre a região. O evento, se comparado às grandes concentrações bolsonaristas no local, foi um fracasso.  

Editorial: Saiu a Paraná Pesquisas, gente!



Como já seria esperado, um grande reboliço pelas redes sociais em torno dos números apresentados pelo Instituto Paraná Pesquisas, divulgados no dia de hoje, 13, sobre a corrida presidencial do segundo turno. Assim como o DataPoder, divulgado um pouco antes, o instituto paranaense aponta um empate técnico entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro. Ali, Lula aparece com 51,9% das intenções de voto, enquanto Jair Bolsonaro crava 48,1%. As redes sociais, naturalmente, estão divididas, entre aqueles partidários de Lula - que não acreditam nos números, mas se consolam com o fato de que estão na frente mesmo no Paraná Pesquisas - e os bolsonaristas, lavando a alma em relação aos números do IPEC, sugerindo que estarão virando o jogo até o dia 30 de outubro. 

Torcidas a parte, o fato concreto é que o Paraná Pesquisas credenciou-se no primeiro turno das eleições presidenciais, quando tornou-se o instituto que mais se aproximou dos números finais obtidos pelos concorrentes ao Palácio do Planalto. Os indicadores do Paraná Pesquisas, hoje, são observados com muito cuidado pelos formadores de opinião, pelo staff de campanha dos candidatos, atitude que poderia ser seguida pelos eleitores menos apaixonados. Neste momento, exige-se mais cérebro e menos bílis. Dos chamados "grandes' institutos, o único que já divulgou os primeiros números foi o IPEC - antigo IBOPE - onde Lula abre uma diferença de 9 pontos em relação ao candidato Jair Bolsonaro. 

IPESPE, Datafolha e Quaest\Genial ainda não divulgaram nenhuma pesquisa. Vamos ver qual a tendência que irá se esboça a partir dos números apresentados por esses institutos. Ainda há muita água a correr no rio dessas eleições presidenciais até o dia 30. Ontem, por exemplo, tivemos a polêmica gay associada à campanha do petista, assim como os constrangimentos ocorridos na Igreja de Nossa Senhora Aparecida, com a presença do presidente Jair Bolsonaro. O sermão do bispo fo no sendtido de condenar a instrumentalização da fé em atos religiosos. Milhões de católicos acompanharam a missa pela televisão, somente para não entrarmos no mérito dos aplausos e vaias ocorridos no templo. Foi uma boa jogada de Bolsonaro? temos dúvidas em relação ao assunto.  

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


Editorial: A polêmica gay entre André Janones e Nikolas Ferreira pelas redes sociais



Embora o Deputado Federal André Janones tenha afirmado que estaria usando as mesmas armas do adversário, pois não se combate com flores quem usa armas de fogo - ou algo assim, perdão por talvez não ser fidedigno - acreditamos que fazer o jogo do adversário, neste momento, pode não ser a melhor estratégia. Claro que as investidas bolsonaristas precisam ser enfrentadas à altura, mas não se pode perder de vista o politicamente correto, sob pena de afugentar simpatizantes do petismo. 

André Janones conseguiu a proeza de equilibrar o jogo da disputa presidencial num campo importante, o das redes sociais, onde o candidato Luiz Inácio Lula da Silva amargava derrotas sucessivas para os perfis bolsonaristas, então hegemônicos. Trata-se de uma batalha renhida, que não seria facilmente enfrentada, pois atitudes e comportamentos civilizatórios ou reublicanos não costumam figurar no dicionário do outro lado. Este embate virtual por muito pouco não se tornou real, quando os atores estiveram frente a frente por ocasião do debate presidencial do primeiro turno, organizado pela Rede Bandeirantes de Televisão. 

Com este perfil e este capital virtual, digamos assim, Janones foi alçado à condição de um dos homens mais importanes no staff de campanha do petista, posto que, sem ele, o PT continuaria patinando neste terreno, colocando em risco o êxito da jornada até o Palácio do Planalto. Logo pela manhã de hoje, 12, ele estava se perguntando porque o Deputado Federal Nicolas Ferreira, o mais bem votado do país nestas eleições, estava sendo comparado a um famoso político paulista, que tem o hábito de usar umas calças demasiadamente apertadas. Uma pergunta desta natureza não ficaria sem centenas de respostas imediatas, se considerarmos seus perfis nas redes, dirimindo logo a dúvida do deputado. 

O que viria em seguida, no entanto, não foi nada agradável, pois suscitou muitos questionamentos de outros órgaos de comunicaçao à coordenação da campanha de Lula, posto que foram publicadas postagem ofensivas às comunidades LGBTQIAPN+. Nos Governos da Coalizão Petista essas comunidades viram seus direitos serem reconhecidos e ampliados, criando uma organicidade desses grupos com o petismo. Salvo melhor juizo, dentro do próprio PT existem núcleos organizados para debaterem a pauta dessas comunidades. 

De fato, ocorreram algumas ofensas - como os questionamentos à opção sexual e à linguagem chula dos eventuais 'boquetes'. Tratou-se, naturalmente, de um grave equívoco, sobretudo quando se associa tais postagens a uma agremiação política que tem conduzido ou pautado sua plataforma de condução dos negócios público respeitando essas minorias, ampliando seus direitos sociais e reconhecendo o livre arbítrio da opção sexual de cada um. Diria mais: Também não convém se meter sobre suas práticas no dark room.  

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: E Marília vacilou...



Há um case de negócios, que se tornaria depois num grande best-seller, tratando de uma situação real, onde o executivo de uma grande empresa de refirgerantes resolveu mudar a fármula do seu produto, criando as condições ideais para o adversário ganhar espaços significativos de mercado, avançando sobre o concorrente. Este caso pode ser emblemático para entendermos o que está se passando na política pernambucana, na disputa desse segundo turno das eleições para o Palácio do Campo das Princesas. 

Escrevi um longo texto sobre o assunto, mas vou direto ao ponto, uma vez que, aqui na província, críticas e argumentos não são enfrentados com autocrítica ou contra-argumentos, mas através de perseguições vis ou expedientes de intimidações judiciais, o que interdita o debate político. Quem sabe, como voltarmos a respirar ares mais republicanos, possamos tratar do assunto. Nesta fase da campanha, qualquer equívoco pode ser determinante sobre o resultado do pleito. 

Um tropeço, um vacilo, uma fala impensada, uma ausência e não haveria mais tempo para se redimir ou sanar  a sangria. O staff de campanha de Jair Bolsonaro faz um esforço descomunal para conter seu temperamento, pedindo ponderações sobre suas falas ou declarações. O último "embate" com o STF, por exemplo, foi solenemente criticado por seus apoiadores. Eles desejam um Bolsonaro "fora de si' - gostei muito desse expressão usada pelo jornalista Josias de Sousa, do UOL - bem diferente daquele Bolsonaro "normal". 

Do outro lado, a equipe de Lula tenta, de todas as formas convencê-lo a mudar a sua estratégia de lidar com o eleitorado evangélico. Lula não está suficientemente convencido disso. De certa forma, pode ser a compreensão de que se trata de uma batalha perdida. A estratificação da pesquisa de hoje, do DataPoder, mostra que o candidato Jair Bolsonaro continua hegemônico neste nicho do eleitorado. Jair Bolsonaro tem 80% da preferência do eleitor evangélico, sobretudo depois das supostas ameaças de alguns pastores de excomungar o fiel que votar em Lula, como anda se especulando por aí. 

Marília Arraes(SD-PE), desde que anunciou que seria candidata ao Governo do Estado, abrindo uma dissidência no PT, manteve-se liderando todas as pesquisas de intenção de voto durante o primeiro turno das eleições estaduais. Muito se especulou sobre de onde provinha esse capital político da candidata. Sua militância e vinculação aos segmentos mais orgânicos do PT seria um ponto a assinalar. Tanto isso é verdade que tais segmentos declaram apoio à candidata, mesmo sendo expulsos da agremiação. 

Junta-se a esses grupos partidários outros movimentos sociais importantes, representativos de outros interesses, como a FETAPE, Federação dos Trabalhadores Rurais,  que sempre esteve do lado do seu avô, o Dr.Miguel Arraes. Quando Lula esteve em Garanhuns, lá estava o MST a bradar o nome da candidata do Solidariedade, quando Lula, em vão, tentava afirmar que o seu candidato "formal" era o Deputado Federal Danilo Cabral, do PSB; Sua atuação política aqui na capital - com reverberação na Região Metropolitana do Recife - é um outro fator importante, pois aqui se encontra quase a metade dos votos de Pernamabuco. 

O nome "Arraes', especula-se, pode ter ajudado a candidata nos grotões do interior, mas não há nada de concreto sobre o assunto; Liderando as pesquisas até então, a candidata atraiu aguns atores políticos - com atuação no interior do Estado - descontentes com o tratamento recebdio pela finada Frente Popular. Raposas políticas releventes, com forte influência sobre prefeitos e outras lideranças municipais; Sua contraposição à hegemonia dos socialistas no Estado, no entanto, pode ter sido onde a candidata conseguiu construir o seu maior capital politico. 

Sua tese e determinação de enfrentar e apear esse grupo do Palácio do Campo das Princesas passou a ser uma premissa capaz de identificá-la com tal possibilidade, levando o eleitorado a apostar suas fichas na candidata do Solidariedade. Solidariedade, aliás, por um desses acidentes de percurso. É certo que os demais sempre se apresentaram com tal propósito, mas o martírio de Marília Arraes consolidou essa identidade na candidata. E, por falar em solidariedade, havia, naturalmente, uma solidariedade do eleitorado pernambucano com a neta de Dr, Arraes, vítima frequente dos ataques vis dos adversários bem conhecidos. Durante um bom tempo, esse foi o seu maior trunfo político nesta disputa, na opinião deste modesto observador da cena política pernambucana. 

Possivelmente embalada por indicadores que se mostraram falsos sobre seus verdadeiros escores, parece que o salto alto indicou a estratégia sobre a candidata de não comparecer aos debates do primeiro turno, o que pode ter se constituído num erro. Ela ter incorporado, neste segundo turno, o apoio de setores ou partidos do campo progressista, a exemplo do PSTU, nenhum problema. Mas, a reconciliação com os seus algozes, oriundos de setores da Frente Popular, a exemplo da cúpula do PSB e dos setores oligáquicos e fisiológicos do PT, aqui sim, ela pode ter dado um tiro no pé. 

Não necesariamrnte pela capacidade de diálogo da candidata, quando se sabe que em política, tudo é possivel, e não existem os termos nunca ou jamais, para ficarmos nos conselhos do ex-governador Paulo Guerra. O fato pernicioso para a identidade que ela construiu na campanha é que ela tornou-se mais do mesmo, abrindo uma possibilidade - diga-se perigosa e amplamente rejeitada - de manter na esfera do poder estadual um grupo político que o eleitor já havia decidido que deve sair e ela incorporava essa saída. Um erro estratégico que pode custar a sua eleição, independentemente do fator "emocional' que pode ter ajudada a adversário Raquel Lyra, do PSDB, nesta reta final de campanha. Na pesquisa do IPEC sobre a disputa no Estado, a ex-prefeita de Caruaru aparece à frente de Marília Arraes.      

Editorial: Pesquisa do PoderData aponta um empate técnico entre Lula e Bolsonaro.



Acaba de sair da fornalha uma nova pesquisa de intenção de voto para a Presidência da República. Sempre que essas pesquisas são anunciadas, os eleitores filtram, de imediato, os institutos que as realizaram, um parâmetro que se tornou emblemático, sobretudo depois dos erros cometidos por esses órgãos por ocasição das pesquisas de intenção de voto no primeiro turno das eleições. Perigosamente, questões ideológicas passaram a integrar os padrões de confiança dos eleitores sobre esses números. No imaginário social, já existem os "institutos" de Lula e os "institutos" de Bolsonaro.  

Neste contexto, hoje já não seriam os "grandes' que poderiam trazer escores mais confiáveis, mas institutos mais modestos, como é o caso do Paraná Pesquisas, que deve anunciar os seus índices no dia de amanhã. O Paraná Pesquisas, como se sabe, foi o instituto que mais se aproximou de acertos, durante o primeiro turno, na disputa presidencinal. Não seria por acaso que seus números estão sendo tão aguardados pelos eleitores e os formadores de opinião. E, por falar nesses escores, continuam as grandes discrepâncias entre os institutos. 

A pesquisa do IPEC - antigo IBOPE - aponta nove pontos percentuais de diferença entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva(PT) e Jair Bolsonaro(PL). Lula pontua com 51% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro atinge o índice de 42%, grosso modo, uma verdadeira ducha fria nos esforços do presidente para reverter este quadro. Hoje, depois dos números apresentados por um dos "menudos' dos institutos de pesquisa, o PoderData, os ânimos do seu staff político - ou do comitê de reeleição - tende a melhorar, pois aquele instituto aponta para um empate técnico entre ambos, apontando que a diferença entre ambos é de apenas 04 pontos, praticamente dentro da margem de erro do instituro. 

Como afirmei no dia de ontem, o presidente Jair Bolsonaro conta com uma excelente equipe de campanha e está fazendo o possível e o impossível para reverter esta situação. Tem procurado ser moderado; aparar as arestas com as mulheres; distribue benesses para os eleitores mais empobrecidos; conta com os ventos favoráveis da economia. O problema é ele mesmo, que ainda ostenta um índice de rejeição que, em tese, o impederia de renovar o contrato de inquilino do Palácio do Planalto. O eleitor ainda sabe o que ele fez no verão passado e isso tem sido muito explorado pelo adversário. 

Editorial: Com a ajuda do Senhor do Bonfim, Lula almeja voltar ao Planalto.




É preciso acreditar. Quem poderia imaginar que Jerônimo Rodrigues(PT-BA) poderia virar o jogo na disputa pelo Palácio de Ondina? Mas ele virou, desbancando o franco favoritismo do candidato ACM Neto, herdeiro político do Carlismo, há dezesseis anos apeados do poder no plano estadual. A distância que separava ACM Neto(UB-BA) de Jerônimo Rodrigues no início da campanha era absurda, acima de 50 pontos percentuais. Os analistas políticos, aqui incluso este humilde editor, vislumbraram, concretamente, uma volta triunfal do Carlismo ao Palácio de Ondina, através da terceira geração, representada pelo ex-prefeito de Salvador, ACM Neto. 

Por muito pouco - algo em torno de 700 mil votos - Jerônimo Rodrigues não levou a eleição ainda no primeiro turno. Milagres acontecem e a imagem de Jerônimo Rodrigues fazendo suas preces ao Nosso Senhor do Bonfim viralizou nas redes sociais. O Santo operou o milagre. Mas, independentemente da ajudinha do Santo, alguns fatores contribuiram para essa virada do candidato petista no Estado: Uma gestão relativamente bem-avaliada de Rui Costa, atual governador - o suficiente para ele não se envergonhar de pedir votos para o ex-secretário de educação ou ser escondido da campanha; a grande capilaridade política obtida pelo partido ao longo dos dezesseis anos de poder no Estado. 

Longo tempo ocupando a máquina, geralmente, produzem alguma fadiga de material. Neste caso, insuficiente para afugentar os eleitores baianos, que ainda apostam na administração do partido no Estado. Quando as coisas vão bem na  adminsitração estadual, existe uma sinergia natural no sentido de nacionalizar a campanha. É um outro fator que também explica a resiliência do candidato petista, assim como ocorreu no Ceará, quando Elmano de Freitas venceu as eleições ainda no primeiro turno, ancorado nos bons ventos da administração do ex-governador Camilo Santana, que concorreu ao Senado Federal.  

Recíproca verdadeira, Lula obteve uma estupenda votação no Estado, voltando ali, neste segundo turno, com o objetivo de ampliá-la ainda mais, consoante as previsões do ex-governador Jaques wagner, um dos homens fortes de seu staff político. ACM Neto até hoje deve estar se perguntando como isso foi possível, uma vez que já havia encomendado o terno da posse. O neto do babalorixá Antonio Carlos Magalhães conduziu a campanha com equilíbrio - inclsuive evitando posicionar-se no contexto nacional. O único erro foi a história da cor parda, que produziu uma enorme - e desnecessária - polêmica. Neste segundo turno, ele teria sido convidado a apoiar o nome do presidente Jair Bolsonaro(PL), mas preferiu declinar do convite para não se insdispor com o "LulaNeto".   

Charge! Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 11 de outubro de 2022

Charge! Duke via O Tempo

 


Editorial: A pesquisa IPEC que é um bálsamo para Lula



Depois dos resultados discrepantes dos índices de intenção de voto do primeiro turno - que ficaram bem distantes das margens de erro dos próprios institutos -  os grandes órgãos de pesquisa de opinião produziram algumas explicações sobre o fenômeno, como as mudanças de comportamento do eleitor, de última hora, que eles não conseguiram captar. Não acreditamos que eles estejam com a credibilidade arranhada, mas o fato concreto é que há um clima hostil a esses institutos, ao ponto de se pensar, neste momento, sobre a possibilidade de se criar comissões para se investigar suas atuações. 

Comendo o mingau quente pelas beiradas, competindo entre os grandes, o Paraná Pesquisas cravou sua credibilidade neste campo como o instituto que mais se aproximou dos resultados das eleições no primeiro turno. Talvez por isso a sua pesquisa para o segundo turno, prevista para ser divulgada no dia 13, esteja criando uma grande expectativa entre os staffs de campanha e os formadores de opinião.A pesquisa do IPEC, divulgada no dia de ontem, no entanto, traz um grande alento para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pois o apresenta com 9 pontos de diferença em relação ao seu rival, o presidente Jair Bolsonaro. Lula aparece com 51%, enquanto Jair Bolsonaro crava 42%. 

Salvo alguns equívocos pontuais - como esta birra com o STF - a campanha do presidente Bolsonaro está sendo bem-conduzida por seus assessores, que são experts no assunto. Ganhou a musculatura de grandes apoiadores em colégios eleitorais decisivos; aufere os bons ventos soprados pela economia; tem mantido a moderação necessária, exceto em relação ao STF. Mas estão mantidas as taxas de rejeição ainda altas, confirmando uma premissa levantada pelo consultor Thomas Traumann de que o problema de Bolsonaro é o próprio Bolsonaro. São suas posições, suas falas polêmicas, que estão servindo de munição para o adversário explorar durante a campanha, o que eles estão fazendo sistematicamente. Pode estar dando resultado, produzindo um efeito mais preocupante entre os eleitores do que permitir que Lula volte ao Palácio do Planalto, a despeito dos equívocos cometidos no passado.   

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Editorial: Algo está errado na campanha de Lula. Está todo mundo dando pitaco.

 


Aqui no Nordeste se diz, com muita propriedade, que numa panela que muitos põem a mão, algo costuma sair errado, como duas pessoas colocarem, por exemplo, cada qual uma quantidade de sal, o que acaba estragando a panelada. Assim que se encerrou o primeiro turno, o próprio Lula chegou à conclusão de que o problema de ele não ter vencido as eleições estava no fato de a militância petista ter calçado o salto alto, acreditando que a vitória estava consolidada. Depois disso, foram só críticas à condução da campanha, seja de pessoas mais distantes do partido, seja de pessoas organicamente vinculadas à campanha ou mesmo insuspeitos observadores simpáticos à legenda. 

Agora, pela manhã, a informação, divulgada por uma revista de circulação nacional, de que assessores do candidato estariam aconselhando Lula a emitir uma espécie de carta de compromisso com os evangélicos, quiçá, dirimindo essa onda de boataria que estaria sendo disseminada pelo adversário. Já comentamos isso por aqui, enfatizando que o PT não poderia negligenciar a pauta de costumes que contribue bastante para induzir o voto desses segmentos, objetivamente com relevância ainda maior do que a pauta econômica. Absurdamente, em algumas denominações, dizer que vai votar em Lula pode signficar expulsão da igreja. 

Essas fake news com referência a fechar igreja ou do banheiro único para meninos e meninas está ganhando proporções inimagináveis. Não é de hoje que o PT errou no relacionamento com este segmento do eleitorado e não há mais tempo para recuperar o tempo que foi perdido. Certamente trata-se de algo que precisará ser revisto. Fala-se muito, igualmente, sobre a necessidade de o petista apresentar logo um Programa de Governo, preferencialmente indicando o piloto que deverá ditar os rumos da economia num eventual governo petista. Essa cobrança vem de grandes formadores de opinião, a julgar pelo editorial da Folha de São Paulo, publicado em sua edição do dia ontem, chamando a atenção para o assunto. 

Sites insuspeitos, a exemplo do Outras Palavras, sugerem que a campanha deveria focar nas mobilizações de rua, em contraposição às grandes concentrações. Agora foi a vez da ex-candidata, a senadora Simone Tebet, que aderiu de corpo e alma à campanha do petista - sobretudo em razão dos seus compromissos democráticos. A senadora questiona desde o jingle, Vai dar PT, muito usado no dia de ontem, em Belo Horizonte, até mesmo a necessidade de Lula organizar eventos destinados exclusivamente às mulheres, como está sendo pensado pelo adversário, com a participação ostensiva de Michele Bolsonaro  e Damares Alves. Em meio a todas essas ponderações, é possível que, de fato, algo esteja errado na condução da campanha petista, exigindo uma urgente mudança de rumo, mas tomando os cuidados necessários sobre quem e em que medida pode-se mexer na panela, sob risco do pirão entornar.   

Editorial: Eleitor evangélico: Esse estranho objeto do desejo



O eleitor evangélico continua, majoritariamente, apoiando o candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro. Este dado se constitue num problema para as aspirações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já fez várias investidas para reaproximar-se desses eleitores, um contingente que pode ser decisivo numa eleição presidencial. Burocratizado e oligarquizado, como já discutimos em outras ocasiões, o PT perdeu muito de sua organicidade, desde quando mantinha um vínculo mais estreito com os movimentos sociais. O mesmo raciocínio se aplica aos evangélicos, sobretudo esses grupos mais recentes, denominados de neopentecostais. 

Não são pontes que possam ser reconstruídas muito facilmente. Depois, ao longo dos anos, muita coisa mudou no perfil e no comportamento desses novos grupos evangéicos. Novas "leituras" precisam ser feitas para reabrir tal diálogo. Benedita da Silva sugeriu que Lula se concentrasse no aspecto econômico e não estabelecesse um diálogo "específico" ou de  "costumes" com esses grupos. Apesar da origem evangélica, a Deputada Federal parece ter se equivocado no seu diagnóstico. No "filtro" do voto desses eleitores, a agenda de costumes parece continuar ocupando um status elevado. 

Não deve ser por acaso que essa pauta de costumes vem sendo bastante explorada pelo adversário. O "estrago" de certas fake news que estão circulando é tão perceptível que Lula está sendo aconselhado pelo seu staff político a produzir uma carta de compromissos dirigidas aos avangélicos, no sentido de conter a sangria. "Lula vai fazer isso' Lula vai fazer aquilo' não se corrige com simples publicações de desmentidos. Quem sabe só possa ser corrigido depois dos resultados das urnas, em 30 de outubro, o que poderá ser um pouco tarde. 

A parábola do elefante e do domador - para explicar como age nossos cérebros - explica bem que estamos na faze do elefante destranbelhado, incapaz de ser contido pela "racionalidade do domador. Aliás, o perfil desses grupos evangélicos tem suscitado muitos estudos, sempre no sentido de entender seu comportamento. Até mesmo a pauta de costumes - sobre a qual eles foram sempre muito rígidos - merece a atenção, pois parece-nos que, em nome dessas plataformas políticas autoritárias ou protofascistas, eles parecem desconhecer que espalhar fake news é pecado, punido com a condenação do indivíduo ao fogo do inferno, na companhia do capiroto.  

domingo, 9 de outubro de 2022

Editorial: O Programa de Governo e o ministro da economia de Lula

Crédito da foto: Miguel Schincariol\AFP


Um leitor que não tivesse a oportunidade de ler o economista paraibano Mailson da Nóbrega poderia ficar impressionado com os textos publicados no dia de hoje, em diferentes veículos ou mídias, exigindo que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva(PT) apresente logo o seu Programa de Governo - sobretudo o capítulo dedicado à economia - assim como anuncie o nome do seu futuro ministro que irá ocupar aquela pasta em seu ministério. Curioso que essas cobranças da chamada grande mídia estão atingindo, igualmente, blogs e sites de uma linha sabidamente progressista, que também passaram a cobrar do candidato um posicionamento sobre o assunto. 

No geral, parace estar em curso a construção de uma narrativa no sentido de explicar um eventual tropeço do petista neste segundo turno das eleições presidenciais. O editorial de hoje da Folha de São Paulo aborda o assunto, tecendo duras críticas e cobranças veladas acerca do tema, questionando que o petista precisa abandonar, urgentemente, essa cruzada do bem contra o mal, das remissões ao passado dos churrascos da pincanha na lage e coisas assim. Seria necessário dizer logo que rumos ele pretende imprimir à política econômica, aprimorando os pontos positivos e corrigindo eventuais problemas. 

O jornal, inclusive, faz uma avaliação até positiva da política econômica do atual Governo, no tocante ao controle do processo inflacionário e geração de empregos. Num comparativo com Jair Bolsonaro, este, elém de apresentar um programa de governo, fica mais simples identificar as diretrizes, a partir da batuta do Posto Ipiranga. Nadando contra a corrente, o economista Mailson da Nóbrega, em seu blog da revista Veja, observa que se trata de uma tremenda bobagem e que o candidato Lula está certo em manter sigilo sobre o assunto. 

Ao contrário da corrente de pensamento que sugere que ele poderia perder eleitoras em razão da ausência dessas informações, Mailson aponta que apenas 10% dos eleitores se interessam sobre o assunto, dificilmente os candidatos cumprem à risca tais programas, e, mais importante, Lula poderia, aí sim, perder eleitores com tais anúncios precipitados. Sabe-se que qualquer erro nesta fase do campeonato pode ser fatal para o candidato. A diferença entre ambos é de apenas 5 pontos, de acordo com as pesquisas mais recentes, o que sugere que teremos uma batalha renhida, disputada voto a voto.   

sábado, 8 de outubro de 2022

Editorial: Gilberto Freyre e o Estado Novo



Este editor anda um pouco afastado do debate político e as razões não são tão simples. As exigências de leituras do curso sobre: O QUE LER PARA ENTENDER O BRASIL é um dos motivos. Afora a bibliografia recomendada pelo professor, soma-se as inúmeras sugestões de leituras complementares recomendadas pelos alunos e alunas, não menos importantes. E, já que estamos tratando nesta postagem de um dos maiores intérpretes do país, vale uma observação de Gilberto Freyre de que o Brasil precisa ser estudado de fora, de preferência a partir dos continentes asiático e africano. Goa e Moçambique podem oferecer pistas importantes para entender o país.  

Por outro lado, há, de nossa parte, um pouco de decepção com os rumos que este país está tomando. Seja qual for o resultado das urnas - torçamos para que possamos manter a sobrevida de nossa experiência de democracia - o fato concreto é que o ideário conservador - com suas tonalidades de ultra-direita, fascista e autoritária - está ganhando musculatura e capilariedade política na sociedade brasileira, a julgar pelos resultados das eleições de outubro, onde próceres representantes dessas plataformas políticas foram contemplados com assentos nas casas legislativas e nos executivos estaduais. Confirma-se aqui uma tendência que os analistas já vinham observando desde eleições anteriores.   

Talvez as forças do campo progressista não estejam dimensionando corretamente o perfil de nosso conservadorismo e subestimando a pauta de costumes, tão ou mais importante do que a agenda econômica. Essa estória de comer índio pode ter um efeito devastador, daí se entender que o adversário esteja recorrendo ao TSE para tirar do ar. O despertar para a agenda de costumes é ainda recente, não sabemos se suficiente para estancar a sangria. Chegaram, por exemplo, a um denominador sobre o aborto: Pessoalmente sou contra, mas quem decide é a mulher, que está grávida. Aqui em Pernambuco, a política chegou ao fundo do poço. Estamos diante de uma Síndrome de Estocolmo tupiniquim. Até escrevemos sobre o tema, mas optamos por não publicar o texto, porque precisaríamos dizer algumas verdades que poderiam não ser bem assimiladas pelos atores políticos envolvidos. Publicaremos mais tarde, quando a poeira abaixar.  

Mas, em meio a essas turbulências políticas, eis que a Fundação Gilberto Freyre anuncia o vencedor do concurso de ensaio sobre o escritor pernambucano, relativo ao exercício de 2022. A vida do escritor de Casa Grande & Sanzala é marcada por muitas contradições, seja no campo das ideias, seja na vida pessoal, seja no que concerne às suas posições políticas. Há uma gama enorme de textos tratando deste assunto. Gustavo Mesquita, historiador goianense, foi o vencedor do concurso deste ano, com um ensaio sobre a relação das ideias do escritor com o Estado Novo, notadamente, com relação às suas proposições regionalistas.  

Não vamos aqui entrar no mérito de como o regionalismo conviveu políticamente com as teses do Estado Novo, pois temos certeza que Gustavo deve ter dado conta desta questão, certamente com muita competência, posto que foi indicado para receber o prêmio. Curioso que, politicamente, esse embate de Gilberto Fryre com o Estado Novo é semre posto como um "saldo políticamente positivo' do sociólogo de Apipucos, sobretudo em contraposição às referências às suas relações com a Ditadura Militar, imposta ao país pelo Golpe civil-militar de 1964. 

Há até bons argmentos para isso, como as duas prisões das quais foi vítima; o atentado perpetrado contra ele na Pracinha do Diario; As "trincheiras políticas' montadas na redação do Diário de Pernambuco e na Faculdade de Direito do Recife. Em razão dos seus artigos no vespertino pernambucano, o jornalista Aníbal Fernandes, amigo de Gilberto Freyre, levou uma camada de pau - como se diz aqui no Nordeste - quando chegava à sua residência no bairro de Boa Viagem. Salvo melhor juízo, o artigo escrito por Gilberto Freyre que desagradou profundamente o interventor Agamenon Magalhães dizia respeito à sua contraposição em relação à Liga Contra os Mocambos, um projeto de corte higienista da Interventoria do Estado, que pretendia acabar com as palafitas da cidade, ao transferi-la para lá dos Macacos, uma comunidade localizada na cidade de São Lourenço da Mata, que fica na Região Metropolitana do Recife. 
 
Assim como em relação à família Lundgren, em Paulista, a indisposição de Agamenon Magalhães com Gilberto Freyre se dava, sobretudo, por ambos representarem interesses de oligarquias antagônicas. Enquando o China Gordo - apelido de Agamenon Magalhães - era um ilustre representante das oligarquias sertanejas dedicadas à criação de gado e ao cultivo do algodão, Gilberto Freyre era um Menino de Engenho, orgânica e politicamente vinculado à aristocracia açucareira da Zona da Mata do Estado. 

Quando o Estado Novo foi instaurado, o então governador Estácio Coimbra perdeu o mandato e foi embora para o exílio juntamente com seu chefe de gabinete à época, o jovem Gilberto Freyre. Se, de acordo com o pensamento de sua família, o desenvolvimento de seu talento e capacidade não teriam condições de serem aprimorados plenamente aqui na província - daí o esforços para enviá-lo para estudar nos Estados Unidos - por outro, lado, ao regressar de sua temporada de estudos no exterior, o mestre de Apipucos ficou completamente perdido no tocante às suas inclinações profissionais. Neste período, as ideias mais estapafúrdias se passaram por sua cabeça. Algumas delas bem distante dos esforços empreendidos nos estudos nos Estados Unidos.  

Difícil dizer como se deram os arranjos políticos para indicá-lo a assumir a Chefia de Gabinete do ex-governador Estácio Coimbra. Modestamente, talvez pudéssemos fazer um link aqui com Gustavo, ao nos referirmos à relação de Gilberto com as religiões de matriz africana, quando se sabia das indisposições do Estado Novo com essas práticas religiosas aqui no Estado, pois recebia o apoio efetivo de setores da Igreja Católica. Segundo um ex-colega de trabalho, quando Gilberto Freyre organizou, no então Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, os primeiros congressos de religiões de matriz africana, os muros de sua residência, no bairro de Apipucos, amanheceram pichados com dizeres impublicáveis. 

Um fato que reforça a tese das indisposições pontuais de Gilberto Freyre com o Estado Novo é a sua relação com Getúlio Vargas, que chegou a convidá-lo a assumir a pasta da Educação e quis interceder em favor do relaxamento de sua prisão por Agamenon Magalhães. Na realidade, como dizia aquele profundo intérprete do Brasil, aqui tudo se resolve com um tapinha nas costas - ou com um licor de pitangas, se vocês preferirem. Agamenon tinha vários motivos para se indispor com a oligarquia industrial dos Lundgren, em Paulista. A concentração latifundiária e miliciana da família Lundgren - que atuava como uma espécie de Estado paralelo; a não observância à Legislação Trabalhista, um dos grandes trunfos políticos do Estado Novo; o arsenal de armas irregulares que os Lundgren mantinha em seu poder. 

Mas, o grande motivo mesmo era a posição política da família, que semre emprestou apoio aos adversários do Estado Novo. Quando esteve aqui em meados da década de 40 do século passado, o cronista Rubem Braga relata, em uma de suas belas crônicas não assinadas - mas identificadas pelo estilo - que, apesar das brigas, não era incomum, nas manhãs de domingo, o China Gordo banhar-se na banheira dos Lundgren, que mantinham o estranho hábito de tomar o primeiro banho da manhã no interior de suas fábricas. Numa greve histórica dos operários, uma das ações de sabotagem foi cortar o fornecimento de água para o banho matinal do chefe do clã familiar, que precisou contar com apoio inestimável dos serviçais para um banho de cuia, muito comum para os pobres mortais aqui da região. 

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Editorial: E o Paraná Pesquisas tinha razão.



Salvo melhor juízo, o Instituto Parará Pesquisas foi um dos patrocinadores de um debate ocorrido no Estado do Paraná,entre os candidatos ao Senado Federal. Essa informação é importante porque esclarece algo que se tornou muito comum entre os analistas, quando se referem às espertizes e tempo de atuação dos institutos de pesquisas no país, separando os antigos e tradicionais e os "novos". Por tal critério, o tempo de atuação dos institutos constituem-se como um elemento importante, pois significa experiência, no escopo de tal raciocínio. Aqui, como nos quartéis, antiguidade é posto e aqueles com mais experiência acabam adquirindo, igualmente, maior credibilidade entre os formadores de opinião. 

Neste momento, em razão das discrepâncias dos números apresentados pelos institutos tradicionais sobre a corrida presidencial de 2022, caem a fúria dos bolsonaristas e a desconfiança da opinião pública sobre os chamados grandes institutos. Neste universo, se sobressaem os dados apresentados pelo Instituto Paraná Pesquisas, aquele que mais se aproximou do acerto dos resultados da eleição presidencial de ontem. Em sua última pesquisa sobre o primeiro turno, o instituto pontuou que o petista ostentava 47% das intenções de voto. Lula chegou a cravar 48,43%. Um acerto preciso, dentro da margem de erro. Nesta mesma pesquisa, o Paraná apontava o candidato Bolsonaro com 40% das intenções de voto. Apuradas as urnas, ele atingiu 43,20%. Um pouquinho acima da margem de erro do Instituto, mas nada tão distante do escore final, o que seria compreensível. 

rigor, a rigor, o Instituto Paraná Pesquisas possue mais de duas dezenas de atuação no mercado, portanto, não poderia ser tratado como um "novo', exceto se comparado ao tempo de atuação dos institutos tradicionais. Por apresentar números distintos dos demais institutos, o Paraná Pesquisas enfrentou uma saraivada de críticas, para dizer o mínimo e não entrar no méritos das acusações levianas que se lançaram contra aquele órgão. Agora, diante desses fatos novos, seus dirigentes devem estar comemorando o feito e se preparando para novos acertos em relação ao segundo turno das eleições, desta vez, sendo observado com mais acuidade pelos formadores de opinião.