José Luiz Gomes
O poeta Marcus Accioly, numa de suas aulas, contou um caso interessante. Numa conversa com a secretária do departamento, teria afirmado sentir falta dos tempos em que vivia no campo. Sentia, na realidade, saudade de bosta, ou seja, daquele bolo fecal característico, produzido pelos bovinos. A moça olhou para ele espantada e teria afirmado. Eu já vi bosta de saudade, mas saudade de bosta...?Assim como o poeta, sou apaixonado pela vida no campo. Não sou um especialista no assunto, mas poucas coisas se comparam a ensinar o pouco que aprendi aos rebentos, dessa geração fast food, absolutamente ignorantes sobre as coisas mais básicas do campo. Que a batata doce, o inhame e a macaxeira são raízes; um pé de colorau, numa referência, claro, à planta urucum; aqueles cajus amarelos que já não existem mais; uma horta bem cuidada, com seus viçosos pés de alface, coentro cebolinho, espinafre; tirar leite da vaca ainda fresquinho e transporta-lo direto para a vasilha para a produção daquele doce de leite, que eles só conhecem industrializados.
Assim, como seria inevitável, tornei-me um apaixonado pela literatura de engenho. Antes, não fazia muito bem a distinção entre literatura regional ou literatura de engenho. Não estou certo se a distinção é correta, mas gosto do termo, que passei a usar depois da leitura do livro Contando o Passado, Tecendo a Saudade, dissertação de mestrado de Diego José Fernandes Freire, que aborda a construção simbólica do engenho açucareiro em José Lins do Rego. Confesso haver aqui uma fraqueza de Pernambucanidade. Os primeiros representantes dessa literatura são pernambucanos: Hilton Sette, com sua Senhora de Engenho, um livro que é um verdadeiro manual para jovens escritores, muito bem escrito - Seus filhos afirmam que Sette era bastante exigente com ele mesmo - e os primeiros capítulos de Minha Formação, do abolicionista Joaquim Nabuco.
Como se sabe, Joaquim Nabuco viveu seus verdes anos no engenho da família, o Engenho Massangana, localizado no Cabo de Santo Agostinho. Há outro fato importante sobre esse engenho, que, normalmente é negligenciado. No documentário de Eduardo Coutinho, Cabra Marcado Para Morrer, há uma referência ao fato de o líder camponês João Pedro Teixeira, ter trabalhado naquele engenho, enquanto residia em Jaboatão dos Guararapes, possivelmente fugindo dos seus algozes, em Sapé, na Paraíba, onde exercia forte liderança sobre os trabalhadores rurais.
Como se sabe, Joaquim Nabuco viveu seus verdes anos no engenho da família, o Engenho Massangana, localizado no Cabo de Santo Agostinho. Há outro fato importante sobre esse engenho, que, normalmente é negligenciado. No documentário de Eduardo Coutinho, Cabra Marcado Para Morrer, há uma referência ao fato de o líder camponês João Pedro Teixeira, ter trabalhado naquele engenho, enquanto residia em Jaboatão dos Guararapes, possivelmente fugindo dos seus algozes, em Sapé, na Paraíba, onde exercia forte liderança sobre os trabalhadores rurais.
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