José Luiz Gomes
Que falta nos faz um Nelson Rodrigues nessas horas. Nas redações dos jornais cariocas, escrevendo suas crônicas esportivas, ele tornou-se um gigante, imbatível na pequena área, que ele dominava como poucos. Rivalidade? talvez o Rubem Braga, mas este, ao que se sabe, o maior dos nossos cronistas, era, assim, um perna de pau quando o assunto era futebol. Li muita coisa sobre este empate da seleção brasileira, em sua estreia na Copa do Mundo de 2018, mas, certamente, nada que pudesse ser comparada a uma eventual crônica do pernambucano Nelson Rodrigues, se ele ainda estivesse batendo aquele bolão entre nós.
Há alguns anos atrás - muito anos, aliás - quando este escriba ainda era um adolescente - os cinemas exibiam, durante os intervalos - uns filmetes do canal 100 que eram soberbos, não raro, até melhores do que os filmes exibidos. Quem já teve o privilégio de acompanhar alguns desses filmetes sabe do que estamos falando. As filmagens permitiam alguns close up impagáveis dos torcedores, flagrados em cenas hilariantes; as jogadas excepcionais, os dribles desconcertantes eram repetidos num espécie de câmara lenta para o nosso deleite; tudo isso narrado por um locutor com uma voz inconfundível. Por vezes, os caras abusavam... Liam as crônicas escritas pelo grande Nelson Rodrigues...na voz do ator Paulo César Pereio. Isso, num Fla/Flu! Haja coração! Para reproduzir aqui a única expressão tolerável daquele locutor chato da emissora do plim plim.
Infelizmente, não tenho o talento do Nelson Rodrigues para analisar mais um fiasco da seleção brasileira na estreia da copa do mundo. Em certa medida, pode até haver algum exagero aqui, mas, diante da responsa que o técnico Tite conseguiu imprimir àquele plantel, não vejo como avaliar o quadro de uma outra forma. Em tese, a seleção estaria no ponto. Tecnicamente, psicologicamente e, o mais improvável, politicamente preparada para o embate. O técnico Tite conseguiu algo que parecia impossível: minimizou a ingerência dos cartolas do nosso futebol e devolveu a confiança dos brasileiros na seleção. Em campo, no entanto, a julgar por esta primeira partida, algo ainda não vai bem. A seleção voltou a exibir aquele momento de branco, de apagão, depois de fazer o seu primeiro gol contra os suíços. O que houve, então, depois daqueles 30 minutos inicias, Nelson Rodrigues?
Falta uma liderança que se imponha nesses momentos e não permita a desconcentração do grupo? Seria ainda reflexo daquele jeito moleque de jogar? A empáfia do salto alto? Ou os mimos exagerados dispensados àquele que, para os brasileiros, ainda é o nosso melhor jogador, Neymar? Para os analistas europeus, ele não é essa unanimidade.
É certo que houve um pênalti claro, não marcado pelo árbitro. O mais curioso é que o pessoal dos bastidores- aqueles árbitros de vídeo - que estão ali para corrigir essas injustiças, não se pronunciaram sobre aquele lance polêmico? Qual, afinal, a função desses árbitros que não de dirimir eventuais dúvidas que ocorrem durante as partidas, motivada pela incapacidade dos árbitros de campo acompanharem com precisão os lances durante o jogo.
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