Não sou advogado, tampouco jurista, portanto, não tenho competência para fazer uma avaliação técnica sobre a atuação da equipe de advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ademais, tenho um profundo respeito por sua equipe de advogados. Algumas das críticas contra essa equipe não procedem. Eles já foram acusados, por exemplo, de aparecerem demais, concederem muitas entrevistas quando, na realidade, tentavam se contrapor ao massacre midiático orquestrado contra o ex-presidente. Hoje, eles se deparam com um julgamento político, onde os argumentos de natureza jurídica surtem muito pouco efeito. Dito isso, agora me sinto mais à vontade de apontar aqui dois possíveis equívocos cometidos pela defesa de Lula. O primeiro dele foi o de aconselhá-lo a entregar-se, acatando aquela ordem de prisão que deveria ser cumprida em 48 horas, expedida pelo juiz Sérgio Moro. Aqui optava-se por uma estratégia institucional de enfrentamento que resultaram em derrotas sucessivas. Lamento pro fundamente informar que outras virão, fragilizando ainda mais o ex-presidente, que já se queixa da solidão nesses dias de jogo do Brasil, sem TV a cabo, possivelmente tendo que aguentar aquela chato locutor da emissora do plim plim. O outro equívoco, este eles mesmo admitem, foi o excesso de esperteza, ou seja, encaminhar ao STF, numa única petição, um pedido de relaxamento da prisão e um posicionamento sobre a inelegibilidade.
Recentemente,
Lula publicou um artigo no Jornal do Brasil, onde reafirma a sua condição de
candidato às próximas eleições presidenciais. Aliás, tem dito isso sempre,
acrescentando que apenas uma fatalidade - aqui não cogitada a sua permanência
na prisão ou a decretação de sua inelegibilidade. A
tese do esgotamento da estratégia institucional de luta contra as urdiduras autoritárias de
2016 parece que começa a tomar corpo entre os simpatizantes do ex-presidente
Lula. Outro dia foi o Leonardo Boff, mais recentemente, o ex-governador Cláudio
Lembo que, em palestra, admitiu que é muito pouco provável que Lula seja
solto. O melhor mesmo teria sido desobedecer a ordem de prisão e procurar um
país para exilar-se, conforme setores progressistas o recomendaram. Ao
entregar-se, de alguma maneira, Lula acabou referendando a injustiça que se
cometeu contra ele, observa Lembo. A impressão que eu tenho é que o próprio presidente, hoje,
já repensaria a sua decisão de entregar-se à Polícia Federal. Outro dia, ao
comentar o jogo da seleção brasileira, queixou-se que é triste acompanhar um
jogo da seleção brasileira sozinho.
As
pesquisas estão apontando os riscos de uma eleição sem a presença do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No seu artigo, ele é enfático em
afirmar a enrascada política e econômica em que nos metemos depois do golpe de 2016.
Corremos um sério risco de aprofundarmos esses problemas depois das eleições de
2018, com a eleição de um candidato com uma agenda além de regressiva, de flertes autoritários e intolerantes. Com Lula fora do jogo, tal candidatura já desponta na liderança, com relativa desenvoltura em relação aos demais candidatos. Se, por um lado, ainda é cedo para prognósticos mais definitivos, por outro lado é inegável reconhecer a capilaridade dessa candidatura, cujo ovo está muito bem chocado.
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