pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Crônica: Tardes em Tambaú...com Geraldo Vandré
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quinta-feira, 7 de junho de 2018

Crônica: Tardes em Tambaú...com Geraldo Vandré


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José Luiz Gomes



Na realidade, Tambaú é um bairro para ser curtido todas as horas, desde os primeiros raios de sol, que, ali, ponto mais oriental das Américas, nasce bem antes dos outros. Numa barraca de praia, banhando-se em suas águas,  curtindo a brisa suave que brota dos coqueirais, como diria o poeta Vinicius de Moraes , saudando o seu torrão, não menos aprazível, de  Itapuã. Suas praias são de águas calmas, tranquilas e quase sempre mornas. Um convite ao mergulho, de corpo e de alma, daqueles que afastam as mazelas para bem longe, de dezembro a janeiro. Restingas preservadas completam o cenário de uma praia urbana com encantos singulares de vila de pescadores, em alguns momentos. Nos momentos em que contornamos o Hotel Tambaú e nos deparamos com barcos de pesca e uma peixaria com peixes frescos recém-chegados do mar, trazidos pelos pescadores da colônia de pescadores local. Tempo houve, dizem os mais antigos moradores, que o ambiente, como um todo, era bem mais rústico, antes das intervenções urbanas. Para mim, os resíduos dessas lembranças são impagáveis. É ali que costumo tomar uma água de coco e trocar um dedo de prosa com os trabalhadores do mar.  

Com poucas exceções, Tambaú é um dos poucos bairros onde as edificações próxima à orla respeitam o limite de quatro andares, permitindo que o direito à paisagem, Clóvis Cavalcanti, seja preservado. Há apenas dois prédios que fogem a esse padrão, construídos antes da aprovação da lei que regulamenta as construções na orla. No passado, para alguns gestores pouco criativos, a peixaria também se constituía num problema, cuja solução foi encontrada pelo então prefeito, Luciano Agra, que requalificou o local, tornando-o um espaço apreciado por turistas, que não resistem aos camarões vila franca, às ciobas e pescadas amarelas comercializadas no local. Se tem criança no recinto, corra para não perder os passeios de catamarãs até às piscinas naturais de Picãozinho, que dependem da tábua de marés. Fica a meia hora da orla e os catamarãs oferecem petiscos, bebidas e máscaras de mergulhos para os guris apreciarem o espetáculos dos peixinhos coloridos nas águas transparentes. As pedras representam o único inconveniente até se chegar às piscinas. Vale o sacrifício, no entanto. Nessas ocasiões, as crianças são os melhores juízes... 

Ainda pela manhã, ali pelas dez horas, a melhor pedida é o centenário Mercado Municipal, também conhecido como Mercado das Frutas, onde é possível comprar as frutas de época ainda fresquinhas. Com sorte  - e boa programação - você chega na época dos sapotis, dos jambos, das mangas rosas, das jabuticabas, dos famosos abacaxis de Sapé. Os mais suculentos. O Mercado de Artesanato, logo ali pertinho, é coisa para se ver à tarde, depois do almoço regional no Mangai. A feirinha de artesanato é outra opção para quem deseja levar umas lembrancinhas para os familiares e amigos. Tambaú é um bairro completo, não sei se disse isso antes...Ao cair da tarde, um passeio na orla, depois de saborear os melhores sorvetes do mundo, os da Sorveteria Friberg. Aceita uma sugestão? Não deixe de experimentar o tradicional de coco e o de chocolate africano! Hummm!Existem umas três sorveterias bem próximas. A Friberg é a mais acanhada, mas faz o melhor sorvete.  

Foi num desses momentos que este cronista encontrou o compositor Geraldo Vandré perambulando - com seu violão - por aquelas bandas, completamente absorto, sozinho, de chinelos de couro. Geraldo é um dos grandes nomes da musica popular brasileira. Bom letrista, participou de grandes festivais e tornou-se um ícone da luta pela redemocratização do país, cujas manifestações eram embaladas sempre por sua composição: Caminhando ou Para não Dizer que não Falei das Flores. Filho ilustre da Paraíba, Geraldo hoje integra um projeto mantido pela Prefeitura de João Pessoa, apresentando-se em locais públicos. Uma das provas de que este país entrou numa esquizofrenia coletiva é que tal composição foi entoada na última greve dos caminhoneiros, mas com o propósito de pedir uma intervenção militar. Exilado durante o regime militar, Vandré voltou ao país com a redemocratização, evitando entrar em polêmicas. Escreveu Fabiana, que, ao contrário de Caminhando, tornou-se um hino da Aeronáutica. Sempre muito evasivo quando questionado sobre uma possível mudança radical de comportamento, responde apenas que Caminhando, apesar dos refrões inspiradíssimos, não se propunha a estabelecer uma crítica sobre aqueles dias conturbados que o país atravessa(ops!) atravessava, digamos assim. Duas biografias não autorizadas pelo compositor comentam o episódio, insinuando uma possível perturbação mental do autor de Caminhando.

Ao cair da noite? que tal então uma tapioca gigante na pracinha de alimentação, ou, quem sabe, uns petiscos acompanhado de uma Serra Malte bem geladinha, dessas cervajas feitas com água destilada, malte e cevada? O milho não faz bem ao juízo e muito menos ao estômago. Um aviso aos navegantes e apreciadores de cervejas: há uma confraria da Serra Malte no Mercado Municipal. Esses mercadões, hoje, se constituem grandes atrações turísticas - verdadeiros points de todas as tribos e idades - como ocorre com A Ver o Peso, no Pará, o do Rio Vermelho, em Salvador, O Mercado Central, em Belo Horizonte e, o Municipal, em Tambaú. Por que não?Um passeio por sua orla muito bem cuidada, te faculta conhecer alguns pacotes para as diversões noturnas, oferecidas por casas especializados ou restaurantes com voz e violão. Se és da balada, portanto, a tua noite também está garantida. Este é Tambaú, para ser curtido todinho, até o último gole, sem remorsos, sozinho, com familiares, com parceiros ou parceiras, nesses tempos de politicamente correto.  

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