pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO
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sexta-feira, 14 de outubro de 2011




O XADREZ POLÍTICO DAS ELEIÇÕES DE 2012 NO RECIFE – Fernando Bezerra Coelho no Recife. Numa jogada de mestre, o PSB empareda o PT no Palácio Antonio Farias, obrigando-o a reavaliar suas estratégias. Se correr, o bicho pega. Se ficar, o couro come.

José Luiz Gomes escreve

                                   Assim que assumiu o Governo, a presidente Dilma Rousseff enfrentaria algumas turbulências, como a tragédia das enchentes na região serrana do Rio de Janeiro, responsável por um número expressivo de mortos e desabrigados. Contingenciada, a presidente recém-empossada precisou tomar medidas urgentes, mas com equilíbrio, acionando todos os dispositivos do Estado para o enfrentamento correto do problema. Ali, orientados por raciocínios distintos sobre as medidas de enfrentamento que deveriam ser tomadas e os atores a serem acionados, estabelecia-se a primeira rusga entre Dilma Rousseff e o então Ministro da Defesa, Nelson Jobim. Mais tarde, vítima das intrigas das “super poderosas”, Dilma perderia um dos seus melhores quadros no Ministério.  

                                   Bastante apreensiva com os rumos dos acontecimentos, sofrendo ataques duros da imprensa e da oposição, Dilma Rousseff se sentia acuada. Foi neste momento que brilhou a estrela de um político do Sertão do São Francisco, indicado para o Governo por Eduardo Campos, da cota do PSB. Com reconhecida capacidade de trabalho, montou uma equipe técnica afinada, que emitia boletins diários para o Planalto sobre o andamento das ações do Governo. A partir de então, esse político cairia nas graças da presidente Dilma Rousseff. Seu nome? Fernando Bezerra Coelho.

                                   Superado aqueles problemas, já em visita ao Estado de Pernambuco, a presidente Dilma Rousseff faria questão de agradecer ao governador pela cessão daquele quadro, um dos seus melhores ministros. Nas eleições passadas, sabia-se do seu interesse em candidatar-se a uma das vagas de senador da Frente Popular. Teria sido convencido por Eduardo Campos, em nome da unidade da Frente, a abdicar de sua candidatura em favor dos demais partidos da base, PTB e PT.  Aquiesceu, embora, possivelmente, tenha se firmado alguns acordos entre ambos, o que nos levou a concluir que Fernando Bezerra Coelho havia se tornado um dos nomes mais prováveis a suceder Eduardo Campos no Palácio do Campo das Princesas em 2014, conforme expusemos em artigo escrito bem antes dos últimos acontecimentos políticos.

                                   Como diria a raposa mineira Magalhães Pinto, política são (sic) como as nuvens... Até 2014 muitas águas deverão rolar no rio da história política do Estado, mas insistimos que Fernando Bezerra Coelho está na “fila”. A galeria de nomes cotados para suceder Eduardo Campos cresce a cada dia. Tadeu Alencar, Danilo Cabral, Humberto Costa, Armando Monteiro.  Há especulações também em torno do Ministro do Tribunal de Contas da União, José Múcio Monteiro, segundo dizem, um dos preferidos de Eduardo Campos. Múcio seria uma espécie de coringa do governador.

                                   Confessamos não entender porque tanta especulação em torno do nome de Múcio. Os acordos políticos entre ele e Eduardo já teriam sido celebrados e as contas fechadas. Múcio cedeu suas bases em troca do apoio de Eduardo Campos para o TCU, Ana Arraes herdou algumas dessas bases, elegeu-se e também foi fazer companhia a Múcio naquela Corte. A única conta em aberto, no nosso humilde entendimento, foi o empenho de Múcio Monteiro na última eleição de Ana Arraes e uma trinca forte entre ele, Lula e Eduardo. Sempre que vem ao Recife, Múcio vai ao Palácio do Campo das Princesas para saborear uma pescada amarela. Isso, de fato, intriga. Para completar, esse peixe tem apenas uma espinha central, deixando o conviva bem à vontade para as articulações, sem medo de engasgar-se.  

                                   Se esse azarão furou a “fila”, é mais uma evidência de que em política não existem “nunca” nem “jamais”. Ferrenho adversário do Dr. Miguel Arraes, voltaria ao Palácio do Campo das Princesas com o apoio do neto, Eduardo Campos. Na Paraíba também se especula em torno de uma possível união entre José Maranhão e Cássio Cunha Lima. Dr. Miguel Arraes costumava dividir seus oponentes entre adversários e inimigos. Múcio estava nesse segundo grupo. O ex-governador Paulo Guerra está inquieto em seu túmulo: Eu não disse! Eu não disse!

                                   Ao transferir seu domicílio eleitoral para o Recife, ao apagar das luzes do prazo final estipulado pela Justiça, logo se especulou que Fernando Bezerra Coelho seria candidato à Prefeitura do Recife, pelo PSB. Quando os ânimos serenaram, a preparação do seu nome para 2014 ou, como diria Raul Jungmann, sua “metropolitanização”, começou a ser aventada como uma hipótese mais provável. Em todo caso, a manobra do PSB – uma verdadeira jogada de mestre no tabuleiro político pernambucano – empareda o Partido dos Trabalhadores, abrindo-se o cenário para o partido, a partir de então – como, aliás, vem se confirmando - atuar na retranca, acuado pelo adversário, numa posição nada favorável. No Diário de Pernambuco de hoje, 14, o senador Humberto Costa saiu em defesa do prefeito. O inimigo agora mora ao lado.

                                   A leitura da ingerência indevida do PT no imbróglio político da cidade de Petrolina fez algumas vítimas na terra dos Coelhos. A primeira delas é o deputado Odacy Amorim, pivô das manobras, que, com essa jogada, vê diminuírem suas chances de sair como candidato da legenda à prefeitura da cidade em 2012. Conhecendo a reação pesada da artilharia do PSB, a tendência é o PT arrefecer os ânimos, minimizando as possibilidades de um confronto direto. A exceção é se uma candidatura de Amorim ajudar a eleger o Fernandinho, uma vez que o páreo ali será duro. O PT local também ficou em maus lençóis, o que possivelmente terá alguns desdobramentos na “adubação” das bases nas próximas eleições proporcionais.

                                   Os planos de interiorização da legenda naquela cidade importante do Sertão do São Francisco ficam, pelo menos no momento, comprometidos, em razão da reação do PSB. A presença de Fernando Bezerra Coelho no Recife cria um fato novo na disputa municipal de 2012,  seja ele candidato ou não. Isso impõe ao PT uma reavaliação de suas estratégias, criando a possibilidade de o partido optar por uma candidatura rigorosamente competitiva, abdicando momentaneamente das querelas internas. O discurso dos caciques da legenda no momento é o de que as eleições de 2012, no Recife, “passam por João Paulo”. João integra a Comissão Eleitoral da legenda, responsável pelas estratégias do partido para as eleições de 2012. O editor do blog daria tudo para saber como ele está se pronunciando sobre as eleições do Recife.  

                                   Esses astrólogos têm uma sorte arretada. Pois não é que Eduardo Maia, o Herculano Quintanilha de João Paulo, de certa forma, teria acertado quando garantiu que as coisas mudariam no PT, insistindo para João continuar na legenda. O PSB, que poderia mover algumas peças, motivados por circunstâncias políticas particulares, agora conta com um elenco bem mais robusto, com projeção nacional, muito querido no Planalto, inclusive.

                                   O apoio de Eduardo Campos a uma candidatura do PT – antes dado como certa e com barganhas políticas já estabelecidas no contexto da aliança – pode ficar condicionado a um afastamento do PT pela sucessão do Palácio do Campo das Princesas em 2014, abdicando de disputar aquele espaço com o PSB. Ou seja, ali o PT continuaria entrando como convidado, para saborear uma buchada e uma “pinga”, quando Lula levasse a comitiva. Parece-nos que o PT perdeu o timming correto da jogada.   

                                   Diante das circunstâncias políticas, João da Costa, que se encontra numa posição de equilíbrio instável, investe tudo na linha diplomática, tentando um diálogo entre os principais caciques da legenda e o governador Eduardo Campos. São eles que podem avalizar o seu projeto de reeleição nas eleições de 2012, ainda assim condicionada a uma boa avaliação da administração da cidade, algo que para alguns será difícil de ser obtida.  A jogada do PSB foi uma jogada de mestre. Empareda o PT em Palácio, no Palácio Antonio Farias. Se correr, o bicho pega. Se ficar, o couro come, pois o partido hegemônico da aliança, o PSB, está se sentido bastante incomodado com a gestão da cidade e com as picuinhas internas da legenda, conforme revelou em entrevista recente Fernando Bezerra Coelho.

                                   Um dos atores políticos mais preocupados com o clima de tensionamento da Frente Popular é o prefeito do Recife, João da Costa. É incrível como praticamente tudo que acontece na política pernambucana hoje conspira contra o prefeito do Recife. Até uma rusgazinha lá em Petrolina – que bem poderia ser resolvida no Bodódromo – acabou chegando à cozinha do Palácio Antonio Farias, com gosto não de bode, mas de emulsão scott sabor tradicional.  João da Costa, que nunca teve o papel de conciliador e agregador, assume a liderança das alternativas diplomáticas para contornar a crise que se instalou entre os partidos da Frente Popular, instigando os dirigentes partidários a se encontrarem e resolverem suas diferenças.

                                   Ele tem consciência de que se encontra numa condição perigosíssima de equilíbrio instável e aposta, a todo custo, no “entendimento” de alguns atores estratégicos – Humberto Costa e Eduardo Campos, por exemplo, que tiveram um encontro recente no Palácio do Campo das Princesas. Embora todas as tendências apontem para 2014 – conforme expusemos em artigo – a vereadora Marília Arraes – muito pouco preocupada com a diplomacia – voltou a insistir numa possível candidatura própria do PSB à Prefeitura do Recife em 2012. Recife tornou-se um “gargalo” para a administração de Eduardo Campos, conforme afirmamos, que tem um Governo muito bem avaliado pela população, projetando-se nacionalmente, mas um cartão de visitas muito mal cuidado.

                                   O pessoal responsável pela comunicação da PCR tenta mudar esse panorama através da publicidade. Não é por aí.  Como diria os peladeiros das nossas infâncias de campos de várzea, caso as coisas não se arranjem, o PSB tem no banco um reserva de luxo, tocador de obras, experimentado em diversas funções públicas. Algo tira o sono do matuto. Não é para menos.







                                    

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