pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO
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quarta-feira, 26 de outubro de 2011



O XADREZ POLÍTICO DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2012 NO RECIFE – Numa manobra tática – e possivelmente estratégica – O PT estreita aproximação com o PTB com o objetivo de reequilibrar a correlação de forças na Frente Popular. 



José Luiz Gomes escreve:

  

                                   Conforme já afirmamos em artigos e postagens no nosso blog, o ator político com a maior margem de manobra no Estado, hoje, continua sendo o governador Eduardo Campos, de viagem programada para Istambul, onde deverá curtir uns merecidos dias de descanso, logo após a posse de sua mãe, a deputada federal Ana Arraes, no Tribunal de Contas da União. Eduardo isolou a fragilizada oposição e criou dispositivos políticos suficientes para manter sob rígido controle as insatisfações no interior da Frente Popular.


                                   Um desses dispositivos é o PSD, comandado no Estado por André de Paula, cria política da Escola do “macielismo”, que atua como uma espécie de linha auxiliar do Palácio do Campo das Princesas, onde vem se dedicando a uma terraplenagem política na província e dando suporte ao projetos nacionais do governador. O outro é o PSDB, do deputado federal Sérgio Guerra, numa aliança branca praticamente selada com o PSB, diálogo que vem sendo mantido, inclusive, no plano nacional.
 

                                   A desenvoltura política de Eduardo Campos, hoje já explícita, como assinalou a Veja desta semana, é de quem está arrumando as malas para trocar de Palácio. Os assessores do governador precisam tomar alguns cuidados com Veja. Ela assopra numa semana e morde na semana seguinte.  
 

                                   No contexto da Frente Popular, O Partido Socialista Brasileiro, por sua vez, vem alcançando níveis significativos de crescimento no país e, em particular, no Estado, permitindo ao governador administrar eventuais desarranjos internos e sobreviver no ritmo das braçadas firmes de César Cielo na eventualidade de uma inevitável implosão da aliança. Muitas zonas de atritos poderiam ter sido evitadas – neste aspecto o senador Humberto Costa tem razão – se houvesse um diálogo com maior regularidade.  Cientes desse cacife é que o PT e o PTB passaram a reavaliar suas estratégias na Frente Popular e viabilizar alternativas na eventualidade de uma implosão.


                                   O encontro recentemente ocorrido entre o senador Armando Monteiro e o deputado federal Pedro Eugênio, presidente estadual do Partido dos Trabalhadores, alardeado como um simples gesto de aproximação e diálogo entre ao atores da Frente, revela, na realidade, a constatação da necessidade do desenvolvimento de ações conjuntas com o objetivo de melhor se posicionarem na aliança ou saírem menos chamuscados quando de sua implosão. Partem do pressuposto da necessidade de conceberem linhas de ações táticas – e possivelmente estratégica - criando alternativas ao incipiente processo de “eduardolização” da política pernambucana.


                                   É neste cenário que se projeta o nome do senador Armando Monteiro, como avalista e fiel da balança na Frente Popular. Noutras palavras, o “pêndulo” da aliança. Logo após o encontro entre as duas lideranças, Armando Monteiro assumiria uma postura conciliadora, de diálogo, de preservação da Frente, mas faria algumas observações do outro lado da balança, significativas para entendermos o papel que ele hoje representa no tabuleiro da política pernambucana.


                                   Antes, porém, queremos afirmar que também não advogamos a tese do estremecimento nas suas relações com o governador Eduardo Campos. Como afirmou recentemente o deputado Sílvio Costa, há afinidades tanto políticas quanto administrativas entre ambos. O próprio Armando admitiu que haveria pessoas interessadas em “plantar” essas histórias infundadas sobre as possíveis animosidades entre ambos. A eficiente gestão da máquina – colocando Pernambuco como um dos Estados que mais crescem no país – sempre foi um aspecto bastante elogiado pelo senador, empreendendo todos os esforços do seu mandato no Senado Federal para viabilizar maiores investimentos para o Estado, colaborando incansavelmente com o governador.  

                                   O que está em jogo, entretanto, é o inevitável afunilamento político das escolhas para 2014, estreitando o leque de opções dos principais atores políticos da Frente Popular. Simples assim. Armando Monteiro tem uma aspiração legítima de tornar-se governador do Estado de Pernambuco. Alimenta esse projeto há algum tempo e vem trabalhando numa perspectiva de viabilizar-se em qualquer cenário. Na Frente Popular há uma série de variáveis imponderáveis em jogo, como, por exemplo, os acordos firmados para os projetos nacionais do governador Eduardo Campos. Comenta-se nos bastidores que até Sérgio Guerra estaria de olho na vaga para o senado em 2014, quem sabe com o apoio de Eduardo Campos. Imaginem o tamanho do imbróglio.   

                                   Neste cenário, surgem vários perfis de prováveis inquilinos ao Palácio do Campo das Princesas. Com anos de atuação política, Armando Monteiro sabe que não pode apostar todas as fichas na “roleta verde”. Depois, se aproximando dos 50 anos de idade, é bem possível que o neto do “mito” já comece a “pigarrear” antes das afirmações. Convém ter um plano “B”. É quase certo que Eduardo saque um nome do seu núcleo duro, ligado ao partido, mesmo com todas as credenciais de Armando. O PT, então, pode tirar o cavalinho da chuva. A hipótese de Eduardo Campos entregar a jóia da coroa ao partido é remotíssima. Tanto do ponto de vista político quanto administrativo.  

                                   Absolutamente sem chances para 2014, a fragilizada oposição no Estado começou a observar no senador Armando Monteiro uma possível alternativa para a costura de seus projetos políticos. De maneira ainda bastante incipiente, começa a surgir em algumas cidades do interior uma aliança entre o PTB de Armando e setores do PMDB, PPS e o que restou do DEM. Em declarações recentes, o próprio Raul Jungmann alertou para a necessidade de uma aproximação com o senador já nas eleições de 2012, preparando um cenário mais competitivo para 2014. Armando, comenta-se, tem alguns canais desobstruídos com a oposição. Já foi uma pessoa muito próxima do falecido deputado federal José Mendonça, líder de um grupo político com atuação no Agreste do Estado, o que vem facilitando o diálogo com o ex-governador Mendonça Filho.

                                   Há um sentimento na oposição – e o raciocínio está correto – de que as eleições de 2012 representam o momento de jogar os botes salva-vidas. Do contrário, ela receberá o golpe de misericórdia e poderemos confirmar a tese de Roberto Magalhães sobre a “mexicanização” da política brasileira.  Agripino Maia, Presidente Nacional dos Democratas, já liberou o partido para fazer alianças com Deus e com o diabo. Menos com o PSD, obviamente. No Recife, um estreitamento maior na relação entre PT e PTB favorece o nome do ex-prefeito João Paulo, com quem Armando Monteiro tem um excelente relacionamento. Rompido com o prefeito João da Costa, o PTB, através do seu porta-voz, deputado Sílvio Costa, já  se antecipou em afirmar que o apoio à candidatura de João da Costa representa um suicídio coletivo.

                                    Muito mais para provocar seus desafetos dentro do próprio PSB – que já nos parece bem resolvido sobre esta questão – Milton Coelho, ex-presidente estadual da agremiação, passou a defender o nome de João da Costa à reeleição. Até partidos nanicos como o PP e o PTC, conforme postamos no blog, não acompanhariam o PT caso o candidato seja o atual prefeito, João da Costa. Fiel escudeiro dos Arraes – apesar das últimas rusgas – Milton Coelho integrará equipe que deverá ficar responsável pelo crescimento do PSB em capitais de grande visibilidade, importantes para os projetos do governador Eduardo Campos.

                                   Na província, o matuto que tomou água de barreira grita aos quatro cantos que quer ser candidato. Administrativamente aos 90 minutos do segundo tempo e sem a menor condição de reverter o placar desfavorável, aposta todas as fichas no componente político, articulando com o PT nacional e colando nos atores políticos que podem selar o seu destino: Humberto Costa e o governador Eduardo Campos. O estreitamento da relação entre o PT e o PTB, de fato, favorece João, o Paulo. Outro dia, num evento recente, João da Costa teve que ouvir de Eduardo o conselho para se espelhar na administração de João Paulo. 

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