A Marcha pela Família, que pedia a volta dos militares ao poder, reuniu apenas alguns gatos pingados pelo Brasil afora. Um fracasso absoluto, difícil dizer onde ele foi maior. Aqui no Recife, apenas duas dezenas de pessoas, no máximo, se concentraram na Praça do Derby para a tal Marcha. O fracasso da Marcha não nos impede de observamos alguns esboços preocupantes no cenário político brasileiro, principalmente no tocante à saúde de nossas instituições democráticas. Há outros indícios que sugerem uma movimentação orquestrada de forças conservadoras e de ultra-direita no sentido de atentar contra a normalidade democrática. Essa tendência ao endurecimento do poder político, aliás, já teria sido observada pelo filósofo Zizek numa de suas análises de conjuntura. Alguém falou aqui pelo Facebook que nós não deveríamos nos preocupar com essas manifestações, mas penso o contrário. Somados a outros aspectos, elas podem nos remeter a uma situação de vulnerabilidade institucional. Quanto ao ridículo de uma Marcha que se concentrou numa parada de ônibus, no Brasil, já ocorreram situações congêneres. Na década de 40, o chefe do Partido Comunista decretou a revolução às vésperas de um feriado e foi para casa cuidar de uma disenteria. Em 1964, o general Mourão saiu com sua tropa precipitadamente para as ruas. O golpe estava previsto para ocorrer no dia 31 e ele saiu no dia 30, abortando o processo. Nem por isso os militares deixaram de se reorganizar e interromper, por um longo período, a normalidade do funcionamento das instituições democráticas no país.
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