Ainda repercute nas mídias sociais, a polêmica em torno do flagra da
atriz Lucélia Santos usando um transporte coletivo. Como no Brasil
transporte público é deficitário, usado por pessoads de baixa renda,
logo se concluiu que a festejada atriz poderia estar na pior. Lucélia
Santos já causou polêmicas em razão de algumas declarações, com as quais
nunca concordamos. Mas, nesse caso específico, tiro o chapéu para a
resposta dada pela atriz aos seus interlocutores. Se estivemos num país
onde o transporte coletivo fosse tratado com dignidade, não seria nenhum
surpresa encontrar famosos usando os tradicionais busões. Em última
análise, por aqui, transporte publico tornou-se sinônimo de decadência,
de probreza. Chamem o antropólogo Roberto DaMatta, por favor. DaMatta
informa que a primeira providência de uma cidadão brasileiro quando
"melhora de vida" é comprar um carro e contratar uma empregada
doméstica. O carro permite a sua condição de "individualidade" em meio à
multidão. A empregada é contratada, literalmente, para a exegese dos
seus recalques. Ainda bem que as melhorias das condições sociais
proporcionadas no Governo Lula - permitindo que negros e probres
pudessem estudar - diminuíram sensivelmente a "oferta" de pessoas nessa
atividade. As pesquisas recentes, endoçando um pouco o que a Lucélia diz
- informam que a classe alta - os realmente bem de vida - estão usando
mais os transportes coletivos. Quem, de fato, prefere o inferno do
trânsito, mas o status do carro, são os remediados, os emergentes.
Acreditamos que até a classe média tradicional estaria revendo seus
conceitos sobre o assunto.
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