Na introdução de um dos livros do professor Michel Zaidan Filho, sobre o Partido Comunista Brasileiro - um dos seus objetos de estudo - há uma referência sobre a visita que o poeta Pablo Neruda fez ao Brasil. Entre seus objetivos, estava o de conhecer o líder comunista Luiz Carlos Prestes. Depois de conhecê-lo, Neruda teria declarado que uma das coisas que mais o impressionou no líder comunista foi o fato de ele não sorrir. Prestes nunca ria, de acordo com Neruda. Na realidade, as circunstâncias políticas tornaram Prestes uma pessoa arredia, solitária e desconfiada.Implacavelmente perseguido, vivendo na clandestinidade, curtido na luta política, intransigente em relação aos seus ideais, tudo isso foi forjando uma personalidade muito séria e compenetrada. Segundo relato de um dos seus filhos, Prestes seguia uma rotina implacável. Lia, fazia anotações, dormia apenas 04 horas por dia, mas era uma pessoa profundamente sensível. Cultivava rosas e brincava com os netos como uma criança. Ontem, através de um canal da TV fechada, tivemos a oportunidade de revê o filme "O Velho", sobre a vida e a trajetória política de Carlos Prestes. Os melhores anos de sua vida foram vividos no exílio. Passou 10 anos na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviética. Segundo relatos dos filhos, foram os únicos momentos família. Prestes teve uma convivência muito irregular com os filhos. Por vezes, os filhos eram levados, de olhos vendados, para os locais onde ele se encontrava na clandestinidade. Na URSS, finalmente tornou-se possível reunir a família para aquele tradicional almoço dos domingos, onde poderiam receber amigos e confraternizarem entre si.
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