Lula passa por um momento que os analistas políticos tratam como de "equilíbrio instável", ou seja, tenta ampliar os canais de negociações com o Centrão, ao passo que procura não desagradar a sua base mais ideológica, onde se encontra, na realidade, a "essência" do seu Governo, fulcro das credenciais ou plataforma que o alçaram ao Palácio do Planalto para cumprir um terceiro mandato. Lula foi eleito para salvar a democracia brasileiro de um crescente processo de descarilo autoritário; impedir o desmonte de algumas instituições republicanas importantes, que estavam perdendo a sua condição de instituições de Estado; Frear o desmatamento na região Amazônica, um escândalo de dimensões gigantescas, que colocam o país como pária entre os organismos ambientais internacionais; Reestruturar o trabalho do SUS, que passava por um esvaziamento operacional que o conduzia celeremente à falência múltipla dos órgãos; Voltar a desenvolver políticas públicas não de extermínio, mas de acolhimeto às minorias, como LGBTQIAPN+, nações quilombolas e indígenas; Atender às demandas de segmentos sociais sensivelmente fragilizados, através de programas sociais de reforma agrária, habitacionais e de auxílios emergenciais, a exemplo do Bolsa Família; Retomar bons índices de crescimento da economia, gerando emprego e renda decente. A lista é imensa. Passaríamos todo o dia de hoje tratando deste assunto, deixando sempre claro, que mais quatro anos do famigerado não restaria, como dizem os evangélicos, pedra sobre pedra. Exceto, naturalmente, as pepitas obtidas no contexto da promiscuidade das reservas de garimpo em terras indígenas.
Alguns ministérios se identificam perfeitamente com a plataforma política acima, e, para os quais, foram indicadas pessoas afeitas a tal projeto. O presidente Lula já andou afirmando que não mexe nessas áreas, o que quer dizer que não as entregará ao Centrão, que tem compromisso apenas com os cifrões que elas representam. Vamos ver se ele consegue segurar a palavra por muito tempo, envolto nessa centrífuga política extremamente adversa, sofrendo assédios recorrentes, em nome de uma tal governabilidade.
Esse modelo de presidencialismo de coalizão, na realidade, produz prejuízos imensos ao país. Nosso sistema de governo é um semipresidencialismo ou um parlamentarismo não assumido. Não à toa se diz que a mãe de todas as reformas seria uma reforma política, seja para assumir de vez esta condição, seja para permitir que o Executivo possa governar sem tantos assédios ou constrangimentos.
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