Apesar dos nossos avisos aqui pelo blog à época - solenemente ignorados - o ex-governador Eduardo Campos estabeleceu uma estratégia política que, matreiramente, corroeu a resistência do PT na Prefeitura da Cidade do Recife ao longo do tempo, o único bastião do partido no Estado. A materialização do projeto se deu nas eleições de 2012, sagrando o então técnico Geraldo Júlio como novo prefeito do Recife. Assim, um partido que poderia construir uma alternativa ao eduardismo no estado, tornou-se refém do ex-governador, precisando alimentar-se das migalhas que caíam da mesa dos socialistas, na expectativa de salvar algumas figuras de proa da legenda e seus apaninguados, um grupo que ficaria conhecido como queijo do reino.
A manobra impediu, inclusive, que lideranças mais autêticas da legenda se tornassem viáveis, uma vez impedidas pelos grupos adesistas, hegemônicos no controle do partido no estado. Em 2018 João Campos foi eleito pilotando uma agenda e uma narrativa antipetista, conveniente naquele momento, onde ainda existia uma forte resistência da população em relação aos escândalos em que o PT esteve envolvido.
As nuvens políticas mudaram sensivelmente deste então. Lula foi eleito, o PT integra o governo municipal, João mantém um ótimo trânsito junto ao morubixaba petista e à burocracia do partido. Sua estratégia no momento consiste em ampliar cada vez essa aliança, de olhos nas próximas eleições municipais de 2024 e estaduais de 2026. Por sua vez, o PT também pretende apostar na consolidação dessa aliança, pois abre-se uma perspectiva de reocupar o Palácio Antonio Farias, uma vez que toda a estratégia de João Campos está relacionada às eleições estaduais de 2026, quando deverá candidatar-se ao Governo do Estado. Isso, naturalmente, se João Campos conseguir ser reeleito e o PT indicar o vice na chapa. Em todo caso, assegurar a condição de candidato de Lula no Recife seria fundamental para o socialista.
Se as eleições fossem hoje, João Campos apresentaria boas credenciais para continuar no cargo. Sua avaliação junto à população do Recife é muito boa e suas costuras políticas estão bastante azeitadas, sempre numa perspectiva agregadora, tratando com afagos até oposicionistas. Por outro lado, a oposição também afia suas garras, preparando o terreno para tentar voltar ao poder em 2026, por ocasião das eleições presidenciais. A premissa aqui está mais relacionada aos expoentes do bolsonarismo no estado, como o ex-Ministro do Turismo do Governo Bolsonaro, Gilson Machado, ancorado nos bons resultados alcançados nas urnas nas eleições passadas.
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