O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, encontra-se descansando no litoral sul da Bahia, mais precisamente no vilarejo de Caraíva, Porto Seguro. Férias merecidas, depois da maratona da última campanha. Sua equipe de transição, no entanto, continua atuando a todo vapor, inteirando-se sobre os meambros do orçamento federal. Alguns problemas já teriam sido verificados, como a ausência de previsão orçamentária para custear programas como o Auxílio Brasil, Merenda Escolar e a Farmácia Popular. Aliás, Lula já rebatizou o programa. Volta a ser chamado de Bolsa Família, como era antes.
O mais importante desse vértice, no entanto, são as costuras políticas do petista com o Centrão, onde se avança celeremente para fechamento de alguns acordos imprescindíveis para a estabilidade governamental do futuro governo. Como se sabe - e Lula sabe disso - o Centrão é movido por puro pragmatismo político, que pode ser resumido em cargos no Legislativo e no Executivo e, obviamente, verbas, de preferência através de orçamentos secretos. Para os petistas desavisados, Jaques Wagner, lá atrás, já antecipava que não teríamos um governo do PT.
Como se sabe, essa engenharia política que atende pelo nome de presidencialismo de coalizão interdita aqueles avanços sociais e políticos requeridos pelo Brasil Real há séculos. As costuras de Lula tem como objetivo principal a conquista de padrões mínimos de governabilidade. Desde o primeiro Governo da Coalizão Petista que as coisas funcionam neste diapasão. Avançamos em alguns aspectos no tocante á democracia substantivas, mas os avanços políticos foram mínimos, dentro dos limites do que seria possível. Reformas política e tributária, por exemplo, não passaram. Reforma agrária tímida para um governo com tal perfil.
Os petistas raízes - ou mais radicais - já devem começar colocar algumas utopias nos escaninhos. Elas não ocorrerão. No país, os avanços do campo progressista sempre estão milimetricamente condicionados ou determinados pela elite mais sacana e insensível do mundo. No país tudo se resolve - ou será que não? - através de acordos e tapinhas nas costas.Na realidade, a grande vitória com a eleição de Lula foi a de impedir a marcha fascista e autoritária que estava curso. "Estava", é um tempo verbal que não aplica a algumas análises.
Assim, Lula tenta viabilizar um acordo para fazer tramitar a Pec da Transição. Assim que encerrar o descanso na Bahia, terá um encontro com o todo-poderoso Valdemar da Costa Neto, Presidente Nacional do PL. Pelo acordo, estaria em jogo a nomeação do líder do governo no Senado Federal, numa costura que envolve Rodrigo Pacheco, atual Presidente da Casa. A "cabeça" de Jair Bolsonaro também estaria em jogo nas negociações. Ele poderia vir a ser expulso do partido. Rumores também dão conta que haveria uma movimentação no sentido de torná-lo inelegível. O PT está com raiva do Jair.
P.S.: Do Contexto Político: Andei observando algumas imagens da praia onde Lula está hospedado em Porto Seguro, na Bahia, conhecida como Ponta do Camarão. Vila de pescadores, lugarejo simples, isolado, de praias paradisíacas, com culinária especializada em frutos do mar. Achei muito semelhante à Praia do Madeiro, em Pipa, no RN. Lula está hispedado na residência de um deputado. Como gata escaldado tem medo de água fria, seria prudente Lula não deixar nenhum cueca por lá, arroladas, num passado não muito distante, como prova de que ele seria o dono do sítio de Atibaia.
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