Mesmo depois da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, nenhum analista sério diria que a nossa democracia deixou de correr algum risco. Na realidade, a vitória de Lula pode ser traduzida como uma vitória da civilização contra a barbárie. Um dos aspectos mais importantes quando se avalia uma democracia é o seu coeficiente de "regularidade'. São aquelas etapas do processo democrático incorporadosm com naturalidade, no nosso cotidiano. Numa democracia consolidade, por exemplo, não haveria espaço para essas mobilizações de protestos, depois do referendo das urnas serem anunciados, em eleições limpas, transparentes, acima de quaisquer questionamentos.
Muito menos com pedidos explícitos de intervenção militar. Antes de qualquer outra coisa, são manifestações inconstitucionais, conforme o entendimento do ministro Alexandre de Moraes, Presidente do Tribunal Superior Eleitoral. assim, as penalidades legais previstas poderão ser aplicadas aos infratores. São atos de uma inconsequência acima do normal, posto que põe em risco as instituições da democracia, com consequências imprevisíveis para o tecido social. Aqui no Recife, apenas para se ter a dimensão dessa irresponsabilidade, um pai deixou duas crianças sozinhas no carro, debaixo de um viaduto, para acompanhar tais mobilizações.
Logo que surgiram esses movimentos, as forças do campo progressista aventaram a possibilidade de envolver o MTST para liberar essas estradas bloqueadas. De imediato, alguém de bom senso percebeu o risco que isso representaria, pois há um alto nível de contaminação bolsonarista nas instituições policiais do Estado, em todos níveis. Nos ídos da década de 60 do século passado, essa gente que ia às ruas pedir intervenção militar foram taxadas de vivandeiras de quartéis. Há um silêncio supulcral nos quartéis. Os militares, felizmente, já deixaram claro que não topam essa aventura.
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