Em 2014, com o afastamento do titular Eduardo Campos - que pretendia concorrer à Presidência da República - o então vice, João Lyra Neto, assume o Governo do Estado de Pernambuco. Empenhou-se em dar continudade ao trabalho do ex-governador, com quem mantinha uma relação antiga, desde os tempos do avô Miguel Arraes. Era seu objetivo continuar à frente do Palácio do Campo das Princesas, concorrendo as eleição de 2014. Os arranjos políticos na Frente Popular, no entanto, impediram que tal projeto se viabilizasse, o deixando magoado. João Lyra possui um currículo político invenjável, a começar pela militância estudantil na Faculdade de Direito do Recife, seguida pela resistência democrática contra o regime de exceção instaurado no país com a Ditadura Militar de 1964.
Foi prefeito de Caruaru e assumiu várias pastas na administração estadual, acumulando uma grande experiência da gestão pública. Apesar do seu histórico, João Lyra não impediu algumas ranhuras em sua relação com os companheiros da Frente Popular. Logo após as eleições estuduais daquele ano vieram as eleições municipais de 2016 e o Palácio do Campo das Princesas apostou todas as fichas nos seus adversários políticos na cidade de Caruaru. O projeto era derrotá-lo naquelas eleições. Até procedimentos antirepublicanos e intimidatórios foram utilizados.
Experiente e sagaz como uma raposa política, João se empenhou pessoalmente na eleição da filha, Raquel Lyra, que venceria aquelas eleições, renovaria o mandato em 2020, habilitando-se a concorrer ao Governo do Estado nas últimas eleições, quando segrou-se a vencedora. Será a primeira mulher assumir o Governo do Estado. Durante essas eleições, muito se questionou sobre o padrão de relação da família Lyra com os socialistas do asfalto. Como demonstra a propria trajetória do pai a relação é antiga, histórica e orgânica.
Além de Secretária de Governo, Raquel chegou a ser chefe da assessoria jurídica do Governo do Estado na gestão de Eduardo Campos, informação obtida através de em sua entrevista concedida à revista Veja. A rigor, como sugeria Marília Arraes, sua proximidade com os socialistas era até maior que a dela, forjada numa circunstância política bem específica, no segundo turno das eleições, que representou um abraço da morte para a candidata, de acordo com o seu coordenador de comunicação. Há, inclusive, indícios fortes de que esse grupo acabaria votando em Raquel Lyra, assim como grupos ligados ao Partido dos Trabalhadores, conforme escrevemos no dia de ontem.
Este editor não tem muitas informações sobre o papel desempenhado pelo pai, João Lyra, na campanha de Raquel, mas, certamente, possivelmente foi um papel bastante relevante. Acompanhou a herdeira política em inúmeros eventos públicos de campanha e dever ter atuado com maestria nos bastidores. Com a sua eleição da filha para o Palácio do Campo das Princesas, a expectativa é saber qual será o papel exercido pelo pai no futuro governo. Uma chefia de gabinete cairia bem. Mas, independentemente dessa parte burocrática, fica o registro de que a velha raposa política do Agreste desce ao asfalto em vitoriosa conquista, atuando como mentor político da filha. Já se pode imaginar como serão os São Joões da Fazenda Macambira, hoje transformada no maior termômetro político do Estado depois da eleição de Raquel Lyra.
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