Houve um tempo - bons tempos, aliás - em que os militares brasileiros estavam tão pacificados que aceitavam, de bom alvitre, um ex-guerrilheiro do Araguaia ou um militante do partido comunista como chefe do Ministério da Defesa. A bem da verdade, a indicação de um civil para o Ministério da Defesa é um dos indicadores da saúde de uma democracia, por entender que, em tais regimes, o poder militar deve estar subordinado ao poder civil. Salvo melhor juízo, no Brasil, isso está previsto na Constituição Federal, mas, na prática não funciona bem assim.
No Governo de Jair Bolsonaro o cargo voltou a ser ocupado por militares,o que pode ser entendido como um retrocesso. Aliás, sendo ainda mais objetivo, o país passou por um processo de militarização da máquina pública, onde os militares passaram a ocupar inúmeras funções de confiança do Executivo. São milhares de militares na burocracia do Estado, algo que, segundo se informa, deverá ser revisto pelo próximo Governo Lula. Quando se especula sobre a formação do ministério do futuro governo, surge logo as ventilações em torno do nome que será indicado por Lula para estabelecer essa difícil interlocução com os quartéis.
Por que difícil? Ora, ocorreu um processo de bolsonarização das instituições brasileiras, sobretudo aquelas instituições mais suscetíveis, ligadas ao aparato de segurança e repressão do Estado. O Governo de Jair Bolsonaro era um governo que contava com a simpatia de amplos setores militares e policiais, conforme é sabido. É tido como certo que os militares poderão não reagir muito bem à indicação de nome pouco adequado ao cargo, segundo suas avaliações. É neste sentido que o nome do ex-governador Geraldo Alckmin ganha pontos nas bolsas de apostas, por possuir um perfil conservador.
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