Há muito anos atrás, li uma entrevista do grande geógrafo brasileiro, Milton Santos, onde ele sugeria que desconfiássemos desses intelectuais vaidosos, pois a única satisfação para um intelectual era saber que as suas teses haviam se confirmado. Ao longo dos anos, passamos a ficar mais atentos a essas questões, quando aprofundamos algumas leituras sobre a atração exercida pelo aparelho de Estado no Brasil sobre os intelectuais. Mais ainda, quando passamos a desconfiar de algumas posturas assumidas pela 'intelectualidade de esquerda', quando as atitudes, em suas relações sociais cotidianos, tornavam-se bastante divergentes daquelas teses defendidas com tanto ardor nos encontros acadêmicos ou através dos seus escritos.
Foram raras e honrosas as exceções que encontrei pelo caminho. Sempre nos colocamos como uma pessoa de esquerda. Como diria aquele pensador francês, já nasci à esquerda. Não assumimos aqui nehuma postura de direita, mas, de concreto, trata-se de uma intelectualidade que converge, em termos de coerência, apenas no tocante às linhas de pesquisas e de formação de redes. Nos padrões de relações sociais são até mais escrotos - permitam-nos o termo pouco convencional a este editor - do que os mais renhidos direitistas.
Acabo de ler uma excelente análise sobre as eleições pernambucanas, em artigo escrito pelo publicitário Edson Barbosa, coordenador da área de comunicação da candidata Marília Arraes, derrotada na disputa pelo Governo do Estado de Pernambuco nas últimas eleições. O artigo é extenso e faz uma longa análise de todo o processo eleitoral, focando no ponto em relaçaõ ao qual o autor esteve diretamente envolvido, ou seja, a comunicação da campanha. É um artigo para ser analisado e guardado com muito carinho - e cuidado - pois permitem-nos alargar a visão sobre as últimas eleições estaduais.
Nem a "geografia do voto' escapou às suas obervações. No final, a convergência com este editor sobre a causa principal da derrota da candidata, ou seja, associar seu nome a um governo que ostentava 70% de desaprovação do eleitorado pernambucano, que ele descreve como o "abraço da morte". Pior ainda não é nada. Depois se constatou uma eventual colaboração desse grupo com a candidata adversária, evidenciando que eles, de fato, nunca engoliram a neta do Dr. Arraes. A bem da verdade o grupo político da família Lyra, de Caruaru, até a morte de Eduardo Campos, sempre esteve ligado aos socialistas locais. João Lyra, pai de Raquel Lyra, foi governador do Estado de Pernambuco, logo após a desincompatibilização de Eduardo Campos, que disputaria as eleições presidenciais, não fosse o trágico episódio do acidente aéreo que o vitimou.
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