Há uma expressão muito utilizada na Ciência Política, sobretudo quando desejamos descrever um quadro como este que estamos enfrentando hoje no país, de instabilidade política: equilíbrio instável. Pontualmente, Lula já emitiu seus recados para as Forças Armadas, para o mercado, para os radicais bolsonaristas. Para o mercado, tem usado a técnica de uma no cravo e outra na ferradura. Já afirmou que será responsável com as contas públicas, embora não aceitará ser tutelado pelo mercado. Quanto aos seus compromissos com a base da pirâmide, esta continuará irredutível e inegociável.
Aliás, a formação de sua ampla coalizão visa garantir dois pressupostos: reestabelecer os parâmetros - hoje ameaçados - de nossas instituições democráticas e atender às demandas mais prementes de expressivos contingentes populacionais brasileiros, ameaçados no exercício de sua dignidade. Não será um governo do PT, mas um governo de reconciliação nacional. A Lula não é mais permitido o direito de errar. Preocupa a este editor alguns nomes da velha guarda da Mangueira petista, cotados para assumir ministérios ou direções de estatais "visadas" como a Petrobras. Um dos nomes que hoje se especula-se já entraria "bichado".
É preciso tomar muito cuidado com essas escolhas. Sobre o segundo escalão, infelizmente, deveremos ter algumas "surpresas' nos Estados, com membros do ancien regime mantidos em cargos de direção de órgãos federais. Faz parte do jogo, embora tal contingência possa impor limites aos avanços que os mais progressistas desejariam. É uma no cravo e outra na ferradura, para não assustar o cavalo da elite. Ou, se preferirem, uma na Faria Lima e outra no Beco da Fome, aqui no Recife, onde as refeições são servidas numa tisna, tudo junto e misturado.
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