O descanso foi rápido. Apenas alguns dias num recanto paradisíaco, afastado da civilização, no litoral sul da Bahia. Ponta do Camarão é uma bucólica vila de pescadores, localizada na Costa do Descobrimento. Enquanto escrevo esse texto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já se encontra com os seus assessores que participam da equipe de transição com o Governo Bolsonaro. Não há tempo a perder, há prioridades estabelecidas e, naturalmente, o ambiente exige muita habilidade política para não cutucar o diabo com vara curta e arrefecer as mobilizações bolsonaristas, o que está se transformando numa dor de cabeça para as instituições.
São grupelhos radicais, essencialmente antidemocráticos, conduzidos por alguns elementos de insanidade. Vieram os bloqueios nas estradas; fala-se numa greve geral; acampamento junto aos quartéis do Exército implorando por uma intervenção militar, numa atitude irresponsável e inconsequente. Precisam ser contidos e uma das formas é Lula, de imediato, fechar o circuito institucional, ou seja, juntar as pontas da governabilidade, integrando interesses conjuntos dos três Poderes da República. Ou seja, informar que os resultados do jogo está definido e que teremos governo.
Lula vai precisar de toda a sua habilidade política para negociar com um Legislativo hostil, formado por uma bancada majoritairamnte de oposição, mas vulnerável às artimanhas de cargos e recursos. Até alguns senadores eleitos, cotadas para o ministério, podem ser substituídos para não desfalcar o futuro governo. No dia de hoje, depois de ensaiar uma aproximação, o PL anuncia um plano de oposição radical ao futuro governo. Pode ser apenas um blefe, uma maneira de barganhar melhores condições em futuras composições. Cumprindo uma promessa de campanha com seus fiéis eleitores, Lula já informou que não se negocia nenhuma pauta de benefícios acordados. É o Lula sendo o Lula.
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