Estávamos quase encerrando um dos nossos livros quando tomamos conhecimento sobre um massacre ocorrido na região metropolitana do Recife, numa comunidade conhecida como comunidade de Cueiras. O massacre ocorreu na década de 30 do século passado, onde centenas de negros tiveram suas casas derrubadas, depois de violentamente torturados por forças policiais. Alguns deles teriam morrido, embora o número exato seja desconhecido. Levantamento recente, sobre as mortes em ação policial, num dos Estados da Federação, constatou que mais de 80% deles são jovens negros.
Afinal, a polícia brasileira, em suas origens, foi criada para perserguir negros. Tem sua origem nos chamados capitães do mato, que tinham como missão a captura de negros fugidos dos cativeiros da escravidão. Nesses últimos anos, as entidades do Estado que tratam de enfrentar o racismo estrutural da sociedade brasileira, passou por um processo de bolsonarização atroz. Escancarado, sem escamoteios, como no pronunciamento de um ex-presidente de um desses órgãos públicos, tratando o caso do cangolês Moise Kabagambe, assassinado por espancamento no Rio de Janeiro, como o de um vagabundo morto por outros vagabundos.
Chegamos a este nível. Até o Governo Dilma Rousseff as consquistas políticas\institucionais\jurídicas foram sensivelmente avançadas, criando-se, inclusive secretarias com status de ministério para tratar dessas questões. Com o Governo Temer, o tema foi relegado, quando muito, a um puchadinho do Ministério da Justiça. No Governo Bolsonaro, veio o golpe de misericórdia. A equipe de transição de Lula terá um trabalho enorme no sentido de reposicionar essa questão no lugar que ela exige, entre as prioridades nacionais. Do ponto de vista social e histórico, as conquistas, nos Governos da Coalizão Petista, foram estupendas, ampliando sensivelmente a nossa democracia substantiva: O acesso de jovens negros ao ensino superior foi o único indicador onde melhoramos em relaçao à raça negra nos últimos 522 anos. Salve, Lula!!!
P.S.: Contexto Político: Na foto acima, este editor, ainda jovem, nos bons tempos de sala de aula, com seus alunos, na comunidade quilombola de São Lourenço, localizada na cidade de Goiana, região metropolitana do Recife. Trata-se de uma comunidade bastante empobrecida, formada por negros e seus descendentes, que visitávamos regularmente, levando donativos arrecadados pelos alunos. Na foto, este senhor que aparece ao nosso lado, seu Jipe, ficou conhecido nacionalmente como o "Homem Caranguejo", depois de uma matéria pulicada por uma revista de circulação nacional, por ocasião do relançamento das obras do sociólogo pernambucano, Josué de Castro, no primeiro Governo Lula. Por essa época, ninguém acreditaria que voltaríamos ao mapa da fome, mas voltamos.
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