O ex-militar Ronnie Lessa, preso pelo assassinato de Marielle Franco, confessou recentemente que se encontra arrependido de ter feito um acordo de deleção premiada. Sugere-se que o arrependimento se dá muito mais em relação a acordos que não estariam, segundo suas avaliações, sendo cumpridos. A cabeça e o corpo do ex-militar não estão bem, segundo ele mesmo confessa numa carta dirigida ao cunhado. Lessa foi transferido de presídio, conforme previa o acordo, mas existiria uma série de outros itens que não estariam sendo observados, como a transferência de sua família para São Paulo, assim como a permissão para encontros com a sua esposa.
Em suas ponderações, a família dele não está segura. Lessa já se encontra naquela fase de balanço de vida. Certamente, o acordo fechado teve muito mais a ver com uma decisão do próprio ex-militar, movido pelos encargos de consciência pesada, como que para se livrar de um peso. Haveria, naturalmente, alguns ajustes relativos às condições sob as quais ele está cumprindo sua pena, sobretudo se considerarmos as circunstâncias do sistema prisional brasileiro. Lessa confessa o desejo de fazer um curso superior, dedicar-se à criação de peixes, coisas assim. É curioso como o teor de uma carta dirigida ao cunhado chegou ao conhecimento da imprensa.
Há alguns limites inerentes a esses acordos de delação premiada. Possivelmente, se ouvirmos as considerações do outro lado, encontraríamos as eventuais divergências de posicionamentos sobre o assunto. A justiça sabe que se impõe todo o rigor republicano na punição dos executores e mandantes deste vil assassinato, conduzido por motivos torpes. Não é bem o caso de Ronnie Lessa que confessa participação no crime, mas em relação aos eventuais mandantes, ninguém se conhece, ninguém tem nada a ver com o caso.
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