A condução coercitiva imposta ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva produziu alguns efeitos. Há uma série de mobilizações nacionais em defesa dos direitos mais comezinhos de nossa frágil democracia; uma indignação de setores sociais contra o ato de arbítrio; a confirmação do componente "político" em torno da operação Lava Jato; a "sintonia" da mídia golpista com o aparato judiciário, numa urdidura muito bem orquestrada no sentido de desmoralizar e inviabilizar o PT. Não que o PT não tenha cometidos erros. De fato, ele cometeu. Mas há um clara "seletividade" nas ações de setores do aparato judiciário com o propósito de punir membros da agremiação. O que está em jogo não é a defesa dos interesses republicanos, mas a montagem de uma engrenagem política disposta a ferir de morte seus adversários. É por isso que se diz que Lula já foi condenado. Essas ações são um detalhe desse enredo.
A elite e a classe média brasileira são uma das mais insensíveis do mundo. Foi cevada nas diferenças impostas pelos 360 anos de trabalho escravo. As políticas de inclusão social do Partido dos Trabalhadores, mesmo com todos os percalços, tentou construir uma nação. Concretizar pontes entre o andar de baixo e o topo da pirâmide, que só se integram durante o carnaval e o futebol. As demonstrações crescentes de intolerância, de justiçamento, de execração pública, não deixam dúvidas sobre o ódio de classe, a incapacidade de convivência entre os estratos da pirâmide social. A elite não abre mão dos seus privilégios. As políticas sociais de inclusão da era petista incomodou muita gente.
Não tenho dúvida que o fato de membros do PT ter se envolvido em casos de corrupção possa ter indignado a alguns, mas isso não seria suficiente para desencadear essa sanha enfurecida de ódio, demonstrada pelos manifestantes à direita do espectro político, contra o PT. O ex-presidente Lula ficou indignado com o tratamento dispensado a ele pela Polícia Federal, por determinação judicial equivocada. Num ato político, afirmou que tentaram atingir a cabeça da jararaca, mas erraram o alvo. Acertaram o rabo. Isso o deixou com a convicção de que querem atingi-lo de morte. Longe de esmorecê-lo, reafirmou seu propósito de disputar os votos dos eleitores nas eleições presidenciais de 2018.
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