pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: O xadrez político das eleições de 2016, no Recife: De olho na sobrevivência política do PSB, Paulo Câmara joga nos dois tabuleiros.
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terça-feira, 29 de março de 2016

O xadrez político das eleições de 2016, no Recife: De olho na sobrevivência política do PSB, Paulo Câmara joga nos dois tabuleiros.







José Luiz Gomes da Silva


Na última sexta-feira, o PCdoB completou 94 anos de existência. O PCdoB é uma dissidência do partidão, hoje uma agremiação política que vem passando por um longo processo de decomposição ideológica. Da história de lutas políticas do passado, apenas as lembranças de uma época em seus militantes chegaram a pegar em armas para derrubar o regime ditatorial instaurado no país com o golpe civil-militar de 1964. Eles até demarcam posições, como neste último embate contra ou a favor do impeachment da presidente Dilma, onde o partido defende intransigentemente a defesa do mandato -mas, a rigor, o jogo pesado da realpolitik transformou a agremiação num partido "burguês" movido pelo mais radical pragmatismo, bem distante das ideais que o conduziram no passado.  

Assim que começaram as especulações em torno de uma candidatura do irmão do governador Eduardo Campos, o advogado e escritor Antonio Campos, à Prefeitura da Cidade de Olinda, tradicional reduto comunista, logo suscitou-se a possibilidade de possíveis atritos entre o PSB e o PCdoB no Recife, uma vez que, historicamente, o PSB sempre foi um aliado do PCdoB em Olinda. Nós mesmo - aqui no blog - informamos que as eleições do Recife passariam, necessariamente, por Olinda. Estranhava, entretanto, o comedimento do vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira(PCdoB), sobre o assunto. Nas poucas vezes em que se pronunciou o imbróglio, o fez de forma bastante discreta. 

O tempo passou e, na semana passada, dois atores emblemáticos da cena política pernambucana, André de Paula(PSD), e Jarbas Vasconcelos (PMDB) teriam afirmado o desejo de ver a dobradinha Geraldo Júlio/Luciano Siqueira disputando a reeleição em 2016. As relações entre Jarbas e Geraldo Júlio já foram melhores num passado recente, mas, mesmo assim, segundo dizem, ele endossaria o nome de Luciano Siqueira como vice. Feita as contas, pragmaticamente, para o vice, parece não haver grandes problemas com o que possa ocorrer com os comunistas na Marim dos Caetés. 

E, por falar em pragmatismo político, neste tabuleiro das eleições municipais do Recife, em 2016, todas as possibilidades de jogadas estão sendo minuciosamente estudadas. O DEM, por exemplo, apresentou a Deputada Estadual Priscila Krause como pré-candidata. O DEM participa do governo socialista no Executivo Municipal e no Executivo Estadual. Diante da situação, o presidente estadual da legenda socialista, Sileno Guedes, de imediato, alertou para a necessidade de o partido entregar os cargos que ocupa nas duas instâncias executivas. Mendonça Filho, como presidente local dos Democratas, fez uma outra leitura dos fatos, entendendo que poderiam marchar unidos no projeto de reeleição do governador Paulo Câmara, em 2016. Entregou uma secretaria que mantinha no governo municipal, mas manteve o LAFEPE. 

Qual não deve ter sido a surpresa de Sileno Guedes ao observar que o governador Paulo Câmara adotou a mesma linha de raciocínio de Mendonça Filho.É muito simples entender o que está se passando com a cabeça do governador Paulo Câmara. Tanto ele como Geraldo Júlio foram dois técnicos colocados no executivo da máquina estadual e municipal pelo então governador Eduardo Campos. Na estratégia montada pelo ex-governador, os "políticos" do PSB, à exceção dele próprio, passaram a ser comendados pelo grupo técnico. Com a sua morte, seria natural as brigas intestinas e, consequentemente, a ausência de lideranças galvanizadoras, além de um natural sentimento de "orfandade".

Isso explica, igualmente, porque o governador Paulo Câmara vem jogando de olho nos dois tabuleiros, ou seja, as eleições de 2016, no Recife, e as eleições de 2018, no Estado. Se os arranjos que estão sendo feito na base aliada de Geraldo Júlio não são bons, pior ainda seriam se esses arranjos também se reproduzissem em 2018, quando ele, provavelmente, tentará uma reeleição. Mesmo se levarmos em consideração que o PSB aposta todas as suas fichas na reeleição de Geraldo Júlio. Se Geraldo Júlio não conseguir se reeleger, isso poderá representar um desastre para o projeto de reeleição de Paulo Câmara, assim como provocar um desarranjo completo da sigla socialista no Estado. A reeleição de ambos, se ocorrer, poderá, por sua vez, guindá-los à condição de liderança política, um status que eles ainda não possuem, assim como soldar as possíveis defecções e insatisfações da base. 

Fora disso, eles deverão se recolher aos seus aposentos no Tribunal de Contas do Estado. Por falar em PSB, alegando os mais nobres princípios democráticos, os secretários Danilo Cabral e Felipe Carreras pediram exoneração dos seus cargos para viajarem à Brasília, com o propósito de votar pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Uma outra questão que deve ser levada em conta é a movimentação do grupo político do partido no Estado. São cobras criadas, bem cevadas nas manhas da política, o que aconselha prudência aos 'técnicos" com pretensões de tornarem-se políticos. Colocado recentemente na "máquina", o filho do ex-governador Eduardo Campos, João Campos, parece pretender assumir a condição de liderança política do grupo. 

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