Quando ocorreram as manifestações de rua no Brasil, que ficaram conhecidas como as Jornadas de Junho, observando aqueles fatos, o sociólogo Zizek alertou para uma espécie de "endurecimento do exercício do poder político". Haveria, segundo ele, uma tendência ao uso da força policial, subestimando-se a tolerância com as reivindicações da população e o diálogo entre poder público e sociedade civil. O tempo se passou e os últimos acontecimentos, sobretudo no Brasil, reforçam a convicção sobre o acerto das previsões do sociólogo romeno.
Como se ainda não fossem suficientes o aparato montado pela Polícia Federal para executar o mandado de condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assim como a "peça jurídica" produzida por aqueles três promotores do Ministério Público Paulista - tão ridícula que nem os golpistas de plantão, o DEM e o PSDB a endossaram - agora nos chega a notícia de que a Polícia Militar do Estado de São Paulo, governado pelo tucano Geraldo Alckmin, teria proibido a realização de uma plenária sindical na cidade de Diadema, sob o argumento de que seria em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Percebe-se, aqui, a infâmia associação de raciocínio entre o Governo Paulista e o MP-SP, o que não seria nenhuma surpresa.
Numa clara violação aos direitos mais comezinhos de um regime democrático, as reuniões ou manifestações em favor do ex-presidente Lula, prevalecendo-se o raciocínio dos promotores, podem ser interpretadas como incitamento à desordem, a quebra da ordem pública. A surpreendente inércia dos poderes constituídos da República, Executivo, Legislativo e Judiciário, poderão nos conduzir a uma situação de retrocesso, que não interessa a ninguém. Salvo algum engano.
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