pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Michel Zaidan Filho: A criminalização da política no Brasil
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segunda-feira, 7 de março de 2016

Michel Zaidan Filho: A criminalização da política no Brasil

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Os eventos ocorridos na quinta-feira e a condução "coercitiva" do ex-presidente Lula à Polícia Federal, em São Paulo, contribuíram para tirar qualquer dúvida da natureza policial que está sendo dada à crise política no Brasil. Ninguém duvida de que estamos no epicentro de uma aguda crise de governabilidade, que aliás alimenta a crise econômica que ora atravessa o país. Há como quê uma ação combinada entre os presos da Operação Lava Jato, suas presumidas delações premiadas, os vazamentos seletivos para a imprensa e as ações (ou etapas) da operação policial.  o esboço da delação premiada do senhor Delcídio Amaral estava pronta desde de dezembro, e no entanto só foi publicada na véspera da 24ª etapa da Operação Lava Jato. 

E entregue à revista semanal Isto É, não à Veja ou Época, porque estas últimas costumam antecipar matérias pela internet. Há algo de orquestrado nessa ação. Não se emite um mandado de condução coercitiva para proteger ninguém, mas para coagir alguém. Ao que se sabe o ex-presidente não se negou a ir depor na Polícia Federal. Mas pediu para falar com o seu advogado, antes. Se a oposição e os setores golpistas desse país acham que deram um tiro certeiro na direção do enfraquecimento político de Lula e no fim antecipado do mandato da Presidente Dilma, podem ter se equivocado redondamente.  Até ontem, a crise estava restrita ao Judiciário e ao Legislativo. 

Hoje ela pode se tornar uma crise social, mobilizar muitas pessoas e movimentos a tomar posição e ocupar as ruas para lutar pelo que acreditam. O caminho do quanto pior, melhor - que há muito tempo a oposição vem trilhando no Brasil - pode gerar um efeito político indesejado para aqueles que vivem a semear  ventos, mas não querem colher tempestades. As vivandeiras dos quartéis, os pescadores de águas turvas e os candidatos a messias, podem ser tão prejudicados, com a sua pregação golpista, quanto à sociedade brasileira. 

Faz tempo que não se vê uma agenda positiva no Congresso, que possa unir o país e tirá-lo da crise. Mas as catilinárias dos partidos da oposição podem sim entornar o caldo e preparar o ambiente para a quebra do compromisso democrático. Não podemos viver debaixo de uma ditadura do Judiciário, nem da Polícia Federal. É preciso que se restabeleça a boa fé e a veracidade dos agentes políticos na sociedade brasileira. O processo de desconstrução permanente das instituições e seus membros só favorece a interesses escusos, que não ousam mostrar a sua cara.

Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador, cientista político, professor titular da Universidade Federal de Pernambuco e coordenador do Núcleo de Estudos Eleitorais, Partidários e da Democracia - NEEPD-UFPE


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2 comentários:

  1. Não sei o que você quer dizer com:
    "pode se tornar uma crise social, mobilizar muitas pessoas e movimentos a tomar posição e ocupar as ruas para lutar pelo que acreditam."

    O que eu sei é que o exército está atento a qualquer transgressão a ordem constitucional do país.
    http://www.infomoney.com.br/mercados/politica/noticia/4702028/mensagem-interna-comandante-exercito-mostra-preocupacao-com-crise-promete-agir

    Logo, se movimentos sociais planejam buscar a força e através das armas seus interesses, certamente os resultados não serão nada interessantes para eles.

    Espero, sinceramente que esse não seja o que estejam planejando, ou poderemos, inclusive, dar margem aos militares para que tomem de volta o poder, tal qual fizeram em 64.

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  2. Bom dia, Hugo Leal.

    Não há aqui qualquer incitamento à violência, mas uma necessária mobilização social, caso isso seja necessário, em defesa das prerrogativas constitucionais de um mandado legal, conquistado nas urnas, dentro dos parâmetros de uma democracia representativa, que a oposição faz questão de desrespeitar. O Governo Dilma não cairia sem defesa, Hugo Leal, é uma outra constatação inevitável. Muito mais do que a defesa de Dilma, está em jogo a defesa do Estado Democrático de Direito, algo conquistado pela sociedade brasileira com muito sacrifício. Se os movimentos sociais forem às ruas, será para defender a democracia. Simples assim. Abraços!

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