Se
os partidos da Oposição, setores das classes médias urbanas, a plutocracia da
Avenida Paulista queriam transformar o Brasil na Venezuela ou, quem sabe, no
Egito, estão muito perto de conseguir. A radicalização do movimento contra
Dilma, Lula e o PT está dividindo o País. É como se ressentimento de classe,
guardado há tanto tempo, sobretudo depois da derrota de Aécio Neves, voltasse
com uma força inaudita nas ruas, nos meios de comunicação de massa, no
Congresso. Existe hoje no Brasil um ambiente envenenado pelo ódio social que
impede qualquer processo racional de discussão. Não adianta contraprova, contra
argumentação. As posições foram formadas a partir das informações disseminadas
pelas redes de TV's, essas abastecidas por grampos e vazamentos ilegais, que
passam a ter foro de verdade, independentemente de provas, do contraditório, do
direito da ampla defesa e do devido processo legal.
A recente nomeação de Lula para a Casa Civil da Presidência da República
parece que pode ser vista por dois prismas: um, é a inegável capacidade de
articulação do ex-presidente da República, virtude escassa num momento de crise
aguda de governabilidade e de frágil comunicação política entre Dilma e o
Congresso Nacional, de outro, a contaminação do núcleo duro do poder com a
crise política. Ou seja a nomeação de Lula leva o centro da crise política para
dentro do Palácio da Alvorada, e faz de Dilma sócio de Lula na crise.
Enquanto,
a perseguição se dirigia a Lula, a Presidente podia seguir tentando governar o
País. Agora, onde ela for, o que disser ou fizer se tornam alvo de protesto. A
recente proposta do senador Renan Calheiros no sentido da adoção do semiparlamentarismo
corresponde a uma situação de absoluta inviabilidade política da capacidade
governativa da Presidente. Reina, mas não governa. Como a rainha da Inglaterra.
E entrega de vez o destino do País ao arremedo de sistema partidário, formado
por legendas de aluguel, da Igreja, do Agronegócio, da Bala etc.
A marcha dos anti-dilmistas põe o desafio de se promover nos próximos
dias uma manifestação multitudinária, pelo menos igual à do domingo passado.
Não é fácil em se tratando de dia útil e de ser reativa. Quem toma a iniciativa
sempre tem vantagem. Ficamos nós com a obrigação moral e política de mobilizar
os sindicatos, os movimentos sociais, os cidadãos e cidadãs para responder com
a mesma magnitude ao protesto domingueiro. É difícil, mas é necessário. É
urgente. Sob pena de se convencer a opinião pública de que a maioria é mesmo a
favor do impeachment.
Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador, cientista político, professor titular da Universidade Federal de Pernambuco e coordenador do Núcleo de Estudos Eleitorais, Partidários e da Democracia - NEEPD-UFPE
Bom dia,
ResponderExcluirHoje é dia 19 de março.
Como é sabido, ontem houve a manifestação pró Dilma,pró democracia e contra a perseguição política.
Zaidan, o que você achou da manifestação de ontem, 18 de março?
Foi dado o recado aos "traidores da democracia" de que não entregaremos o País ao capital internacional e aos reacionários golpistas?