pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: O xadrez político das eleições de 2016, no Recife. As eleições de Caruaru passam pelo Recife. O arranjo político entre o PDT e o PSB.
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quarta-feira, 16 de março de 2016

O xadrez político das eleições de 2016, no Recife. As eleições de Caruaru passam pelo Recife. O arranjo político entre o PDT e o PSB.






José Luiz Gomes


Nas coxias da política pernambucana estão ocorrendo algumas cenas ardilosas, protagonizadas por atores políticos do campo da "esquerda", seja lá o que isso signifique, diante do achincalhe que esses próprios atores emprestaram a esta referência ideológica. Ainda costumo tratá-los aqui por "comunistas", "socialistas", "democratas" mas apenas como uma mera identificação linguística, nada mais do que isso. A Deputada Estadual Raquel Lyra tinha uma agenda com o governador Paulo Câmara para o dia de hoje, 16,mas resolveu antecipá-la, diante dos tremores políticos ocorridos na Princesa do Agreste, depois do anúncio de que o Palácio do Campo das Princesas havia decidido apoiar o nome do vice-prefeito, Jorge Gomes(PSB) - com o aval do atual prefeito, José Queiroz(PDT) - às eleições municipais de 2016, literalmente rifando o nome da filha de João Lyra. 

Comenta-se que foi recebida pelo governador Paulo Câmara já depois das 22:00 horas. Diante da irreversibilidade da situação, teria chegado às lágrimas. Raquel teria motivos para o descontentamento, uma vez que o Palácio do Campo das Princesas emitia sinais de que poderia apoiá-la. Soma-se a isso, a capacidade da Deputada em "construir" as condições ideais de uma candidatura à Prefeitura da Princesa do Agreste.Caruaru tem um histórico de rivalidades políticas entre as família Queiroz e Lyra. Em certos momentos da vida política local, ou se era carne de sol ou se era carne de charque, de acordo com uma velha raposa política do município. Em certos momentos, essa polarização foi quebrada, juntando os dois grupos políticos em projetos convergentes, selados nos famosos churrascos da Fazenda Macambira. 

Circunstâncias políticas, aliado a outros fatores locais e estaduais, no entanto, fizeram com que essa rivalidade voltasse a ser aflorada. Os Lyras não abriam mão da candidatura de Raquel, exigindo o apoio do Palácio do Campo das Princesas. Por outro lado, José Queiroz cobrava a "fatura" de uma longa folha de serviços prestados aos socialistas tupiniquins, desde os tempos do ex-governador Eduardo Campos, com quem mantinha excelentes relações. Na época do ex-governador os pleitos do município eram uma ordem de serviço a ser executada sem delongas. Em contrapartida, Queiroz garantia as porteiras fechadas do municípios aos candidatos apoiados pelo Campo das Princesas. 

Em situações como esta, onde aliados estão em disputas, por vezes, poderia se recomendar uma "neutralidade" da máquina política do Estado. Não é este o caso de Caruaru, uma cidade extremamente estratégica, integrante do chamado "Triângulo das Bermudas". Por mais de uma vez, o prefeito José Queiroz fez chegar ao Palácio do Campo das Princesas que não se responsabilizaria pelos seus atos, caso não recebesse o apoio ao seu candidato. Um recado muito claro. Mais claro, impossível.

Junta-se a essas circunstâncias um outro fato curioso: os arranjos políticos aqui no Recife, envolvendo as duas legendas: PDT e PSB. Essas costuras teriam começado por ocasião de uma visita do presidente da legenda brizolista ao Recife, Carlos Lupi, que manifestou claramente o desejo de estreitar os laços entre as dois partidos, a partir das eleições de 2016. Com o controle da máquina brizolista local, ao que se sabe, os Queiroz teria condicionado o apoio ao projeto de reeleição do prefeito Geraldo Júlio aos arranjos políticos em Caruaru. Diante do exposto, pragmaticamente, os socialistas bateram o martelo em favor do nome de Jorge Gomes, candidato dos Queiroz. 

Pedimos perdão aos leitores por usar aqui, deliberadamente, a expressão "legenda brizolista" quando faço referências ao PDT. A máquina que mói o partido hoje está muito distante dos ideais preconizados pelo ex-governador Leonel de Moura Brizola, um homem público de honradez. As atitudes tomadas pelos dirigentes da legenda, seja no plano estadual  ou no plano federal, estão deixando alguns atores políticos indignados. No plano nacional, até recentemente, o partido abandonou a nau do Governo Dilma Rousseff, o que levou o ex-deputado Paulo Rubem Santiago a pedir desligamento da legenda. Essa "moeda de troca" em favor do apoio ao projeto de reeleição de Geraldo Júlio, por sua vez, deixou bastante aborrecida a vereadora Isabella de Roldão, que chegou a defender a tese de uma candidatura própria da legenda nas eleições do Recife.

Os Lyras devem se abrigar no ninho tucano, com o propósito firme de manter o nome de Raquel Lyra na disputa. Como comentávamos ontem, aqui pelo blog, o medo que faz é que os eleitores da Princesa do Agreste, temendo por essa indigestão política, possam optar por um outro cardápio, menos indigesto.

Pelo lado da oposição, as pedras também se mexem no tabuleiro. Havia a possibilidade de os Democratas, leia-se Priscila Krause, fecharem um acordo com o PTB, do ministro Armando Monteiro. Mas, mesmo entre os Democratas, ainda são se construiu um consenso sobre a candidatura da Deputada. De olho nas movimentações, o também Deputado Estadual Sílvio Costa Filho aproveitou o espaço para mudar de legenda, filiando-se ao PRB, quiçá, com o aval do próprio Armando Monteiro. A jogada pode representar alguns minutos preciosos no tempo de TV do provável candidato, o que não deixa de ser uma vantagem. No momento, ele se movimenta como candidato, mas já retirou sua candidatura em outro momento, mediante acordos fechados com o então governador Eduardo Campos. É sempre uma incógnita. 

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