O ex-presidente Jair Bolsonaro, devidamente orientado pelos seus advogados, deverá estar prestando depoimento à Polícia Federal, no curso das investigações sobre os atos antidemocráticos do último dia 08 de janeiro. Ou vai usar a prerrogativa de ficar calado, ou repetirá respostas evasivas sobre o assunto. Hoje começam os trabalhos para dar o ponta pé inicial na CPMI dos atos antidemocráticos, que também deverá ouvi-lo. Dependendo do perfil do "convite", também ali, na comissão, ele poderá usar da prerrogativa de ficar calado. Sua convocação vai depender muito dos arranjos do poder interno da comissão.
Muitas pessoas deixaram de ser ouvidas durante os trabalhos da CPM da Covid-19, em função dessas injunções. Os requerimentos precisam serem aprovados e, aqui, a microfísica do poder entra em campo, estabelecendo suas clivagens, consoante os interesses hegemônicos em jogo. Esse é um dos motivos pelos quais o governo se preocupa tanto, ou seja, ver seus ministros expostos à execração pública, ao massacre da tropa de choque da oposição. Lula já teria problemas demais para se preocupar, inclusive votações importantes, que poderão ser retardadas em razão dos trabalhos da comissão.
O torniquete autoritário aplicado às nossas instituições democráticas vem desde 2013, no curso tomado pelas mobilizações estudantis que ficariam conhecidas como as "Jornadas de Junho'. Alguns analistas sugerem que tais jornadas nunca foram "inocentes". Outros preferem apostar na premissa de que essas jornadas foram controladas pela extrema-direita a partir de um determinado momento. O curioso é que os golpistas são corajosos apenas para articularem e promoverem golpes. Não possuem a mesma coragem para assumi-los, quando algo não ocorre conforme as suas previsões. Parece-nos não haver contradição entre ser covarde e golpista.
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