Não entendo como esses depoimentos chegam com tanta facilidade à imprensa e às redes sociais, mas não deixa de ser curioso o teor do depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro, concedido à Polícia Federal, no dia de ontem, no curso das investigações sobre os atos golpistas do último dia 08 de janeiro. O que o ex-presidente declarou é que a postagem controversa, divulgada por uma de suas redes sociais, teria sido publicada por engano, num momento em que ele se encontrava sob efeitos de medicamentos. Naquele momento, então, o ex-presidente estaria fora de si, como quem não soubesse o que estava fazendo.
Há um jornalista que questiona, inclusive, se tal postagem teria sido feita pelo ex-presidente ou por um dos seus filhos. É praticamente certa a convocação do ex-presidente durante os trabalhos da CPMI dos atos antidemocráticos, comissão já devidamente instaurada. Não se sabe como a Polícia Federal e a justiça irá considerar essa sua versão dos fatos, mas, se a mesma versão vier a ser repetida durante uma eventual sessão da CPMI, irá, certamente, produzir muitas polêmicas e barulho.
Diante de tantos fatos em torno desses atos antidemocráticos, já é possível estabelecer alguns comportamentos dos atores políticos de perfil golpista. Todos eles primam pela "covardia", a "mentira" e a "dissimulação". Um general se recusou a comparecer a uma sessão em Brasília, duranre os trabalhos de uma CPI que apura aqueles fatos no âmbito do Distrito Federal; outros, simplesmente, "sumiram"; um oficial flagrado durante o momento da invasão ao Palácio do Planalto já informou, também em depoimento à PF, que servia água aos baderneiros para acalmar os "ânimos" dos invasores. Por acaso era água com açúcar, como ensinava as nossas avós? A capacidade de dissimulação dessa gente não pode ser subestimada. Estamos aqui já numa grande expectativa de que os trabalhos dessa CPMI sejam logo iniciados, para podermos observar como esses atores se comportam em cadeia nacional.
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