Crédito da foto: Ricardo Stuckert |
Este livro-reportagem não esgota, naturalmente, todos aspectos das eleições presidenciais passadas. Tampouco incorpora todas as nossas reflexões acerca do tema, refletidas através das inúmeras postagens, aqui publicadas em 2022, tratando deste assunto. Por outro lado, consegue trazer ao público leitor um panorama do que foram aquelas eleições, assim como a sua importância para o nosso processo democrático.
Embora as análises dos institutos e dos cientistas políticos se concentrassem, sobretudo, nas duas variáveis que definem uma reeleição – o bolso do eleitor e o seu humor sobre a avaliação do inquilino presidencial de turno – houve, sim, um caráter plebiscitário em jogo nessas últimas eleições presidenciais, onde os rumos de nossa democracia, de saúde já então debilitada, ganharia mais uma chance ou uma sobrevida com a eleição do candidato do PT, de Luiz Inácio Lula da Silva.
Havia um retrocesso antidemocrático e anticivilizatório em curso, que, felizmente, temporariamente foi interrompido. Uma vitória da civilização contra a barbárie, embora precisemos ficar de olhos bem atentos, uma vez que as vinhas da ira foram plantadas e continuam florescendo, como neste último atentado bárbaro ocorrido em Blumenau, Santa Catarina, onde quatro inocentes crianças foram mortas, num ato de selvageria.
Embora Lula tenha vencido as eleições, o Brasil continua sendo um laboratório de experimentos macabros da extrema-direita, na avaliação do sociólogo português, Boaventura de Sousa Santos. A informação histórica nos traz alguns dados importantes para entendermos a realidade. Não deixa de ser emblemática essas ocorrências frequentes na região Sul do país. Na década de 30 do século passado, a cidade de Blumenau, em Santa Catarina, abrigava a sede do maior partido nazista fora da Alemanha.
É possível que a sequência dos temas abordados neste trabalho não siga uma ordem cronológica de todos os fatos importantes que estiveram envolvidos no jogo da disputa eleitoral daquelas eleições. Alguns temas, inclusive, podem ter assumido um status de relevância maior do que outros, consoante os nossos critérios, o que não quer dizer que sejam coincidentes com os critérios dos leitores e leitoras do texto.
Chamamos a atenção dos leitores e leitoras sobre a discussão em torno do voto evangélico e como o Partido dos Trabalhadores se comportou em relação ao assunto. Na realidade, o partido acabou perdendo o norte, não construindo ou não implementando uma estratégia específica para conquistar esse nicho do eleitorado. Ao longo de sua existência, configurando-se aqui um processo de oligarquização, o PT acabou perdendo algumas premissas inciais, como a relação orgânica com alguns grupos sociais, entre os quais os evangélicos.
Preocupado com o rumo de nossa incipiente experiência democrática e ancorado nas reflexões sobre o assunto produzidas pelo cientista político polonês Adam Przeworski, entramos na seara de um “cálculo da democracia”, ou seja, quais os índices ou escores econômicos e políticos que determinam a consolidação ou o desmoronamento de um regime democrático? Przeworski é hoje um dos mais respeitados intelectuais na abordagem do deste tema.
Igualmente ancorado em Przeworski, trazemos uma discussão das mais importantes sobre os determinantes do voto. Como a condição social\política\econômica do eleitor o induz a votar neste ou naquele candidato? Reflexão das mais consequentes - talvez merecedora de um aprofundamento - é uma observação comparativa – longe de se constituir num estudo – da situação latino-americana no que concerne à instabilidade dos regimes democráticos, considerando países como o Chile, o Peru e o Brasil.
Interessante observar o elenco de manobras institucionais possíveis que os atores de oposição poderão utilizar contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a partir do parlamento. Como o leitor e a leitora atenta já deve ter observado, à medida em que Lula cede às pressões do Centrão, amplia-se o fosso com a base mais identificada ou ideologicamente orientada do partido. Uma dirigente da legenda já andou tratando o assunto como um estelionato eleitoral.
Não é fácil conduzir uma governabilidade sob(re) as águas turvas de um presidencialismo de coalizão. O título do livro-reportagem traduz bem a situação vivida pelo nosso presidente Lula. Num dia, precisa engolir sapos e manter seu ministro das comunicações para não prejudicar suas negociações com o União Brasil. No outro, acena com a brasa para sardinha dos mais humildes, anunciando o aumento dos valores da merenda escolar. O livro, em formato digital, pode ser adquirido por aqui, diretamente com o autor, ao valor de R$20,00, através da chave PIX jluizpesquisas8@gmail.com. Enviar comprovante, com e-mail para o recebimento do arquivo, para o ZAP 81986844557.
Nenhum comentário:
Postar um comentário