Há uma determinação do Ministério da Defesa no sentido de proibir os militares de se pronunciarem ou lançarem notas alusivas ao dia 31 de março, no dia hoje, portanto, em relação ao Golpe Civil-Militar de 1964, quando forças conservadores de nossa sociedade, aliada aos militares, tramaram e executaram um golpe de Estado para impedir as reformas de base que estavam sendo propostas pelo Governo do presidente João Goulart. Mas, como a caserva passou a se envolver perigosamente em assuntos políticos, os militares que obtiveram mandatos falam, acredito, com a prerrogativa de parlamentares.
Um deles, que já havia sido punido por pronunciamentos de caráter golpistas ainda no governo da presidente Dilma Rousseff, voltou a falar no assunto, sugerino que não houve golpe em 1964 - talvez dentro daquela narrativa eufêmica utlizada pelos militares, que tratam o assunto como uma Revolução - e que a ditadura imprimiu uma dinâmica à sociedade brasileira. Dá até nojo voltar a falar sobre o assunto, mas talvez ele se refira ao chamado Milagre Econômico Brasileiro, que durou pouco tempo, mostrando que o santo era de barro. Ainda assim, sob que condições? sob torturas, perseguições aos adversários políticos, supressão às liberdades civis, mortos e desaparecidos nos porões da uma Ditadura Militar, fora do escopo de uma normalidade política saudável, entenda-se aqui, num ambiente de democracia. Sinceramente? Prefiro conviver com o índice de inflação sob um regime de democracia.
No dia ontem, o editorial da Folha de São Paulo foi infeliz ao sugerir que o bolsonarismo, mesmo com todas as ressalvas feitas pelo jornal, poderia fazer bem ao petismo. Erra o jornal ao apontar uma agenda democrática, civilizatória, humanitária e republicana que não tem absolutamente nada a a ver com o bolsonarismo. Se o bolsonarismo incorporasse essa agenda, deixaria de ser o bolsonarismo. O bolsonarismo é fascista, antidemocrático e anticivilizatório. Se o jornal desejou fazer alguma média com a política econômica, até se pode conversar. No aspecto político, não. E, por falar nessas questões, como se comportaram os militares no dia de ontem?
P.S.:do Contexto Político: A Folha admite que errou no editorial, informando que haveria duas versões de um mesmo editorial e que teria sido publicado, na versão impressa do jornal, o que não havia sido aprovado internamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário