O jornalista Josias de Sousa, um dos mais argutos observadores da cena política brasileira, traz, em sua coluna do UOL, uma reflexão das mais importantes acerca do nosso sistema carcerário, diante da iminente prisão de um representante da família Brennand, que deve estar chegando ao país nas próximas horas. O Brasil possui a segunda maior população carcerária do mundo, ficando abaixo apenas dos Estados Unidos, onde a prisão tornou-se uma indústria, administrada pela iniciativa privada.
Nosso sistema carcerário é caótico, sob qualquer premissa em questão, a começar por encarcerar apenas pobres, pretos e putas, deixando a elite branca, que pode constituir bons advogados, de fora dessas agruras. Tudo precisa ser repensado em relação ao nosso sistema carcerário, o que significa que os Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos terão um enorme trabalho pela frente. Uma reavaliação que vai desde a legislação até às condições de encarceramento. Outro dado estarrecedor é o percentual de presos analfabetos.
Até recentemente, estourou uma onda de ataques no Rio Grande do Norte, em razão segundo se informa, de protestos às péssimas condições a que os presos estavam sendo submetidos, onde haveria denúncias de sessões de tortura, comidas estragadas estavam sendo servidas, além dos contágios provocados, possivelmente em relação à tuberculose, um dos grandes problemas sanitários das prisões brasileiras. Aqui em Pernambuco, saiu mais um desses relatórios óbvios ululantes, informando que melhores alojamentos são comercializados em presídios como o Aníbal Bruno, além da existência da figura dos chaveiros, que é quem, de fato, exerce o poder de Estado naquelas penitenciárias, e em outras tantas pelo país, como em Pedrinhas, no Maranhão, por exemplo, onde uma facção do crime organizado mantém as rédeas da situação, fora de controle pelo Estado.
Em recente audiência, o próprio Ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, informou que havia uma licitação, assinada ainda pelo senhor Anderson Torres, com empresas fornecedoras de refeições, onde um almoço estava sendo cotado a R$ 3,50, daí a queixa dos bolsonaristas golpistas presos na Papuda e na Coméia em relação à qualidade das refeições servidas naquelas unidades prisionais. Por esse preço, não se poderia esperar muita coisa mesmo.
Com a extinção do instituto da prisão especial para quem tem curso superior, a grande questão que se coloca, discutida pelo jornalista Josias de Sousa, a partir de algumas viaráveis do nosso sistema prisional, é qual seria o destino de Thiago Brennand. Nas prisões comuns, não há charutos, vinhos importados, salas individuais, banheiros privativos e coisas assim... A bem da verdade, não sabemos informar se, sequer, o tal Brennand teria curso superior. Possivelmente a banca irá tentar obter um habeas corpus de imediato.
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