pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : agosto 2025
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domingo, 31 de agosto de 2025

Crônicas do cotidiano: Um trio da "pesada".



Os livros do escritor gaúcho Érico Veríssimo animaram nossas leituras de adolescente, ao lado do paraibano José Lins do Rego. Fazemos aqui o registro de que não são todos os livros de Érico. Há uma fase em que ele envereda por livros de cunho espiritualistas, os quais já não líamos com o mesmo prazer dos seus romances históricos. Curioso que Érico Veríssimo trabalhada numa farmácia e escrevia nas horas vagas. Seu filho, Luis Fernando Veríssimo, preferia as narrativas curtas, como os contos e crônicas, gêneros nos quais se tornou um dos grandes nomes da literatura brasileira. Um bom escritor precisa ter, entre outras qualidades, uma sensibilidade aguçada sobre o mundo e as pessoas, algo que Luis Fernando Veríssimo desenvolveu tão bem, se tomarmos como referência as Comédias da Vida Privada, que a Rede Globo transformou em minissérie, com o desempenho impagável dos atores Marco Nanini, Diego Vilela, Pedro Cardoso, das atrizes Giulia Gam, Andréa Beltrão e a premiada Fernanda Torres. 

Quando estávamos de viagem ao estado do Ceará, mais precisamente em sua região de serras e Mata Atlântica preservadas, no Maciço do Baturité, na cidade de Redenção - a primeira cidade a libertar seus escravos no país - líamos uma de suas crônicas durante os intervalos. A crônica tinha como título Tudo que vicia começa com "c", onde ele fazia uma relação dos vícios que começam com "c", a exemplo do cigarro, da canabis, da cachaça, da cocaína, entre outros. Aproveitamos o ensejo e escrevemos uma Tudo que vicia começa com "c" II, com base nos atrativos da terra cearense, como a castanha de caju, a cajuína, carne de sol, Canoa Quebrada, Crato, entre outros "Cs". 

No primeiro dia que ingressávamos na UFPE, eis que quase esbarramos, quando subíamos as escadarias do CAC, com uma figura esguia, passos largos, trajando indefectíveis roupas em tom caqui, que seria a sua marca registrada, segundo dizem confeccionada por uma costureira de sua confiança, a quem ele delegou, inclusive, a costura de seu fardão para a posse na Academia Brasileira de Letras. Era o paraibano Ariano Suassuna em pessoa, que ministrava a cadeira de Estética naquela instituição de ensino, depois que havia optado pelo magistério, decepcionado com a carreira jurídica. O encontro está registrado no nosso terceiro romance, Tramas do Silêncio. Pouco tempo depois estávamos dando grandes gargalhadas em suas aulas espetáculos. 

Millôr Fernandes, como o Millôr escrito assim, como ele mesmo explica, por falha do escrevente do cartório, era um artista múltiplo, com uma inteligência privilegiada. A primeira página que abríamos na antiga Veja impressa, onde ele passava seus regados, carregados de ironia, todas as semanas. Sabe-se que se trata de uma limitação tratar os seus textos apenas como textos carregados de ironias, uma figura de linguagem que não dá conta do seu raro talento. Havia uma lâmina aguda, cortante em seus petardos contra o sistema, contra os opressores, contra os violadores dos direitos humanos, algo que deixou marcas indeléveis tanto na direita, quanto na dita esquerda, quando ele perguntou, por exemplo, se a luta armada seria ideologia ou "investimento". Os três aparecem assim, num dia ensolarado, curtindo as delícias do balneário de Porto de Galinhas. 

Editorial: O destino político de Cícero Lucena.



A política paraibana está uma confusão dos diabos. À medida em que se aproxima as eleições estaduais de 2026, as placas tectônicas da política local se movimentam numa velocidade incomum. Se o indivíduo não estiver atento, pode perder o bonde da corrida pelo Palácio Redenção. Na base governista, de concreto mesmo apenas a candidatura do atual governador, João Azevedo, do PSB, ao Senado Federal. Como estamos tratando aqui de uma base de apoio heterogênea, tudo é possível, inclusive nada. Um dos grupos mais forte desta base de apoio está enredado em problemas. No estado também se percebe as dificuldades de ajustes entre acordos partidários celebrados em Brasília, que geralmente, entram em contradição com a dinâmica política local. 

Uma outra certeza é que o atual prefeito da capital, Cícero Lucena(PP-PB), será candidato ao Governo do Estado, em 2026. Como se trata de um dos políticos mais "manhosos" da política paraibana, sobre ele não pesa as clivagens ideológicas, sendo possível construir uma candidatura tanto com a base governista, quanto com a oposição. Recentemente ele declarou que estaria em breve definindo seu futuro partidário e que os eleitores poderão ter alguma surpresa por aqui. Curioso é que ele teria aberto um diálogo recente com Marcelo Queiroga, ex-Ministro da Saúde do Governo Bolsonaro, que será candidato ao Senado Federal. O interessante aqui é que o PL de Queiroga já teria fechado um acordo com o União Brasil do senador Efraim de Moraes, que é pré-candidato ao Governo do Estado. 

A campanha de 2024 foi uma das mais acirradas no estado, suscitando debates acalorados entre Cícero e Queiroga à época, mas Cícero encara os fatos como naturais. Outro lance dessas placas é um encontro recente entre Cícero e integrantes do clã Cunha Lima, por ocasião do lançamento de um filme baseado num poema de Ronaldo Cunha Lima, numa clara demonstração de que o prefeito se movimenta bastante à vontade no tabuleiro da política local. Será que o prefeito vai se tornar "socialista", para atender ao critério primário estabelecido por João Azevedo, ou seja, o apoio ao projeto de reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Tudo é possível. 

Charge! Kleber via Correio Braziliense.

 


sábado, 30 de agosto de 2025

Drops Político: Gestos de civilidade na política são bem-vindos.


Repercute bastante na política local uma fala do ex-governador do Estado de Pernambuco, João Lyra Neto, pai da atual governadora Raquel Lyra(PSD-PE). Indagado sobre a gestão do prefeito João Campos(PSB-PE), João Lyra afirmou que o prefeito faz uma bom trabalho no Recife. João Campos, muito provavelmente, será o principal oponente ao projeto de reeleição da governadora, nas eleições de 2026. Um gesto de civilidade política, característico da estipe da família Lyra, de longa tradição republicana na política pernambucana. Talvez a expectativa fosse o contrário, ou seja, que o pai da governadora aproveitasse a ocasião para tecer críticas à gestão do socialista. 

Há bem pouco tempo, presenciamos uma cena curiosa da filha governadora em ação no interior do estado, durante um evento, onde ela sobe numa plataforma para discursar para a plateia de ouvintes no que sugere ser uma quadra esportiva. A governadoras em pé, com a vice-governadora, Priscila Krause, ao seu lado, preocupadíssima, segurando suas pernas com receio de que ela pudesse despencar da arquibancada. Raquel está nas ruas, conversando com a população, entregando obras, superando adversidades, respondendo às críticas com trabalho e tocando o seu governo com uma disposição incomum. 

Já com saudades, Luís Fernando Veríssimo.

 


Charge! Thiago Lucas via Jornal do Commércio,

 


Editorial: Governadores do Nordeste reagem aos insultos de Romeu Zema.


Essas questões levantadas pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema, acerca dos problemas inerentes a programas como o Bolsa Família não são novas e, a rigor, hoje até o Governo Lula 3 entende que é preciso criar mecanismos de melhor gerenciamento do programa no que concerne à sua concepção e objetivos, possibilitando a condição de o segurado ou segurada migrar do programa para uma situação mais autônoma, menos dependente do aparelho de Estado. Já existem algumas iniciativas neste sentido, sobretudo em razão das dificuldades que se criam para o beneficiário entrar num emprego formal. O problema aqui é como se dizem certas coisas, sobretudo quando se é pré-candidato à Presidência da República, condição que hoje Romeu Zema ostenta. Um simples pronunciamento já arrancou a ira e a solidariedade dos governadores da região Nordeste. São muitos votos, senhor Zema. 

Realmente se trata de um contingente expressivo de segurados mantidos pelo aparelho de Estado, improdutivos do ponto de vista econômico, que não se preocupam em desenvolver alternativas, uma vez que seriam desligados automaticamente do programa. Em vários estados do país este contingente chega a ser superior ao número de pessoas com empregos formais. O que Zema questiona - não sem alguma razão - é que se trata de pessoas que poderiam estar inseridas no processo produtivo. A pré-candidatura de Zema é um balão de ensaio. Uma espécie de acordo entre os postulantes da direita sobre aquele que alcança a melhor performance nesta fase de pré-campanha. O funil deve levar ao nome de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo. 

Aos poucos, tangida pelas circunstâncias que se impõem com o inferno astral enfrentado pela sua principal liderança, O ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado a isso os prazos ditados pelo capital, a direita ajusta os passos para a definição de um nome competitivo para o pleito presidencial de 2026. No dia de ontem ficamos sabendo que até o PL sonha em ter o governador paulista em seus quadros. A despeito do tratamento respeitoso de Valdemar da Costa Neto para com Jair Bolsonaro - que deve indicar o nome que receberá seu apoio como candidato - aqui e ali o PL procura se imiscuir das encrencas criadas pelo clã Bolsonaro. 

sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Editorial: Lula determina aplicação da Lei da Reciprocidade em relação às tarifas impostas pelos Estados Unidos.

Crédito da Foto: Cristiano Mariz\O Globo. 


No dia de ontem, 28, passamos o tempo todo praticamente acompanhado os trabalhos da CPMI da INSS. Em princípio, os trabalhos estão sendo muito bem conduzidos, embora especule-se acerca de um acordão nos bastidores, entre governistas e oposição, que visa blindar alguns nomes que deveriam ser convocados aos depoimentos para subsidiar os trabalhos. No momento, estamos crentes de que isso não ocorrerá, mas sabe-se nas coxias que o Governo Lula move moinhos para evitar danos de imagem oriundos das conclusões dos trabalhos desta comissão. A recuperação da imagem do Governo Lula 3 ainda é lenta, tênue, insegura, de acordo com os levantamentos realizados pelo próprio Planalto. 

Não deixa de ser curioso nesses engendramentos a liberação de emendas, em montante elevados, atingindo, inclusive, parlamentares de oposição. Pelo andar da carruagem política, a conclusão é que o Governo não reúne as melhores condições de blindar quem quer que seja, como ocorreu durante os trabalhos da CPMI do Golpe. No dia de ontem, em audiência reservada, um delegado da Polícia Federal por pouco não recebeu ordem de prisão, quando inquiridos acerca das instituições ou entidades investigadas. Tanto o Presidente quanto o relator da CPMI do INSS estão conduzindo os trabalhos com bastante seriedade e isso é muito bom. 

Chegando à conclusão da impossibilidade de algum consenso mínimo entre o Governo brasileiro e o Governo dos Estados Unidos no tocante às tarifas impostas para os produtos de exportação brasileiros, Lula determinou que seja aplicada a Lei da Reciprocidade, ou seja, os produtos americanos importados pelo Brasil serão sobretaxados. À medida em que se aproxima o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas se acirra as animosidades entre o Governo Trump e o Governo Lula 3. 

Charge! Dálcio Machado via Facebook.

 


Editorial: A solidez da democracia brasileira na capa da The Economist.



Alguns formadores de opinião sugerem que não estamos passando por um momento que se possa chamar de plenitude democrática. Ao contrário, o país estaria caminhando para um processo de venezualização, sobretudo depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contingenciado pela política externa americana, passou a estreitar os laços com os vizinhos amazônicos, de governos que não são considerados de democracias consolidadas. Os olhares dos analistas internacionais, no entanto, sugere-se que tenha uma acuidade maior, ou seja, contemplam o processo de mais uma tentativa de golpe de Estado frustrada no país e, sobretudo, a nossa capacidade - inusitada e singular até então - de enquadrar e punir aqueles atores que estiveram no epicentro do projeto autoritário. 

Julgamento que, aliás, começa na próxima semana. Diante das circunstâncias de culpabilidade dos réus envolvidos, ontem ocorreram algumas especulações em torno do destino daqueles que forem condenados, ou seja, onde eles cumpririam suas penas. Isso é o de menos, mas a Papuda recai, até simbolicamente, na preferência das autoridades do judiciário. Segundo o semanário britânico, o país dá um bom exemplo de como devem ser tratados aqueles que tramaram contra as suas instituições democráticas, diferentemente do que ocorreu nos Estados Unidos, que, aliás, tenta interferir num processo de julgamento do réus envolvidos na tentativa de golpe de Estado do 08 de janeiro, principalmente o amigo Jair Bolsonaro.

Aliás, nos últimos meses, o país ocupou bastante espaço nos órgãos de imprensa internacional. The Wall Street Journal, The Washington Post, entre outros. Esta já é a segunda ou terceira matéria que a revista britânica dedica ao país, trazendo sempre temas polêmicos, como uma ponderação crítica à atuação do nosso Judiciário. Nesta matéria mais recente este aspecto não foi negligenciado, mas o bom exemplo de as nossas instituições reunirem as condições efetivas em julgar e punir os responsáveis pela tentativa de golpe se sobressai. Não deixa de ser um bom exemplo, como reconhece o semanário conservador britânico. 

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Editorial: Os gestos de Raquel para o PT.


O Ministro da Educação, Camilo Santana, esteve hoje em Pernambuco, realizando entregas de sua pasta no estado. Volta a chamar a atenção dos pernambucanos a ausência da governadora Raquel Lyra às cerimônias oficiais com a presença de autoridades de Brasília. Política é feita de gestos e este é o segundo gesto de ausência da gestora do estado em cerimônias envolvendo a presença de ministros do Governo Lula 3. No nosso ponto de vista é uma sinalização clara das dificuldades que a governadora pernambucana está encontrando em estabelecer uma relação mais orgânica com o PT. 

Depois que o Ministro da Casa Civil, Rui Costa, esteve aqui no estado e a tratou como uma aliada, muita água correu no rio da política e pelo canal de Fragoso. Neste intervalo, o prefeito João Campos foi eleito Presidente Nacional do PSB, manteve um diálogo mais estreito com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e praticamente fechou as partas do Campo das Princesas para as articulações com o partido a nível nacional. Aqui no estado ainda há um grupo que se alinha com a gestão de Raquel Lyra, liderado pelo deputado estadual João Paulo. Não sabemos se podemos afirmar se João lidera este grupo, mas ele é o principal incentivador desta parceria entre o PSD e o PT no estado. 

Há mais de um ano das eleições de 2026, já não se fala noutra coisa. O Centrão tenta articular-se com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas; Ciro já se movimento nas redes sociais como candidato potencial, embora não se saiba até o momento qual o espaço político que ele deseja disputar; aqui em Pernambuco, depois de um determinado momento, tudo passou a girar em torno das eleições estaduais de 2026. Os movimentos do prefeito João Campos, assim como os movimentos da governadora sinalizam claramente nesta direção. Com as portas praticamente fechadas para as conversas com o dito campo progressista, Raquel Lyra, estreita seus laços com a direita. 

Charge! Renato Aroeira via Brasil 247

 


Charge! Thiago via Jornal do Commércio.

 


Charge! Kleber via Correio Braziliense.

 


Editorial: Tarcísio anda costeando o alambrado do Centrão.


Como gaúcho autêntico, o ex-governador Leonel Brizola cunhou uma expressão que ficaria famosa para identificar aqueles atores políticos que estavam costeando o alambrado, na iminência de pular a cerca. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, já se movimenta politicamente com uma desenvoltura que passou a preocupar a família de Jair Bolsonaro. Da parte de Tarcísio, os laços afetivos com o ex-presidente ainda são perenes, uma vez que o governador deve a ele seu ingresso no campo da política. Não se pode dizer que Tarcísio seja uma pessoa ingrata, mas, pelo andar da carruagem política, este adjetivo já não o define para os filhos do presidente Bolsonaro. A questão é simples. Jair Bolsonaro está encrencado até a medula, completamente inviável politicamente, na iminência de ser condenado pela tentativa de golpe de Estado do 08 de janeiro. 

Apostar na tese de anistia e de uma improvável candidatura soa estranha neste momento. Assim, diante da orfandade de Bolsonaro, amplos setores da direita estão se movimentando, alguns deles gravitando em torno do Centrão. Somente Valdemar da Costa Neto ainda aguarda o sinal verde do capitão, a quem ele comparou recentemente ao guerrilheiro argentino\cubano Ernesto Che Guevara, algo que rendeu muito memes nas redes sociais. O Centrão sempre navega com um pé numa jangada e o outro pé na outra, aguardando o momento certo para pular fora. Por enquanto, eles trabalham contra o Governo Lula 3 no Congresso e nas ruas, mas, enquanto puderem assegurar os contracheques dos DAS's eles se seguram no Governo. 

O Centrão anda costeando o alambrado do governador paulista. Surpreendentemente cogita-se, inclusive, o nome do ex-governador cearense, Ciro Gomes, nessas conversações. Já vamos antecipando que, a despeito do respeito que temos por ele, Ciro Gomes não tem temperamento para vice. Sua ansiedade para ditar o rumo da gestão poderão produzir grandes complicadores para o governante de turno. Melhor seria um ministério de peso ou mesmo voltar a governar o seu estado, o Ceará, onde trava uma batalha campal contra o PT. 


terça-feira, 26 de agosto de 2025

Editorial: Começa a CPMI do INSS.



Acompanhamos de perto, pela manhã, a abertura dos trabalhos da CPMI do INSS. Ouvimos o presidente dos trabalhos, o senador mineiro Carlos Viana(PO-MG), e o relator, o deputado federal pelo estado de Alagoas, Alfredo Gaspar (União-AL). Promotor Público experiente, Alfredo estabeleceu as diretrizes que devem orientar os seus trabalhos na comissão, que deve atingir os corruptos de todas as matizes ideológicas, ou seja, se o caboclo meteu a mão no minguado dinheirinho dos aposentados será alcançado, independentemente de ser simpático ao petismo ou ao bolsonarismo. Alfredo Gaspar se coloca como um político assumidamente de direita, mas adverte que a inclinação ideológica não interferirá na sua condução dos trabalhos, tampouco na confecção do relatório final. 

Conforme suspeitávamos, a direita mais radical, no entanto, estabeleceu uma expectativa bem robusta sobre os trabalhos da comissão, algo que deve ir além da punição dos atores e entidades responsáveis direitos pelas fraudes, ou seja,  atingindo os governantes de turno. Faz todo o sentido as preocupações do Planalto sobre os rumos que poderão tomar esta comissão. Estamos tratando aqui de um processo de corrupção sistêmica - até o nome de Jorgina de Freitas, maior fraudadora do INSS, foi lembrado durante os trabalhos - algo que remete a um cuidado com as narrativas que estão sendo construída pelo Governo Lula 3 sobre o assunto.  Desde o início esta narrativa se apresentou bastante frágil, sem consistência alguma. O próprio ex-Ministro da Previdência, Carlos Lupi, admitiu que sabia dos problemas e tomou medidas "tardias" ou insuficientes para estancar os danos aos aposentados. 

Uma das conduções mais criticadas neste primeiro dia dos trabalhos foi a fórmula como o Governo Lula 3 administra essa questão, sob a clivagem jurídica, com as medidas junto ao STF, assim como em relação ao aporte de recursos que estão sendo utilizados para ressarcir os aposentados, que são recursos do tesouro, ou seja, somos nós que pagamos esta conta. Vamos aguardar os rumos dos trabalhos daqui para frente, mas podemos concluir que tivemos uma arrancada inicial bastante promissora. 

O xadrez político das eleições estaduais de 2026 em Pernambuco: Raquel nos braços da direita em definitivo?



Mike Tyson era um boxeador quase imbatível. Geralmente nocauteava seus adversários no primeiro round. Alguns deles não resistiam ao primeiro golpe. Foi assim durante algum tempo, até que um técnico experiente observou que ele tinha grandes dificuldades em recuar no ringue, algo possivelmente relativo à coordenação. Conhecedor dessa fragilidade, o técnico preparou um adversário para enfrentá-lo com uma estratégia que consistia em atacá-lo de forma a que ele precisasse recuar, ou seja, o sujeito precisava tomar a iniciativa, evitar o nocaute no início da luta, e, assim, reunir as condições ideais para derrotá-lo. Mike Tyson teve a sua primeira derrota. 

Lembramos desta lição quando observamos a estratégia que está sendo utilizada pelo prefeito João Campos(PSB-PE) aqui no estado, já de olho na disputa que deverá travar com a governadora Raquel Lyra, em 2026. João Campos estabelece uma relação cada vez mais próxima do PT pernambucano, praticamente fechando as portas das alianças à esquerda da governadora Raquel Lyra. Numa entrevista publicada no dia de hoje, 26, no Jornal do Commércio, o ministro Sílvio Costa Filho, do Republicanos, advoga que seria importante a reeleição da maior liderança do PT no estado, o senador Humberto Costa, talvez até ajustando a composição da chapa que disputará o Palácio do Campo das Princesas, em 2026. 

Resta saber o que João Campos, neste caso, reservaria aos Coelhos, clã de grande musculatura política no Sertão do São Francisco,  com o qual o prefeito estabelece uma relação bastante civilizada. A recíproca também é verdadeira. Um dos representes da família, o deputado federal Fernando Coelho Filho, afirmou que continuará apoiando o projeto político do prefeito mesmo que a sua federação, a União Progressista, siga um outro rumo. E, por falar em União Progressista, a nível nacional, é quase certo que eles não apoiem o projeto de reeleição de Lula e, aqui na província, o filho do deputado federal Lula da Fonte,  filho de Eduardo da Fonte,  que deverá comandar a União Progressista no estado,  no dia de ontem, 25, considerou que a federação deve apoiar o projeto de reeleição da governadora. 

É sabido que um percentual expressivo da direita votou na governadora nas eleições de 2022. Bolsonaristas inclusive, em razão do apoio do ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira, que se reaproximou do Campo das Princesas depois de um divórcio meio que litigioso. Eduardo da Fonte, inclusive, candidatíssimo ao Senado Federal, seria o patrocinador dessa reaproximação. As manobras de João deixaram a governadora sem as condições efetivas de formar uma composição política que diluísse um pouco essa identificação com a direita. 

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Editorial: O PT está aberto às alianças com João Campos e com Raquel Lyra.


Como o PT em Pernambuco encontra-se literalmente cindido, este é o tipo de resolução aprovada com o propósito de atender às duas alas da legenda no estado, ou seja, o grupo que já está na gestão da Prefeitura do Recife e apoia o projeto do prefeito João Campos para as eleições de 2026, e o grupo que se afina com a gestão da governadora Raquel Lyra. Conforme discutíamos ontem por aqui, a tendência mais razoável hoje é que o PT encampe o projeto socialista, uma vez que, estrategicamente, João Campos percebeu a importância de consolidar a aliança com o Planalto, tirando o espaço de manobra da governadora pelo campo de esquerda. Ou seja, João Campos está tentando "isolar" Raquel Lyra, deixando-a com a única alternativa de se arranjar com a centro-direita. 

João Campos está tão afinado com o Planalto que, numa pesquisa recente, onde aparecem como favoritos candidatos de esquerda, João é aquele que, apesar de filiado ao PSB, sugere-se o mais "perecido" com o PT. João já venceu eleição em Pernambuco mantendo uma distância regulamentar do PT, mas a bússola política no momento talvez indique que tal afinidade seja conveniente. Esse "feeling" pode estar orientado por pesquisas qualitativas. O pai, Eduardo Campos, salvo melhor juízo, tinha um cientista político argentino que orientava todos os seus passos através de pesquisas qualitativas. 

A última pesquisa do Instituto Genial\Quaest - como este Instituto realiza pesquisas - para o Governo do Estado, aponta a força da direita em Pernambuco. 10% do eleitorado está dividido entre um candidato do PL, Gilson Machado, e o vereador Eduardo Moura, do Novo, bastante atuante no estado, que crava 4% das intenções de voto. Gilson Machado já concorreu ao Senado Federal, sendo muito bem votado. É o homem de Bolsonaro em Pernambuco, embora o PL esteja sob controle da família Ferreira, o que dificulta suas aspirações. Gilson, portanto,  tem recall. A novidade mesmo é Eduardo Moura, o que, em princípio, pode identificar uma tendência de voto dos recifenses no vereador. Mesmo assim, os escores não deixam de ser alvissareiros. 

Charge! Kleber via Correio Braziliense.

 


Editorial: Tropa de choque do Governo na CPMI do INSS.

 



A Oposição comemora até hoje a mudança na composição da CPMI do INSS, quando conseguiu reverter uma tendência favorável ao Governo. Os oposicionistas jogam todas as fichas nesta CPMI, numa expectativa que sugere ir além de um mero desgaste do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula recupera seus índices de popularidade em meio às tormentas internas e externas. Algumas dessas ondas, aliás, ajudaram o petista a recuperar seus índices de popularidade, como a guerra diplomática com o Governo Trump. Diferentemente da CPI do MST, que era algo mais específico e pontual, a CPMI do INSS é bem mais ampla e promete holofotes e investigações que podem causar um dano de imagem bem maior ao Governo. 

Os governistas já fizeram sua mea culpa em relação à derrota sofrida. Tivemos o oba oba de já ganhou, desatenção, desarticulação e até boicote, como o corpo mole de alguns parlamentares, como que desejando passar um recado ao Governo. Nos últimos dias, o Governo Lula tratou de lavar as roupas sujas e recompor a tropa, após reuniões tensas, onde a estratégia foi praticamente definida. O próprio Lula conversou a respeito com seus auxiliares. Quem comandará a tropa é o deputado federal pelo Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, ex-Ministro das Comunicações. Não consideramos que foi uma boa escolha, mas agora a ordem é conter os danos, evitando exposições de alguns atores, entre eles o Frei Chico, irmão de Lula. 

Os trabalhos da CPMI do INSS começam amanhã, 26, pela manhã. Nesses primeiros dias, o senador Carlos Viana, Presidente da Comissão, se encarregará de definir as diretrizes de trabalho e aprovar requerimentos de convocações. Pelo andar da carruagem política, será muito improvável a blindagem de Frei Chico, o irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Outro nome certo é aquele careca que não gosta de ser chamado de careca, um verdadeiro arquivo vivo sobre a engenharia de corrupção utilizada pelos gatunos do erário. 

domingo, 24 de agosto de 2025

Editorial: Lula atinge melhor índice de popularidade desde janeiro.



Nada sugere que o mar revolto fique mais calmo pelos próximos meses. Há um temor militar em relação às tropas americanas posicionadas no mar do Caribe; a CPMI do INSS que deve começar os trabalhos na próxima terça-feira; a reta final do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e a cúpula militar e civil que esteve envolvida na tessitura de mais uma tentativa de golpe de Estado fracassada no país. Tudo isso ainda não fosse suficiente, segundo uma pesquisa do Instituto Quaest, o eleitorado brasileiros esboça sinais de cansaço com esta polarização política entre lulistas e bolsonaristas. A expectativa boa é que este comportamento do eleitorado abre espaço para a viabilização de novas alternativas, o que seria bastante sadio, uma vez que a corda já está bastante esticada. 

A vitória de um nome distinto neste cenário poderia contribuir para atenuar essas tensões. A expectativa frustrante é que esta centrífuga polarizante já desmontou várias tentativas de rompê-la. E, por falar no Instituto Quaest, seus pesquisadores chagaram a alguns números sobre a popularidade de Lula com o potencial de fazer cócegas no Planalto. Lula nunca esteve tão bem em relação à popularidade desde janeiro. Pelo menos nos índices apurados pelo Instituto. Agora em agosto, 20, 46% aprovam e 51% desaprovam. Se analisarmos a série histórica da pesquisa a partir de janeiro, vamos concluir que a boca do jacaré está se fechando, ou seja, mantida a tendência, é possível que os índices de aprovação superem o de desaprovação. 

Vários fatores devem ter contribuído para essa melhora de índices de popularidade do Governo Lula 3, mas o próprio instituto comprova que a briga diplomática com o Governo americano deu a sua contribuição inestimável. Estávamos dando uma olhadinha nos jornais, mas desistimos. A tônica de hoje é um par de tênis que Lula acabou exibindo para fazer uma analogia com a tornozeleira usada por um ex-presidente. Pois bem. Foram investigar o valor do tênis usado e chegaram à conclusão de que ele custa no mercado a bagatela de mais de oito mil reais. 

Editorial: Os problemas de infraestrutura para a COP 30.



O Governo Lula 3 enfrenta sérias dificuldades com relação à realização da COP 30 em Belém, Pará, prevista para ocorrer em novembro. Várias delegações de países convidados já manifestaram até publicamente a insatisfação em relação aos preços praticados pelos hotéis e residências da capital, algo absurdamente impraticável, como vem sendo denunciado pelos internautas nas redes sociais. Os sites de hospedagem já teriam sidos advertidos sobre o problema e a própria ONU já teria sugerido ao Brasil bancar as despesas de hospedagem dos participantes, algo já recusado pelo Governo brasileiro. Soma-se a isso os problemas de infraestrutura básica, além das limitações da rede de restaurantes da cidade. 

Como se tudo isso ainda não fosse suficiente, há sérias dificuldades com a segurança pública, como limitações de efetivo e delegacias de polícia sucateadas. Há alguns ingredientes políticos evidentes nessas escolhas, mas, desta vez exageravam na dose, assim como ocorreu com a Copa do Mundo que o país sediou em 2014, que só produziu transtornos, obras paradas até hoje e vultosas quantias de dinheiro público desviados em licitações fraudulentas. Aliás, o desvio de recursos públicos é algo comum a esses megaprojetos. Não há nenhum deles onde, no final, não apareçam os desmandos com o erário. 

Nos escaninhos da política comenta-se sobre a possibilidade de uma eventual chapa à reeleição de Lula compondo com um representante da família Barbalho, em 2026, em caso do MDB apoiar o projeto de Lula, algo muito pouco provável, pelo andar da carruagem política. Hélder Barbalho, naturalmente, tenta aparar as arestas das dificuldades e reafirmar que a capital do estado reúne as  condições necessárias para sediar um evento desta magnitude. Está no seu papel.  

sábado, 23 de agosto de 2025

O xadrez político das eleições estaduais de 2026 em Pernambuco: Raquel precisa convencer o eleitorado que aprova o seu governo sobre a necessidade de renovação do contrato de locação do Campo das Princesas.


Possivelmente os passos do prefeito João Campos estão sendo orientados por pesquisas internas que indicam o caminho a seguir para conquistar o Palácio do Campo das Princesas em 2026. Em meados da década de 80, quando o PT foi fundado aqui em Pernambuco, os adversários dessa nova agremiação partidária argumentavam que os espaços de esquerda já estavam perfeitamente definidos no estado, o que desestimularia a criação de uma nova legenda. A despeito das opiniões em contrário, o PT foi fundado. Há pouco estávamos lendo uma matéria no Jornal do Commércio com o diretor do Instituto Quaest, Guilherme Russo. Primeiro é preciso reconhecer que Guilherme fala com bastante conhecimento de causa sobre a política pernambucana, recordando a histórica trajetória de Recife como uma cidade cruel, nas palavras do ex-governador Agamenon Magalhães. Cruel para a direita, registre-se.

Há uma tradição de voto de esquerda no Recife. Guilherme Russo faz alusão ao fato para inferir que o campo de esquerda no estado hoje se encontra sob a hegemonia absoluta ( ou quase?) do prefeito João Campos. João, além de manter controle deste espaço, ainda sinaliza para Lula sobre a conveniência de compor com o centro em relação às eleições para o Senado Federal, talvez em razão dos nomes que orbitam em seu staff político como eventuais candidatos ao cargo em sua chapa. Assim, apara as arestas com o Planalto, caso tenha que agregar forças do centro-direita em suas composições. João sabe, igualmente, que mesmo numa situação que poderá vir a ser adversa no plano nacional, Lula mantém o seu capital político no estado onde nasceu. É como se ele fechasse o circuito da esquerda, não permitindo espaço de negociações entre o Planalto e o Governo de Raquel Lyra. Este arranjo é um ponto positivo para a viabilização do nome de Humberto Costa como candidato ao Senado Federal na chapa de João Campos, uma vez o morubixaba petista poderia influir na escolha do seu principal escudeiro no estado. 

A direita, por outro lado, esboça a possibilidade de lançamento de um candidato ao Palácio do Campo das Princesas, embora, por razões conhecidas, a prioridade seja mesmo o Senado Federal. Com esta polarização consolidada, o nome da direita cumpriria apenas um papel olímpico, com escores hoje não superiores aos 6% das intenções de voto, de acordo com a última pesquisa do Instituto. Neste caso, tanto Raquel quanto João lutariam por amealhar este eleitorado conservador no estado, até de matriz bolsonarista, como já demonstraram nas últimas eleições que disputaram. Em linhas gerais, o Governo de Raquel Lyra é bem avaliado pelo população do estado, atingindo escores de 51% positivos. Áreas como educação são bem avaliadas, embora, sem nenhuma surpresa, a segurança pública, o grande tema de 2026, esteja produzindo estragos de imagens em todos os governantes pelo país. Somente Ronaldo Caiado, governador de Goiás, que endureceu o jogo, goza de grande popularidade junto à população. Ronaldo Caiado, inclusive é candidato à Presidência da República. Na área de segurança pública ela precisa ficar atenta a um cinturão perigoso de insegurança que está se formando na Região Metropolitana do Recife, área onde seu principal adversário tem grande penetração em função de uma bem sucedida estratégia de comunicação institucional. 

O problema é o hiato ou distância entre considerar que a gestão é boa, mas talvez haja dúvidas entre esses eleitores em credenciá-la a um segundo mandato. A questão aqui é decifrar este enigma, algo que poderia ser identificado através de pesquisas qualitativas. Não apenas decifrá-lo, aliás, mas conseguir credenciar-se junto a este eleitorado sobre a necessidade de renovação do seu contrato de locação com o Palácio do Campo das Princesas. Raquel traz no DNA a couraça política da família Lyra, deverá sobreviver às intempéries, tem muitas entregas pela frente e deve equilibrar este jogo até outubro de 2026.  

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Editorial: Estadão sugere em editorial que chegou o momento de abjurar o clã Bolsonaro.


Não seria de hoje que amplos segmentos do conservadorismo brasileiro já entenderam que é preciso uma certa cautela ao embarcar na canoa do bolsonarismo, principalmente em relação ao seu núcleo mais radical, com predisposição suficiente para romper as fronteiras da institucionalidade. Desde os seus primeiros movimentos que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, um ator político já devidamente "verificado" pela Faria Lima, mantém os laços afetivos com o seu tutor político, mas evita assumir uma postura política que possa se constituir numa potencial ameaça ao sistema. Sabe que seria vetado na largada. Radicalidade mesmo apenas no aspecto econômico, onde assume uma postura francamente privatista, bem ao gosto do mercado. 

Tarcísio aguarda uma sinalização definitiva do ex-chefe para assumir qualquer compromisso com uma pré-candidatura, prudência que não tiveram os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado, e Romeu Zema, de Minas Gerais, que já estão com a pré-campanha nas ruas. Ratinho Junior ainda não oficializou, mas é apenas uma questão de tempo. Conta com o aval de Gilberto Kassab, Presidente Nacional do PSD, que deverá ditar o momento certo, se e somente se, Tarcísio abrir da parada e não entrar no páreo. O último indiciamento de membros do clã Bolsonaro, o ex-presidente e um dos filhos, contingenciou o STF a liberar os áudios das gravações de celulares obtidos pela perícia da Polícia Federal. 

Nada do que foi revelado, de uma certa forma, já não se sabia, pois cansamos de afirmar por aqui que alguns atores políticos que clamam por anistia aos que participaram da tentativa de golpe de Estado do 08 de janeiro não estavam nenhum pouco preocupados com o destino daqueles incautos arrolados ou induzidos ao badernaço do 08 de janeiro. Ocorreram algumas lavagens de roupa suja, como as explicações sobre os adjetivos usados nos áudios, mas, o importante mesmo é que o que está em jogo, ou seja, uma tessitura para livrar o ex-presidente das punições que deverão ser aplicadas em razão de sua eventual participação na tentativa de golpe de Estado. As manobras chegaram a um nível que podem ser enquadradas naquilo que se denomina de "obstrução", que também tem suas implicações legais. 

Os historiadores e cientistas políticos já firmaram uma posição de que o golpe de Estado de 1964 foi urdido pelo menos 10 anos antes, ou seja, na década de 50 as forças conservadoras já integravam esforços para evitar as reformas de base. Para este entendimento, são emblemáticos os embates travados entre o ex-superintendente da SUDENE - Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste - Celso Furtado, e o sociólogo pernambucano, Gilberto Freyre. O resto é História, mas fica sempre o alerta de que eles estão, a todo tempo, afinando a orquestra. O jornal paulista sugere que já chegou o momento das forças do campo conservador abjurar o clã Bolsonaro. 

Editorial: Novas fraudes no programa "Farmácia Popular".



Uma CPMI sob o controle absoluto da Oposição não podia dá noutra coisa: dores de cabeça para o Governo Lula 3. Segundo levantamento divulgado pela coluna Diário do Poder, já são mais de 300 requerimentos apresentados e os trabalhos, a rigor, só começam na próxima terça-feira, dia 26. A expectativa é grande em torno do assunto. José Ferreira da Silva, Frei Chico, irmão de Lula, já superou até mesmo aquele "careca" que não gosta de ser tratado como "careca". Acompanhamos de perto o trabalho dessas comissões, principalmente pelo aprendizagem que elas possibilitam. Na CPI sobre o MST, por exemplo, tivemos várias aulas sobre a reforma agrária no país, tema de preocupação até mesmo entre os militares que assumiram o poder a partir de 1964. Por ali deu para se ver que alguns problemas estruturais relativos às diversas iniciativas de políticas públicas nesta área não podem ser avaliados apenas pela lente da ideologia. 

O país tem algumas dívidas que nossas elites nunca permitiram que fossem saldadas. A reforma agrária é uma delas. Outro aspecto importante é observar como andam as tecnologias ilícitas usadas por essas quadrilhas no tocante aos desvios dos recursos de nossos impostos. Não faz muito tempo, a Polícia Federal empreendeu uma ação de busca e apreensão no estado da Paraíba, onde foram apontados indícios de fraudes com o Programa Farmácia Popular. Estimou-se à época um rombo superior aos R$ 40 milhões de reais. No caso da Paraíba, o mais curioso era a existência de endereços de farmácias localizadas até em terrenos baldios. Hoje tomamos conhecimento de novas fraudes, desta vez em Minas Gerais, onde, de acordo com as investigações da PF, da Controladoria Geral da União e até de uma auditoria interna do próprio Ministério da Saúde, os gatunos do erário estavam registrando medicamentes "entregues" que não chegavam às mãos dos beneficiários fictícios. 

Fraudes no Brasil nunca foram uma novidade. O país continua sendo um dos mais corruptos do mundo, com ligeiras variações aqui e ali. Neste momento, por exemplo, estamos em alta, com a ascendência desses índices. O que os investigadores devem ficar atentos é sobre o modus operandi dessas quadrilhas, quase sempre muito semelhantes, independentemente do objeto do desvio. As fraudes constatadas na região Norte em relação aos recursos do seguro defeso, por exemplo, é similar ao que ocorreu no INSS e a um programa que o Ministério do Desenvolvimento e Segurança Alimentar mantinha com ONG's que tinham como objetivo o fornecimento de refeições. Algumas dessas ONG's funcionavam em endereços inexistentes e inflacionavam o número de refeições "oferecidas". Uma delas foi descredenciada aqui em Pernambuco. 

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Editorial: Qual o destino de Ciro Gomes?

Crédito da Foto: Thiago Gadelha. 


Numa entrevista onde foi bastante sincero - característica marcante de sua personalidade - o ex-ministro Ciro Gomes argumentou que não mais aspirava disputar nenhuma eleição, sobretudo depois que perdeu em seu próprio estado quando candidato à Presidência da República. Ciro Gomes é um dos grandes quadros políticos que o país possui. Preparado, correto, corajoso e preocupado em ajudar o Brasil. Uma pena que o eleitorado tenha estabelecido uma birra com o cearense, que não o permite ultrapassar a barreira dos 12% do eleitorado,  mesmo com o esforço hercúleo da última campanha presidencial. Nos últimos meses, no entanto, dizem que por influência do dileto amigo Tasso Jereissati, seu nome voltou a ser sondado para retomar a batalha pelo voto, numa articulação, em princípio, para tentar conduzi-lo de volta ao Palácio da Abolição. 

O enredo, em princípio, passaria pelo ninho tucano, o Podemos, quem sabe até com o apoio de bolsonaristas locais. Estaria em jogo uma nova candidatura presidencial? ao Governo do Estado do Ceará? Todas as possibilidade passaram a ser especuladas, sobretudo depois de seu encontro com gente graúda do centrão, quando consolidou-se a Federação União Progressista. Até mesmo uma candidatura a vice numa chapa liderada por Tarcísio de Freitas. Hoje líamos na coluna Diário do Poder, que ele poderia simplesmente ser candidato a deputado federal. Não deixam de ser curiosas essas movimentações, que voltaram a reanimar o político cearense. 

Assim como Pernambuco e a Bahia, o Ceará passa por um momento bastante delicado, com o avanço do crime organizado em diversas microrregiões e até em paraísos ecológicos como Jericoacoara, conforme matéria bem documentada realizada pela BBC. Isso está se tornando um grandiosíssimo problema. Caucaia, onde se localiza a belíssima praia de Cumbuco, tornou-se uma das cidades mais violentas do país. 

Editorial: O rolo compressor da Oposição sobre o Governo


São muitas as emoções, conforme preconiza o cancioneiro popular. Tropas americanas posicionadas no mar do Caribe; novo indiciamento de membros do clã Bolsonaro; pastores evangélicos enfurecidos; Ciro Gomes conversando com Deus e com os Diabos da política; clima de tensão na política pernambucana, depois da instauração de uma CPI para apurar um suposto "Gabinete do Ódio", conforme fizemos referência no dia de ontem. Em meio a esta tormenta, não podemos deixar de registrar por aqui as repercussões da derrota acachapante do Governo Lula 3 na composição da CPMI do INSS. A Oposição, depois de uma situação que já se dava como consolidada a favor do Governo, fez barba, cabelo e bigode, indicando o presidente e o relator dos trabalhos. 

A comemoração foi efusiva, como reflexo das tessituras que foram montadas para reverter uma situação francamente desfavorável à Oposição num primeiro momento, depois que Hugo Motta já havia indicado um relator de sua confiança e, por outro lado, Davi Alcolumbre, Presidente do Senado Federal, já havia construído um acordo, indicando o nome de Omar Aziz para a Presidência da Comissão. O senador Ciro Nogueira(PP-PI) e o deputado federal Sóstenes Cavalcante, líder do PL, não dormiram na noite anterior, articulando o tempo todo, contando os votos um a um e convencendo parlamentares a mudarem de posição. O Governo, literalmente, como admitiu o senador Randolfe Rodrigues, dormiu no ponto ou foi traído, conforme prefere o próprio Omar Aziz. Isso nos fez lembrar de um político pernambucano, Marco Maciel, que, segundo amigos e auxiliares mais próximos, nunca dormia em serviço, principalmente quando estivesse em jogo uma articulação política dessa magnitude. 

O desespero tomou c0nta do governo, por razoes óbvias. O relator, o deputado federal alagoano, Alfredo Gaspar, inclusive, possui uma larga experiência de atuação no judiciário. O rumo dos trabalho será ditado exclusivamente pela Oposição, o que pode produzir grandes desgastes para o Governo Lula 3. Sabe-se que os problemas do INSS envolvem uma teia complexa de agentes públicos e entidades privadas, que agiram em conluio, algo que perpassa as ideologias do governo X ou Y. Trata-se de um problema de corrupção orgânica, estrutural, sendo inútil apontar unicamente este ou aquele governante de turno como o responsável pelas fraudes. Diferentemente da CPI do MST, esta CPMI do INSS tem um potencial de produzir estragos políticos bem mais danosos, conforme já enfatizamos. 

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Editorial: A licenciosidade dos gabinetes do ódio.



Aqui em Pernambuco está sendo instaurada uma CPI para a apuração de eventuais irregularidades existentes entre entes públicos e privados no que concerne à celebração de contratos de publicidade. Vamos deixar as investigações serem concluídas, antes de sairmos responsabilizando ou acusando A ou B sobre isto ou aquilo. O mais estarrecedor, no entanto, é que existe a possibilidade de estarmos lidando, mais uma vez, com os famosos "gabinetes do ódio", ou seja, estruturas montados dentro de órgãos públicos, mantidas com dinheiro público, com o propósito de disseminar mentiras sobre os desafetos deste ou daquele governante de turno. Essa prática abjeta se tornou comum depois que a mentira se tornou uma arma política utilizada para atingir os adversários, fragilizando-os nos embates, através de mecanismos técnicos sofisticados, a exemplo das big techs. 

Usar a mentira como arma política certamente é um expediente antigo, mas hoje ele se reveste de sofisticação, ancorado nas redes sociais, instalados em gabinetes luxuosos, mantidos com verbas poupudas. Quando não se tem nada, usa-se a "criatividade" para atingir os adversários. Em décadas atrás, numa eleição para o Palácio dos Leões, sede do Governo do Maranhão, "plantaram" que um dos candidatos ao Governo do Estado havia cometido um homicídio. Quando ele conseguiu se explicar, esclarecendo que tudo não passava de uma mentira, já havia perdido aquelas eleições. Até hoje existem atores políticos tentando esclarecer o público de que não se tratava de verdade as fake news que se espalharam sobre ele. Talvez seja inútil porque, por motivos até psicológicos, essas mentiras pegam mais do que fisgo de jaca. O ser humano parece se sentir "confortável" em ver o outro na desgraça. Já existe uma série de estudos tratando sobre este assunto, onde se explica porque as fake news são facilmente assimiladas, transformadas em verdades absolutas e incontestáveis. 

É curioso, mas as coisas funcionam mais ou menos assim: uma mentira dita sobre um desafeto, para mim torna-se verdade. Uma verdade, mesmo que desabonadora, dita sobre um amigo, possivelmente é concebida como mentira. Isso se espalhou no país como um rastilho de pólvora, a partir dos maus exemplos dos de cima, como que estimulando as práticas abomináveis dos guardas da esquina na outra ponta. No Brasil, infelizmente, embora essas práticas, em princípio, no início, possam ser  atribuídas à extrema direita, a verdade é que esses gabinetes do ódio se tornaram práticas comuns, independentemente da ideologia. Com esses procedimentos, no país passamos a sofrer de uma patologia institucional perigosa, capaz de produzir danos irreversíveis e irreparáveis aos atingidos. Se espalhou como câncer em estágio de metástase na burocracia pública, algo que não foi corrigido nem em gestões de corte republicano e, em tese, mais sensível aos direitos humanos. Não deve ser por acaso que 2024 foi o ano em que mais ocorreram afastamento de servidores de suas funções em razão de problemas de saúde. Disseminação de fake news e práticas assediadoras, nesses tempos bicudos, foram institucionalizadas. 

Editorial: Governo sofre derrota na composição da CPMI do INSS.


O Instituto Quaest\Genial divulgou no dia de ontem, 19, mais uma notícia boa para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Seus índices de popularidade continuam aumentando. Não faz muito tempo, realizando uma análise mais minuciosa sobre esses números, o cientista político pernambucano, Antônio Lavareda, concluiu que Lula ainda não atingiu os escores confortáveis para tentar uma reeleição. Lula cresce lentamente, como seria previsível num cenário como este, onde as adversidades se avolumam aqui e alhures. É preciso comer o mingua quente pelas beiradas, evitando se queimar. Lula, nordestino autêntico, conhece este adágio popular. 

No ringue interno, duas notícias negativas. A Oposição conseguiu reverter as indicações de Davi Alcolumbre e Hugo Motta para a presidência e relatoria da CPMI do INSS, o que significa, em última análise, uma derrota do Governo, uma vez que o senador Omar Aziz perdeu a presidência. Omar Aziz mantém uma certa independência, mas  sabe-se de sua identificação com o Planalto. O curioso neste caso - e que estava dando muito o que falar - é que tanto o presidente quanto o relator indicados anteriormente, não haviam assinado a petição. O governo, na realidade, sofreu uma dupla derrota. Assim que assumiu o cargo, o senador Carlos Viana, tratou de afastar o nome indicado anteriormente para a relatoria, nomeando o deputado federal Alfredo Gaspar para o cargo. Alfredo Gaspar é do União Brasil de Alagoas. Ambos são nomes de confiança da Oposição. 

Por falar no União Brasil, consolidou-se a Federação União Progressista, integrando este partido e o Progressistas. A tendência natural é oposição e desembarque, algo que produzirá consequências ainda mais preocupantes no tocante à governabilidade, uma vez que estamos falando da maior bancada de senadores e deputados federais. No plano internacional, as tropas do Tio Sam se movimentam perigosamente pela mar do Caribe, a pretexto de combater os carteis de drogas, algo que não convence o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que já colocou de prontidão a sua Guarda Bolivariana. 

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Editorial: Magnistky para mim. Magnistky para você.



A Lei Magnistky foi criada pelo Governo Barack Obama, em homenagem ao advogado dissidente russo Sergey Magnistky, supostamente morto sob tortura, nos porões da democracia iliberal russa. Diante dos últimos impasses políticos envolvendo o Governo Norte-Americano e o Governo Brasileiro, o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, foi certamente o primeiro brasileiro atingido pela medida. Diante do agravamento da situação, sugere-se que outros nomes possam integrar esta lista. Talvez a parte mais visível dos danos produzidos pelos atingidos por esta lei estejam relacionados a uma espécie de asfixia financeira, ou seja, recursos e bens bloqueados, impossibilidade de realizar transações financeiras com instituições bancárias que mantenham alguma relação com empresas dos Estados Unidos, coisas assim. 

No dia de ontem, 18, o Ministro Flávio Dino, determinou que uma lei americana para ter efeito no Brasil necessitaria de uma homologação no país, o que implicaria concluir que empresas brasileiras não podem aplicar tais restrições a cidadãos brasileiros. Trata-se, naturalmente, de uma questão juridicamente polêmica e politicamente com o potencial para ampliar as animosidades entre os dois países, como já se observou, no mesmo dia, através de uma postagem do Departamento de Estado Norte-Americano. A situação preocupa bastante, uma vez que a construção de um consenso mínimo entre os dois países está cada vez mais distante.  

No país vizinho, a Venezuela, o presidente Nikolas Maduro já mobilizou sua tropa de miliciano para defender o país frente a suposta ameaça de tropas americanas concentradas no mar do Caribe. Talvez ainda não haja motivação para tanto, mas trata-se de um bom momento para integrar a nação em torno de sua liderança. Ficamos impressionado mesmo foi com a quantidade de drogas que foram apreendidas por ocasião dessa operação americana no continente. É assustador o volume. 

Editorial: A estranha reaproximação de Lula com os Republicanos.



Uma velha raposa da política mineira dizia sempre que política é como as nuvens. Em determinado momento, elas sugerem algumas figuras agradáveis. Em outros, podem parecer monstros tentando nos devorar. Outra grande lição de política foi deixada pelo ex-governador de Pernambuco, Paulo Guerra, que assegurara que, neste jogo, não existem as palavras "nunca" nem "jamais". Depois das refregas na Câmara dos Deputados, os pronunciamentos do deputado Hugo Motta, presidente daquela Casa, têm demonstrado uma grande sintonia com o Executivo e com o Judiciário. Diante das circunstâncias, sugere-se que Lula tenha lido as sinalizações, traduzida na gratidão manifestada através de um jantar com os parlamentares da legenda. Como não existem refeições grátis, a comanda do jantar foi a PEC da Segurança, que o Governo Lula3 tem todo o interesse em ver aprovada, mas sabe das enormes dificuldades que enfrentará, principalmente junto à Bancada da Bala.  

O estranho neste caso é que estamos tratando aqui do partido do eventual principal oponente do candidato presidencial do Planalto nas eleições presidenciais de 2026, Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo. Entre os postulantes presidenciais da Oposição, embora "verificado" pela Faria Lima, Tarcísio tem sido um dos discretos, possivelmente preocupado em não arranhar sua gratidão e amizade com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que, mesmo com enormes adversidades, ainda não autorizou um nome que possa substitui-lo na disputa. Nos bastidores, sugere-se até que Tarcísio de Freitas possa se desligar do Republicanos e filiar-se ao PL, credenciando-se melhor junto aos dirigentes da legenda e da família Bolsonaro. Está tudo muito confuso neste momento. O PL, por exemplo, estuda o que fazer com Eduardo Bolsonaro. 

Depois da tempestade produzida pelo motim protagonizado pelos bolsonaristas, que ocuparam a sua cadeira e impediram o andamento dos trabalhos na Câmara dos Deputados, Hugo Motta, sem alternativa, submergiu, mas agora anda voltando à superfície aos poucos, ainda sem o fôlego de antes, mas se ajustando à altitude política. Como se sabe, no apogeu da crise, o leme foi praticamente tocado pelo ex-presidente da Casa, o deputado federal alagoano, Arthur Lira. Um ônus político pesado para o jovem político paraibano. 

Charge! Thiago Lucas via Jornal do Commércio.

 


segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Editorial: A candidatura de Zema.

Crédito da Foto: Hyndara Freitas. 


A notícia boa é que, durante evento corporativo, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, apreciou bastante o café produzido na serra da Taquara, em Pernambuco, mais precisamente na cidade de Taquaritinga do Norte, que ainda hoje produz a variedade Typica, a primeira a ser introduzida no país. Segundo dizem, o café arábico produzido na cidade é um dos melhores do Brasil, servido nas melhores casas de degustação da região Sudeste. A notícia ruim é que a corda institucional continua bastante esticada, dividindo Governo e Oposição, de um lado, e até mesmo  Oposição e Oposição, um pouco aturdida em relação ao seu principal líder, Jair Bolsonaro, com poucas chances de viabilizar sua candidatura presidencial, mas ainda crente na capacidade do colega Donald Trump reverter tal situação. 

Até recentemente, um dos membros do clã Bolsonaro se manifestou de forma veemente em relação a essas movimentações de governadores de direita, que dão indicação de que seguem um caminho próprio, diante das adversidades que enfrenta Jair Bolsonaro. Na realidade, Jair Bolsonaro está sendo abandonado. Já temos duas candidaturas confirmadas e duas outras em processo de consolidação. Ontem foi a vez do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, do Novo, confirmar sua pré-candidatura à Presidência da República. A plataforma é o antipetismo, aliada às vulnerabilidades do governo Lula 3, como a crescente onda de violência que assola o país, associada ao crime organizado. 

Ações policiais e crime organizado são duas questão que deixamos de tratar por aqui, mas é preciso apontar para a seriedade desta questão. Alguns estados da federação estão entrando numa fase de colapso, como é o caso da Bahia. Em Pernambuco está em gestação uma espécie de cinturão de insegurança pública na Região Metropolitana do Recife, em cidades como Cabo de Santo Agostinho e São Lourenço da Mata, em razão da presença ostensiva de facções do crime organizado. Segurança Pública é hoje o tema que mais preocupa os brasileiros e, certamente, dominará o debate público sobre as próximas eleições presidenciais. 

domingo, 17 de agosto de 2025

Editorial: De quem é a culpa pelo tarifaço?



O jornal Folha de São Paulo, em sua edição de hoje, 17, traz uma pesquisa bastante interessante acerca da culpa pela imposição do tarifaço do governo dos Estados Unidos sobre os produtos de exportação brasileiros. Em primeiro lugar, é prudente afirmar que, infelizmente, sugere-se que estamos diante de um impasse sem solução. Não se trata de um problema de diálogo, como alguns analistas sugerem. A questão é que o Governo Lula não irá ceder às exigências políticas implícitas nessas medidas, traduzidas na reabilitação política do ex-presidente Jair Bolsonaro. O julgamento do ex-presidente já está marcado para o início do próximo mês e, salvo melhor juízo, a possibilidade de condenação do núcleo crucial da tentativa de golpe de Estado será confirmada. 

Mesmo que o diálogo fosse aberto - sabe-se que o Governo Lula 3 até tentou inúmeras vezes - a proposta seria no campo econômico e não político. A narrativa de que Lula não se esforçou o suficiente é uma narrativa construída e plantada pela oposição. Como estamos vivendo na era das narrativas - da pós-verdade, portanto - uma mentira, quando maliciosamente concebida  e disseminada pelas big techs pode se constituir numa verdade absoluta, incontestável. É neste sentido que esta pesquisa da Folha de São Paulo deve trazer preocupações ao Palácio do Planalto. Afinal, para 35% das pessoas ouvidas, Lula é o culpado pela imposição do tarifaço. Juntos, Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro somam 39%, um escore que, somados, supera o de Lula, mas, isoladamente, o ex-presidente é culpado para 22% dos entrevistados. 

As torcidas organizadas estão se digladiando pelas redes sociais, mas o assunto é muito sério. O Governo Lula 3 mostra uma preocupação crescente me relação a movimentação de tropas americanas no mar do Caribe, sob o argumento de combater os carteis de drogas na região. Como já havíamos previsto por aqui, as conversas entre Donald Trump e Vladimir Putin, com o propósito de encerrar a guerra na Ucrânia, acabaria por trazer uma solução ao conflito com prejuízo para Ucrânia. Tudo estaria ajustado no sentido de a Ucrânia ceder território para a Rússia. Resiliente, o presidente da Ucrânia já declarou que irá concordar com a "solução". 

sábado, 16 de agosto de 2025

Editorial: O julgamento de Jair Bolsonaro está marcado.



Na medida em que se aproxima o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, o governo dos Estados Unidos, através do presidente Donald Trump, parece dobrar a aposta na reabilitação política do ex-presidente. Ontem foi a vez do cancelamento do visto dos familiares do atual Ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Padilha não teria sido atingido porque o seu visto já estaria vencido. Hoje, dia 16, uma notícia da coluna do jornalista Cláudio Humberto, Diário do Poder, sugere que poderia estar em análise uma eventual aplicação da mesma medida em relação ao selecionado brasileiro, o que seria um desastre, uma vez que algumas partidas da Copa do Mundo de Futebol de 2026 serão realizadas nos Estados Unidos. Vivemos para ver os Estados Unidos preocupados com a exploração de trabalhadores pelo mundo, conforme eles alegam que foi esta a razão da punição aplicada à integrantes do Governo Brasileiro. O motivo, na realidade, é a relação do Brasil com um país desafeto, Cuba. A mesma linha de raciocínio se aplica às nossas relações com a China ou com a Rússia. É uma questão de geopolítica. 

Atendendo a um pedido do Ministro Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin já determinou que o julgamento do ex-presidente terá início no próximo dia 2 de setembro. Será uma prova de fogo para as nossas instituições democráticas, principalmente neste clima de ebulição política, onde elas sofrem assédios políticos de toda ordem. No dia de ontem, 15, uma declaração do Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, indica que ele não cederá às enormes pressões para pautar o PL da Anistia. O cabo de guerra continua, traduzido nas bravatas daquele pastor, que anda enfurecido pelos seus perfis nas redes sociais, cuspindo marimbondos pelas narinas. 

O clima nada um pouco tenso no STF. Alguém andou sugerindo que talvez um dos ministros da Suprema Corte possa pedir vistas do processo que julga esta primeira leva de envolvidos na tentativa de golpe de Estado, o que poderia adiar por mais três meses o julgamento do ex-presidente. A hipótese não é de todo improvável. Vamos aguardar o desfecho deste cabo de guerra, uma vez que os bastidores devem estar fervilhando de forças que trabalham contra a aplicação das penalidade legais contra aqueles que tramaram contra as nossas instituições democráticas.