Líamos um conjunto de matérias acerca desta disputa em torno do controle da SUDENE - Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste. Há alguns anos atrás, possivelmente, ter o controle da autarquia não interessava a nenhum ente federado, em razão do seu esvaziamento. No terceiro Governo Lula, por alguma razão, o órgão passou a contar com verbas poupudas para investimentos na região. Há pouco publicamos uma postagem sobre o assunto, onde defendemos a permanência do ex-deputado Danilo Cabral no cargo, mas ainda sob a ótica do excelente trabalho realizado pelo pernambucano na autarquia, capaz de recuperar, inclusive, a mística que a SUDENE representou no contexto das políticas regionais em décadas passadas.
A questão é bem mais complexa, no entanto. Não se trata apenas da eventual não liberação de verbas sobre o trecho da Transnordestina para o Ceará, tampouco diz respeito ao ramal de Pernambuco, ligando-a ao porto de SUAPE, cobrado por Danilo. O Ceará já conta com sua interlocução entre o estado do Piauí e o seu porto de Pecém. É preciso ter uma lupa bastante ampliada para enxergarmos corretamente a questão, que diz respeito, na realidade, a quatro eixos, que transcendem os eixos da Transnordestina: está em jogo o controle sobre os investimentos federais no Nordeste, articulados pelo SUDENE, a exemplo do FNE e FDNE; uma disputa de poder dentro da base governista. De um lado, o governador Elmano de Freitas. Do outro, políticos pernambucanos ligados ao PT e ao PSB; um realinhamento político regional, uma vez que o Ceará objetiva recuperar protagonismo e musculatura política, e, no final, uma projeção para a disputa de 2026.
Trata-se de uma disputa eminentemente política, portanto. Trechos, ramais, liberações de verbas entram aqui apenas como questões pontuais. O Planalto vai precisar de muita habilidade política para, se decidir mesmo pela nomeação de um novo superintendente, não criar arestas com seus apoiadores em Pernambuco e no Ceará. Em tese, nos escaninhos da política, a informação é que as articulações para entregar o comando do órgão ao Ceará teria o apoio do Ministro da Casa Civil, Rui Costa. Um site local informa que o senador Humberto Costa mantém uma permanente linha de comunicação com a Ministra da Articulação, Gleisi Hoffmann, no sentido de manter a autarquia sob o comando de um pernambucano.

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