pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Crônicas do cotidiano: A Brasília amarela de Humberto Costa.
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sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Crônicas do cotidiano: A Brasília amarela de Humberto Costa.




José Luiz Gomes

O senador Humberto Costa sempre foi um ator estratégico para o PT pernambucano. Por mais de uma vez, figuras de proa da legenda - como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu amigo pessoal - fizeram gestões no sentido de contornar algum problema que ele enfrentava no contexto da legenda no Estado. Isso tem uma razão de ser. Nas conversas que mantivemos, ficamos sabendo, por exemplo, que, na década de 80, quando o partido foi fundado, toda cúpula da legenda dependia de uma Brasília Amarela, pertencente ao hoje senador da República. Quando vinha a Pernambuco e desejava visitar os parentes em sua Caetés, era com esse veículo que Lula se arranjava. 

Não sem suportar as quebradeiras constantes, antes de chegar ao destino. Ainda bem que, nesses bares de estrada do interior, dificilmente faltaria uma pinga, um pedaço de rapadura, um capote com cuscuz, um umbu de tira-gosto, culinária com a qual o ex-presidente estava acostumado. O PT enfrentou muitas dificuldades para consolidar-se aqui em Pernambuco. João Roberto Peixe nos relatava que Dona Madalena Arraes costumava dar puxões de orelhas na rapaziada, em reuniões no Palácio do Campo das Princesas, argumentando que eles estariam contribuindo para dividir as forças de esquerda no Estado. 

Esse, aliás, é um perfil que pouca gente conhecia sobre a esposa do ex-governador Miguel Arraes: o de uma esposa envolvida politicamente. Num Estado que ainda preservava as tradições aguerridas, aqui na província se concentravam grandes lideranças políticas de esquerda, de projeção nacional. Isso dificultava, ainda mais, a proposta de criação de um partido com o perfil do Partido dos Trabalhadores. Mesmo assim, aquela turma que, segundo Paulo Rubem nos confidenciou, se reunia no Sindicato das Empregadas Domésticas, decidiram arregaçar as mangas e criar o partido no Estado, o que ocorreu, salvo algum lapso de memória, em meados de julho, 04 meses depois, portanto, da data de fundação do partido em São Paulo, 10 de fevereiro de 1980. 

Em entrevista concedida ao editor do blog, Humberto Costa menciona um fato engraçado. É preciso um monte de assinaturas para a criação de um partido. Estava ele na cidade de Petrolina, Sertão do São Francisco, fazendo campanha para obter o número de assinaturas exigidas pela legislação. Já rouco e bastante cansado, mas firme no discurso de comissões e filiações, isso repetido à exaustão. Filiações, comissões; comissões filiações; filiações, comissões. Havia uma senhora bastante atenta, com a mão no queixo - costume dos nordestinos - acompanhando toda a sua fala. Ao descer do púlpito, a senhora se dirigiu até ele, para adverti-lo: "Essa tal de filiação não precisa porque menino aqui já tem demais, mas essa tal de comissão, se vier é bom, porque a fome aqui é grande". Não preciso informar que ela havia confundido "filiação" com "filhos" e "comissão" com "comida".

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