pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: Em tempos de crise, o descontrole das ações do aparelho de segurança do Estado.
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domingo, 27 de setembro de 2015

Editorial: Em tempos de crise, o descontrole das ações do aparelho de segurança do Estado.




Estamos bastante preocupado com os rumos dos acontecimentos no país. Crescem as atitudes de arbítrio e intolerância, algumas delas com o concurso do próprio aparelho de Estado. No Rio de Janeiro, por exemplo, vem ocorrendo uma espécie de criminalização da pobreza. Os negros pobres da periferia estão proibidos de frequentarem as praias dos bacanas. Rio de Janeiro e Pernambuco, aliás, se tornaram fulcro de nossas preocupações quando o assunto é violência. Durante as chamadas "Jornadas de Junho' esses dois Estados se notabilizaram pelos "excessos" no enfrentamento das manifestações de rua. Desde então, passamos a monitorar o que ocorre em termos de violência nesses Estados. 

Na semana passada, a leniência - quiçá conivência fosse o termo mais adequado - proporcionou cenas de barbárie, quando jovens da classe média passaram a agredir adolescentes negros que se dirigiam às praias cariocas. As ações da polícia carioca simplesmente interditam esse acesso, numa atitude que fere os direitos constitucionais do cidadão, inclusive no que concerne à presunção do ilícito, algo, definitivamente, incorporado às ações da polícia do Estado do Rio de Janeiro. 

Ontem, uma declaração de um comandante da Polícia Militar do Estado do Ceará, reproduzida pelo jornal O Povo, foi, no mínimo, muito infeliz. Que a população civil pode contribuir para evitar os altos índices de violência é algo admissível e até salutar, uma vez, neste caso, todos os agentes sociais devem estar envolvidos. O problema foi sua infeliz declaração sobre esse pedido de "ajuda", numa espécie de salvo conduto para os "justiçamentos". Vocês podem imaginar as consequências disso? Por falar em justiçamentos, eles continuam ocorrendo em todo o Brasil, assim como atos violentos movidos por preconceitos, atingindo, sobremaneira, os estratos populacionais não blindados, a exemplo de negros, gays, prostitutas e similares. Ainda ontem duas jovens dadas como desaparecidas, no Estado do Pará, foram encontradas mortas, com requintes de crueldades. Ambas mantinham uma relação homoafetiva. 

O pior é que, diante da crise de financiamento do Estado, não se vislumbra soluções para o problema a curto prazo. O Estado de Pernambuco é um bom exemplo disso. Uma polícia judiciária desaparelhada; com seus membros desmotivados; com carência de quadros; sem perspectivas de recomposição do seu efetivo - em razão da inviabilidade de novos concursos - e com os salários bastante defasados. Mas esse quadro não é privilégio do nosso Estado. Com menor ou maior agravante, isso se repete em todo o país. Enquanto isso, eles batem cabeça, adotando medidas punitivas radicais a quem se insurge contra esses desmandos, como ocorreu recentemente com o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado de PE.   

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