Tive a súbita honra de receber, nesta manhã, em minha residência,
um jovem e simpático oficial de Justiça convidando-me para uma audiência
na 7a Vara da Justiça Criminal de Pernambuco, com o Excelentíssimo
Senhor Governador do Estado, o sr. Paulo Henrique Saraiva Câmara. O
lacônico e singelo documento, assinado por uma servidor da Justiça
chamado Elisan da Silva Francisco, não menciona o assunto. Apenas
marca a hora, o dia e o lugar do encontro. E uma advertência "em se
tratando da parte, o não comparecimento da mesma implica ma presunção de
culpa perante os fatos contra ela alegados (art.343,ss1o e 2o do CPC).
Deve
ser um privilégio do cargo (não só a celeridade do rito de inculpação),
mas o poder de convocar uma pessoa a "prestar depoimento pessoal", sob
assunto não mencionado, sob pena da presunção confessada dos fatos
contra si alegados. Que fatos? Que denúncias? Que crimes? - Onde fica a
presunção de inocência? O devido processo legal? O direito do
contraditório....quando o litigante é o governador do Estado? porque
Vossa Excelência não teve a gentileza de declinar as razões de tão
honroso convite? - Teria sido, por acaso, pela publicação no blog do
Jamildo de um pedido de explicação sobre as denúncias da Polícia
Federal de superfaturamento e favorecimento a uma empresa construtora,
por ocasião da contratação das obras da Arena Pernambuco, na operação
Fair Play? Gostaria de dizer que não fui denunciado pela PF nessa
operação. Não tenho ligações com a Construtora Odebrecht, não fui
beneficiado pelo favoritismo da "concorrência". Não sou servidor público
estadual e nem tenho negócios com o Estado. SOU PROFESSOR TITULAR DA
UFPE, e não moro na Várzea.
Na breve
convivência com a "entourage" do ex-governador, seja nas reuniões de Boa
Viagem, seja em sua mansão do Sítio dos Pintos, ou na Pousada de
Olinda, não tive o prazer de conhecer o digno mandatário.Tive sim com o
prefeito Geraldo Júlio, na Assembleia Legislativa. Para mim, é
frustrante ser convidado por ele, sem saber exatamente de que se trata.
Candidamente, o portador do convite perguntou se era proibido fazer
crítica às autoridades públicas em nosso Estado. Ou se o Estado tinha
dono. Pura inocência, a dele!
Um mandatário popular ( prefeito, governador, presidente)
recebe uma autorização pelo voto para tomar decisões políticas e
administrativas, respeitando os comandos constitucionais e as demais
leis do país e do Estado. Ele, portanto, deve satisfação aos seus
representados. Não pode prometer uma coisa e fazer outra. Ou seja, um
auditor de contas, transformado em secretário da fazenda e eleito
governador, não pode simplesmente alegar o desconhecimento de fatos
graves, como o "rombo" de 8.000.000.000 nas contas estaduais, atender às
exigências de pagamento da Arena Pernambuco (40.000.000) e dizer que
não tem dinheiro para a educação, a saúde, a segurança pública, o
esgotamento sanitário, o poder judiciário etc.
E colocar a culpa no Governo Federal ou no ajuste fiscal ou na lei de responsabilidade fiscal
ou na crise mundial ou seja lá no que for. É como se praticasse um
estelionato eleitoral para com os eleitores, aproveitando a comoção
pública pela morte do seu patrono político. Como dizia o outro, quem não
tem competência, não se estabelece. O que não dá é para o povo de
Pernambuco aguentar as consequências desse descalabro administrativo,
pela eleição de um gestor que pressupunha um chefe ou um comandante que
desapareceu. E agora José? Para onde?
Aqueles que confiaram o seu voto e mesmo os que não
confiaram o seu ao atual governador do Estado têm todo o direito de
saber o que aconteceu com as contas públicas de Pernambuco e qual a
relação da política e dos políticos pernambucanos com as denúncias
publicizadas com a delação premiada dos réus da Operação Lava jato, da
construção da Refinaria Abreu e Lima e, agora, da Arena Pernambuco.
É sobre esses assuntos que o governador que conversar?
Leia também o possível artigo gerador da polêmica
FAIR PLAY
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MUITO BEM COLOCADO PROFESSOR MICHEL ZAIDAN!
ResponderExcluirJuridicamente muito bem posto todos os termos da sua insatisfação enquanto cidadão. Me coloco a sua inteira disposição como advogado ficando assim absolutamente solidário consigo.
WALKER LIMA