Creio que muita gente conhece a história de formação do Partido dos Trabalhadores, na década de 80. O partido unia correntes do chamado "novo sindicalismo", remanescentes de grupos que lutaram contra a ditadura militar, setores progressistas da Igreja Católica, intelectuais de esquerda, movimentos sociais. A fundação do PT e a composição desses grupos suscitaram muito interesse acadêmico. Várias teses e dissertações foram produzidas sobre o assunto, a esmagadora maioria apontando a "novidade política" do partido no contexto do sistema partidário brasileiro.
Aqui e ali, algumas ponderações críticas, no contexto da própria academia, como os trabalhos do sociólogo Ricardo Antunes, da UNICAMP, apontando que setores da "classe média tradicional" tiveram um papel importante na construção do PT, diluindo a tese de um "partido dos trabalhadores". Vá la que seja. Vale como ponderação. Com o intuito de emprestar maior credibilidade ao pedido de impeachment da presidente Dilma, assinado pelo professor Hélio Bicudo, a imprensa está alardeando que o cidadão foi um ex-fundador do PT.
Na academia, o PT foi nossa "cachaça". Estudamos o partido desde a sua certidão de nascimento. Tivemos a curiosidade de observar as assinaturas da histórica reunião do dia 10 de fevereiro de 1980, no Colégio Sion. Estavam lá as assinaturas de Paul Singer, Mário Pedrosa, Sérgio Buarque de Hollanda, Paulo Freire, Raul Pont, Paulo Skromov. Não encontrei a assinatura do senhor que atende pelo nome de Hélio Bicudo.
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