O Partido da Causa Operária ainda se coloca como um partido ideologicamente orientado, situado ali no escopo da extrema-esquerda. Continua mantendo suas desconfianças em termos do processo de institucionalização, imposto pela democracia burguesa, embora dele participe, apesar de ainda não ter eleito representantes no plano nacional. Se o antropólogo Gilbert Durand estivesse entre nós, diria que se trata apenas de uma questão de tempo para o partido integrar a bacia semântica. O fato é que já faz algum tempo que o partido continua mantendo sua linha radical de atuação, formalmente constituído como partido, mas atuando numa linha tênue, que beira a clandestinidade.
Com o seu presidente Rui Pimenta não tem meios termos ou posturas diplomáticas. Enquanto o Governo enfrenta grandes dificuldades por se mostrar reticente em condenar os ataques ou classificar o grupo Hamas como um grupo terrorista, o PCO já se declarou 1000% Hamas. Não ter rabo preso com a Oposição ou com o Governo, encontrar-se livre das amarras institucionais -o partido não tem represetante no parlamento - ajuda a legenda a manter esse posicionamento mais claro sobre grandes temas. Um desprendimento que ajuda a se posicionar nessas ocasiões.
Segundo algumas matérias dos grandes jornais, no dia de hoje, 15, a Oposição afina a pena nas convocações de membros do Governo para se pronunciarem sobre os comunicados dúbios emitidos sobre o conflito no Oriente Médio. Pesa contra o PT o fato de alguns integrantes da legenda declararem abertamente suas simpatias pela Causa Palestina, que é bastante diferente de apoiar atos terroristas, mas a Oposição dá sempre um jeitinho de distorcer os fatos. Afinal, eles são especialistas nisso. Que especialistas em disseminar fake news procedam dessa forma até se entende. O pavoroso é observar que setores da imprensa embarcarem nas narrativas em defesa de práticas genocidas, apontando massacres de seres humanos como efeitos colaterais ou "danos", "relativisando" essas atrocidades. Se cometidas pelo Hamas, um crime hediondo. Se cometidas pelo Estado Judeu, "dano". Isso não é jornalismo, mas canalhice.
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