pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: 16 de agosto, um dia decisivo para a democracia. Que democracia?
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domingo, 16 de agosto de 2015

Editorial: 16 de agosto, um dia decisivo para a democracia. Que democracia?


Hoje, 16 de agosto, será um dia decisivo para a democracia. Certamente, em razão de uma série de fatores - alguns deles tratados aqui pelo blog - as mobilizações contra o Governo Dilma serão esvaziadas. Para esvaziar essas manobras, a presidente Dilma Rousseff cedeu a todas as pressões da oposição, desconfigurando completamente o seu Governo. Não haverá golpe, mas também não haverá o Governo de Coalizão Petista, que se caracterizou por implementar um conjunto de políticas públicas de corte inclusivo, responsável por diminuir o fosso que separa o andar de cima do andar de baixo da sociedade brasileira. Nunca se avançou tanto neste país em termos de conquistas sociais. 


Em última análise, as investidas contra este governo e o PT tiveram origem exatamente na dificuldade de nossas elites em aceitarem, com naturalidade, a necessidade de construirmos um país mais "horizontalizado", menos hierarquizado, mais justos, mais integrado. Nossa elite gosta mesmo é de preservar suas demarcações sociais. Se afirmam na diferença. Infelizmente, não há solução para o Brasil. Mesmo as concessões ao andar de baixo obtidas nos últimos governos, segundo o professor Wanderley Guilherme dos Santos, foram possíveis apenas num cenário de permissividades e "descuidos" com a condução da coisa pública, o que resultou nos escândalos que vocês acompanham todos os dias nos jornais e nas redes sociais. Isso quando a imprensa escrita resolve publicá-los, já que alguns atores políticos estão rigorosamente blindados.

Aqui em Pernambuco, por exemplo, as notícias sobre o mega esquema de corrupção na construção da Arena Pernambuco, batizado pelo Polícia Federal de Operação Fair Play, contou apenas com algumas notinhas pontuais, no interior dos cadernos de economia. Dilma agora deverá fazer o governo que eles desejam, tutelada pelo mercado e seus asseclas. A Agenda Positiva apresentada pelo presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, é um bom exemplo disso. É a cartilha dos banqueiros, dos latifundiários, da bancada ruralista, dos planos de saúde, concebida sob medida para "emparedar" a presidente Dilma Rousseff. É neste sentido que as mobilizações de rua que devemos ficar atentos é a do dia 20 de agosto. Para conhecermos o tamanho da erosão do capital político do PT - e da doutora Dilma Rousseff - junto às suas tradicionais base de sustentação política. Aliás, a rigor, nem precisa esperar para o dia 20. O capital político da presidente Dilma Rousseff, chegou aos níveis mais baixos da história recente do país.

O que está em jogo, parece ser mesmo a defesa da "democracia", do respeito às regras do jogo, do Estado Democrático de Direito, onde Dilma, circunstancialmente, representa essa "legalidade". Não haverá golpe. É certo. Mas também não haverá um governo orientado pelas conquistas sociais obtidas pela sociedade brasileira nos últimos anos. Os que vão às ruas no próximo dia 20 de agosto deverão deixar isso bem claro para a presidente Dilma Rousseff. Ainda bem que, urdidos nas lutas sociais, eles continuarão defendendo o Estado Democrático de Direito. Sabem o que representa uma ruptura institucional.

Ontem, o Jornal Nacional, da Rede Globo, tratou apenas anpassant sobre as manifestações do dia de hoje. Não haverá golpe porque, em tese, ele já foi dado. Uma espécie de golpe branco, profundamente lesivo ao interesse do trabalho, em favor do capital, como se observa no conjunto de medidas anunciadas, que mexeram com o seguro desemprego, com o abono salarial, com o PIS, com a aposentadoria, com o SUS, com o rigor na preservação do uso das terras indígenas demarcadas etc. A esquizofrenia é tão clara que, ainda na sexta-feira, ali na Praça do Parnamirim, aqui no Recife, quando nos dirigíamos à Fundação Joaquim Nabuco, observei uma faixa onde os "coxinhas" convocavam a população para o "Impeachment de Dilma" exatamente em torno dessa agenda que atingiu os direitos dos trabalhadores e de outros segmentos sociais mais fragilizados. Vejam que contradição... ou manipulação grosseira.

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