pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Zizek: O aumento do uso da violência no exercício do poder político
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terça-feira, 18 de agosto de 2015

Zizek: O aumento do uso da violência no exercício do poder político



Penso que era o Alvin Toffler que tinha o hábito de encher a sua sala com recortes de jornais e, depois de observá-los, indicar as possíveis tendências de mudança do comportamento das pessoas em sociedade, traduzidas por ele com o nome sugestivo de "ondas". Mesmo com a advento das redes sociais, salvo algum engano, ele permaneceu com esse comportamento. Não necessariamente entrou nessa "onda". Zizek, sem dúvida é o filósofo marxista mais festejado da atualidade. Dentro e fora do circuito acadêmico. Ao apagar das luzes das grandes manifestações que ocorreram no Brasil, as chamadas Jornadas de Junho, o filósofo esloveno fez uma observação que passamos a ficar atento sobre o seu desdobramento desde então. 

Ele chamou a atenção para o recrudescimento do uso da força no exercício do poder político. Recolhendo dados sobre segurança pública em alguns Estado da Federação, vejo com tristeza, por exemplo, os enormes gastos para manter as forças de ocupação militar nas favelas cariocas e de São Paulo. Um gasto muito superior aos investimentos sociais, o que, na realidade, evidencia a enorme ineficácia na manutenção dessas UPPs. O termos mais correto a ser aplicado aqui é mesmo "ocupação militar", com as suas graves consequências, como o uso do arbítrio, dos desaparecimentos de moradores, do uso de tortura e coisas afins. A propalada "presença do Estado" não passou desse estágio, mesmo com os enormes apelos dos especialistas, que sempre advogaram a ampliação dessas medidas, no sentido de enfrentar os problemas de educação, saúde, saneamento, mobilidade, lazer. 

O grande geógrafo Milton Santos costumava afirmar que a grande satisfação de um intelectual era saber que as suas teses estavam se confirmando. A julgar pelo que ocorreu ainda naquelas jornadas, sobretudo em Estados como Pernambuco e Rio de Janeiro, o Zizek tinha lá suas razões. Mais recentemente, mesmo que pontualmente, temos observado algumas situações que corroboram, também, com esta tese do filósofo, como a que ocorreu no Estado do Paraná, onde o governador tucano, Beto Richa, reprimiu com violência a greve dos professores daquele Estado. E isso parece não ser uma tendência marcada pela "ideologia", posto que o governador "comunista" do Maranhão, Flávio Dino, também caprichou no cassetete ao reprimir, com violência, movimentos sociais que reivindicavam a demarcações das terras e mais escolas. 

Nos últimos meses, observamos uma escalada da violência em alguns Estados. Bahia, Pernambuco, Maranhão, Paraíba, acompanhamos mais de perto. É preciso tomar alguns cuidados com esses números, tipificando, inclusive as modalidades de delito que, de fato, estão com os índices em alta. Por exemplo, Bahia e Maranhão tem registrado muitos assaltos a coletivos. Um outro fator que nos impõe cautela são as chacinas, que causam grandes comoções, mas que, na apuração fria dos índices, por vezes, não informam mudanças muito significativas. 

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